UnB apresenta duas notas técnicas em parceria com Observatório Nacional da Mulher na Política

Primeiras pesquisas são resultado de parceria desenvolvida com pesquisadores do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (IPOL/UnB).
11/10/2022 16h45

O Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), órgão vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, apresenta duas notas técnicas como resultado de parceria desenvolvida com o Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (IPOL/UnB) e seus pesquisadores associados. A primeira, aborda uma “Análise comparada do perfil das candidaturas: 2014, 2018 e 2022”. A nota traz um panorama das candidaturas para a Câmara dos Deputados e Assembleias Estaduais nas eleições de 2022, além de dados de eleições passadas (2014 e 2018), para efeito comparativo. Trata, também, das condições de disputa eleitoral para mulheres a partir da dimensão territorial, analisando quais unidades da Federação apresentaram proporcionalmente mais candidaturas femininas.

Outro ponto de análise é a distribuição das candidaturas por partidos políticos e o perfil das candidaturas, compilando dados de faixa etária, nível de instrução e conjugalidade. Por fim, o estudo se debruça sobre dados de ocupação profissional das candidatas e candidatos, indicando as categorias profissionais que têm tido mais acesso às candidaturas. Um ponto de destaque do estudo é sobre as regiões do País com maior número de candidaturas, justamente aquelas que apresentam o menor Indíce de Desenvolvimento Humano (IDH). Segundo os pesquisadores, uma das explicações possíveis para este fenômeno é que “regiões onde há menor competitividade estariam mais abertas à entrada de candidaturas que acumularam menor quantidade de capital político, abrindo a possibilidade de mulheres se posicionarem com maior frequência na disputa eleitoral”.

A nota aponta, ainda, "reconhecer que partidos pequenos, como PC do B, PCB e PSTU (em 2014), PCO e PMB (em 2018) e PC do B e UP (em 2022), foram mais abertos à apresentação de candidaturas mais diversas para a Câmara dos Deputados ajuda a compreender as dificuldades de entrada no campo político. É central para a compreensão das desigualdades políticas considerar que os partidos não são todos iguais e variam quanto à sua capacidade organizativa, tanto na apresentação de candidaturas como na habilidade de angariar recursos financeiros e organizativos suficientes para viabilizar a eleição de postulantes", diz trecho da nota. 

Assinam este estudo os pesquisadores da UnB Dr. Breno Cypriano, Prof. Dr. Carlos Machado, Profª Drª Danusa Marques e Profª Drª Flávia Biroli (coordenadora); Profª Drª Marlise Matos e Profª Drª Viviane Gonçalves Freitas, ambas da UFMG; e Dr. Pedro Paulo de Assis (UFSCar).  

Violência política - A segunda nota técnica aborda “A Lei nº 14.192/2021 e o estado da arte dos dados sobre violência política contra a mulher no Brasil”. O estudo, assinado pela Profa. Drª . Marlise Matos, da UFMG, com coordenação da Profª Drª Flávia Biroli, da UnB, apresenta os antecedentes histórico-políticos que culminaram na aprovação das leis 14.192/2021 e 14.197/2021 que inserem, respectivamente, no Código Eleitoral, o crime de violência política contra a mulher; e, no Código Penal, a conduta genérica de violência política entre os crimes contra o Estado Democrático de Direito. Também faz um debate teórico-conceitual ao assinalar como diferentes normativas internacionais abordam o tema. No estudo os pesquisadores tecem, ainda, críticas e comentários à legislação aprovada no Brasil, apontando suas lacunas, pontos passíveis de aperfeiçoamento e mudanças.

Entre os pontos de destaque, a nota aponta como um dos principais desafios ao enfrentamento da violência política contra a mulher no Brasil a existência de inúmeras “portas de entrada” para as denúncias, o que impossibilita um diagnóstico preciso sobre a ocorrência deste crime na atualidade, mesmo após um ano da vigência da legislação sobre o tema, além de dificultar a realização de estudos que, em última instância, levariam a um aperfeiçoamento nas medidas de enfrentamento às práticas de violência política no Brasil. A nota ressalta: “Se fosse possível se identificar e conhecer tais características, haveria como agir de um modo mais eficiente, em um curto espaço de tempo e mobilizando poucos recursos, sobre as dinâmicas imediatamente geradoras do fenômeno (...) que desejamos evitar ou conter.”  

Sobre a questão das dificuldades de se compilar dados sobre denúncias de violência política contra mulheres, distribuídos entre os diferentes canais, a Secretaria da Mulher lançou recentemente um projeto piloto que irá  monitorar dados a serem enviados pelos órgãos que recebem as denúncias.

 

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11/10/2022 - Ascom - Secretaria da Mulher