Coruja-orelhuda - A Câmara é o Bicho
A coruja-orelhuda, também conhecida como coruja-gato (Pseudoscops (=rhinoptynx) clamator) não é facilmente vista nos arredores da Câmara, devido à sua raridade e aos seus hábitos noturnos. Foi identificada na Casa pela primeira vez na véspera do natal do ano de 2005 e desde então sua presença foi percebida poucas vezes nos arredores da Casa.
No dia oito de setembro deste ano, funcionários da Seção de Manutenção de Jardins (Semaj) localizaram e resgataram um “filhotão” da espécie, com cerca de 30 dias de vida, no Complexo Avançado da Câmara. Levada para o Viveiro de Plantas, localizado no mesmo complexo, a ave demostrou docilidade e se deixou fotografar pousada nos braços dos seus encantados salvadores. Na madrugada seguinte, recuperada, alçou voo e procurou abrigo nas árvores próximas, onde continua a ter a sua presença acompanhada pelos funcionários da Casa.
Pedro Carneiro, biólogo, fotógrafo e policial legislativo, vem estudando desde 2004 as aves da Câmara, onde já identificou mais de 180 espécies, pertencentes a 37 famílias. Ele orientou pessoalmente os jardineiros sobre como lidar com o animal encontrado, de modo a proteger a sua integridade, propiciar que sua mãe o localizasse para alimentá-lo e permitir o seu voo, no momento em que o animal se sentisse pronto.
Carneiro conta que a Câmara também é frequentada por outras espécies de coruja, como a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), a coruja-caburé (Glaucidium brasilianum), a coruja-preta (Ciccaba bubula), a coruja-branca (Tyto alba), a coruja-comum-do-mato (Megascops choliba) e o mocho-diabo (Asio stygius). Esta última muitas vezes é confundida com a coruja-orelhuda, por possuir características físicas semelhantes. Algumas destas espécies podem ser avistadas em todas as áreas verdes da Casa. “Mas a orelhuda até hoje só foi vista no Complexo Avançado, na Residência Oficial e no Setor de Obras, que fica próximo ao Anexo IV”, diz o biólogo.
Características
A coruja-orelhuda atinge até 37 cm de comprimento e possui dois longos penachos na cabeça, confundidos com orelhas, de onde vem seu nome comum. Seu proeminente disco facial, branco margeado de negro, tem a importante função de ajudar a amplificar os sons que chegam até a ave, ajudando-a a localizar suas presas.
Este pássaro vive toda a América Central e do Sul, exceto as áreas florestais amazônicas. Habita bosques, bordas de matas e cidades bem arborizadas. Tem hábitos noturnos, tornando-se ativo ao entardecer. Durante o dia, permanece oculto nas árvores.
Sua vocalização soa como uma sequencia prolongada de “áut-áut-áut”. Possui campo visual limitado, o que compensa virando a cabeça em até 270º. Alimenta-se de roedores, répteis, gambás, morcegos, insetos grandes e anfíbios.
Faz ninho no chão ou em ocos de árvores. A fêmea põe de dois a quatro ovos, embora em geral só um filhote sobreviva, e permanece no ninho chocando por aproximadamente 33 dias, praticamente sem se ausentar, sendo alimentada pelo macho durante o período de incubação.
A coruja-orelhuda costuma ser presa de aves de rapina maiores e é ameaçada pela caça predatória, destruição do habitat, atropelamentos na estrada e por linhas de pipas que se enrolam em seu corpo, podendo causar invalidez permanente ou morte, especialmente quando revestidas de cerol.
Ficha do bicho:
Nome comum: coruja-orelhua, coruja-gato
Nome científico: Pseudoscops (=rhinoptynx) clamator
Primeira descrição: Bubo clamator - Vieillot - 1807 - Localidade: Cayene
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Strigiformes
Família: Strigidae
Peso: de 335 a 385 gramas
Tamanho: até 37 cm
Alimentação: roedores, répteis, gambás, morcegos, insetos grandes e anfíbios
Habitat: bosques, bordas de matas e cidades bem arborizadas de toda a América Central e do Sul, exceto as áreas florestais amazônicas
Na Câmara: no Complexo Avançado, Residência Oficial e Setor de Obras