Um convênio assinado entre a Câmara dos Deputados e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em dezembro, permitiu a contratação de alunos da instituição em Brasília, que já estão trabalhando na conservação dos livros do acervo do Centro de Documentação e Informação. O acordo faz parte de um programa de reestruturação do Museu da Câmara, que inclui desde a restauração de livros e documentos raros até a digitalização e microfilmagem de todo o arquivo de documentos e manutenção das obras.

“Os desiguais precisam ser igualados. É necessário minimizar as barreiras e dar-lhes condições de cidadão”, disse o primeiro-secretário da Câmara, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), durante a assinatura do convênio, em 3 de dezembro. “O trabalho deles promove a inclusão do deficiente que tem maior dificuldade de inserção”, elogiou na ocasião o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), presidente da Federação Nacional das Apaes.

Limpeza - Os alunos da Apae atuam, em dois turnos, nos setores de limpeza de livros e microfilmagem e foram treinados pela Universidade de Brasília para realizar o trabalho em bibliotecas. A limpeza de livros é feita página a página, com pincéis grossos e finos, para detalhes. De acordo com o diretor da Coordenação de Bens Culturais, José Humberto de Almeida, essa limpeza aumenta a vida dos livros antes que eles precisem de restauração e libera a equipe para os exemplares que precisam de trabalho mais especializado.

A instrutora da Apae Graci Vitoria, que acompanha a jornada dos alunos, conta que um deles, Edson Carlos Soares da Silva, de 35 anos, fica tão interessado no conteúdo dos livros que muitas vezes “se perde na leitura e esquece um pouco do trabalho”. Ele define a atividade como “uma das mais interessantes que já desempenhou”. Juliana Segal Ramos, 31 anos, diz que “toda a família ficou feliz” com seu novo emprego.

Para André Luis Dantas Fávero, de 27 anos, o mais interessante nas novas funções é o trabalho de “trinchar” – limpar as páginas dos livros com o pincel mais grosso. Para os funcionários do Museu que trabalham com os alunos, a experiência tem sido de convivência prazerosa. A equipe toda passou por um processo de sensibilização para receber os novos colegas, e o resultado tem sido bem avaliado.

Memória do Brasil 

A Câmara possui hoje quase um milhão de manuscritos que contam a História do Brasil no período de 1823 a 1945. No Centro de Documentação, há também documentos microfilmados, 4,3 mil obras raras, além de periódicos e livros. Com o programa de reestruturação dos serviços de conservação, o Museu pode atualizar e ampliar o trabalho de conservação, assim como incrementar os projetos ligados ao acervo pictórico.

Entre 31 novos profissionais, foi contratada também uma museóloga, cuja função será criar um novo plano museológico para a Câmara.

Os restauradores vão se dedicar à preservação de documentos e também das obras de arte e objetos históricos espalhados pela Casa. O acervo conta com 316 pinturas; 56 esculturas; 38 gravuras; 14 fotografias; 24 tapetes; 29 condecorações e moedas; 143 objetos de decoração; 142 peças de mobiliário; e 73 itens relativos a máquinas e equipamentos.

Vania Alves