Exposição Brasil – 120 Anos de República
Câmara rememora 120 anos de República No dia 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República em nosso país. Em comemoração, a Câmara prepara a exposição Brasil – 120 Anos de República, para rememorar essa nova forma de governo, em substituição à monarquia imperial. Os painéis estiveram abertos à visitação no período de 21 de novembro a 6 de dezembro de 2009, no Salão Negro do Congresso Nacional. A abertura oficial foi no dia 24 de novembro, às 11 horas. Posteriormente a exposição tornou-se itinerante e esteve aberta à visitação no Centro de Atividades SESC-Ceilândia, no período de 7 de dezembro de 2009 a 25 de fevereiro de 2010.
Realizada pelo Centro de Documentação e Informação, por meio da equipe do Museu da Câmara, a exposição mostrou que o 15 de novembro não surgiu apenas da espada de Deodoro da Fonseca. Décadas de propaganda republicana e abolicionista impulsionaram a formação do espaço público no país, em um movimento que, das escolas e academias, ganhou as ruas e clamou pela construção de uma sociedade moderna – em algumas visões, igualitária –, culminando com o abandono do regime monárquico e a adoção do republicano. Por essa via o Brasil também se aproximou da realidade política da maioria dos países da América.
Além de resgatar o movimento republicano, a mostra destacou textos e imagens sobre o confronto entre ideias e realidade, na chegada dos republicanos ao poder, e outros painéis, que indicaram como prosseguem vivos aqueles ideais na sociedade brasileira.
Responderam pela curadoria da exposição os consultores legislativos Márcio Nuno Rabat e Ana Luiza Backes e a estagiária de História/UnB Marina Thomé Bezzi. O Centro de Documentação e Informação teve o apoio da Diretoria-Geral, Consultoria Legislativa, SECOM, DETEC, DEPOL, Coordenação de Relações Públicas e Espaço Cultural Zumbi dos Palmares para viabilizar o projeto do Museu da Câmara.
As dezenas de painéis foram agrupadas em três temas: I – o movimento republicano e o desenvolvimento de um espaço público, com 13 painéis; II – a primeira república brasileira: confronto e consolidação, com 11 painéis; III – o ideal republicano na história: um caminho contraditório, com 6 painéis.
Pertenceram ao primeiro tema os painéis que destacaram a força do movimento republicano que antecede a Proclamação, influenciado por doutrinas evolucionistas e positivistas. No segundo, textos e imagens trataram dos atos que instituíram o novo regime, dos conflitos da primeira década republicana, dos traços oligárquicos que se consolidaram. No terceiro conjunto, imagens sintetizaram a evolução posterior dos ideais republicanos, destacando alguns momentos marcantes desse percurso contraditório, como a Revolução de 1930, o Regime Militar pós-1964 e a Constituinte de 1987/1988.
Foi valorizada a riqueza do acervo sob a guarda da Câmara dos Deputados, em que figuram obras raras, documentos, livros e jornais da época. Destacaram-se cópias de quadros, fotos, gravuras, desenhos, charges, panfletos, páginas de projetos de lei, capas de revistas, jornais e de livros, associando uma legenda explicativa a cada uma.
Os assuntos foram variados, como a Escola Militar, a Convenção de Itu, a Revolução Federalista e ainda personagens de nossa história, como José do Patrocínio, Lauro Sodré e Silva Jardim. Apareceram registrados o escândalo da saia-calça, as evoluções urbanísticas e a curiosa oração getulista.
Os textos da exposição igualmente foram bem ilustrativos das conquistas e dos percalços republicanos no Brasil. A seguir, dois exemplos, ambos sobre participação social. O primeiro estava no painel Positivismo e Evolucionismo, anterior à República; e o segundo encerrou a mostra, constando de seu último painel:
"A intensidade com que o povo emergiu na esfera pública e a consolidação institucional do novo regime na Carta de 1988 não resolveram, é óbvio, as contradições que marcam o desenvolvimento de um projeto efetivamente republicano no Brasil. Mas abriu-se, por certo, um período cheio de promessas e expectativas, no qual estamos todos envolvidos e cujo desfecho dependerá do que fizermos daqui para a frente."
"A força das teorias evolucionistas, como as de Auguste Comte e Herbert Spencer, indicava o desejo de mudança, de evolução para um nível mais elevado de organização social. O positivismo, uma das correntes de ideias mais populares, disseminava-se em sociedades e apostolados, que, pelo país inteiro, promoviam debates e publicações, difundindo as ideias de Comte".