Quero-quero – A Câmara é o Bicho
Até mesmo os humanos, como fazendeiros e industriais, muitas vezes usufruem da “guarda” exercida pelo quero-quero, embora às vezes ela também possa ser incômoda. É comum que jogadores de futebol tenham que se esquivar deste pássaro, que frequentemente escolhe os gramados dos estádios como local de moradia.
O Vanellus chilensis, nome científico do quero-quero, também é conhecido como tetéu, téu-téu, terém-terém e espanta-boiada e pode ser encontrado em toda América do Sul e Central. A maioria dos nomes comuns da espécie são onomatopéias do seu canto. Alimenta-se de sementes, artrópodes, moluscos, insetos e peixes. Para pescar, usa técnica semelhante à das garças: agita a lama com as patas para provocar a fuga de suas presas.
Sua cor predominante é o cinza-claro, com detalhes pretos na cabeça, peito e cauda. A barriga é branca e a asa tem penas verde-metálicas. A cabeça é enfeitada por um penacho, enquanto as pernas e o bico são vermelhos. Na dobra de cada asa, possui um esporão ósseo de cerca de um centímetro de comprimento, usado para desencorajar rivais da mesma espécie e predadores. O macho é menor do que a fêmea.
As fêmeas colocam de três a quatro ovos em uma cavidade no solo. O quero-quero defende então seu ninho com valentia ou passando-se por um animal ferido, atraindo os predadores para longe do local. Seus ovos são manchados, de modo a serem confundidos com o solo, e têm o formato de pêra ou pião, o que faz com que não rolem lateralmente, mas sim sobre seu próprio eixo.
Na Câmara
Na Câmara dos Deputados, o quero-quero é comum nas áreas verdes do Complexo Principal e da Residência Oficial, assim como no Parque Bosque dos Constituintes. Seus filhotes já causaram alguns acidentes entre veículos, ao cruzarem as pistas automotivas.
Devido à presença de predadores, como aves de rapina, não tem havido sobreviventes entre os filhotes nascidos em locais próximos ao Complexo Principal. Já no Bosque dos Constituintes, três chegaram à idade adulta em dois anos de observação.
Folclore
O quero-quero aparece com frequência no floclore brasileiro em histórias, poemas, cantigas e tradições. Foi sagrada ave-símbolo do Estado do Rio Grande do Sul, pela Lei 7418, de 1º de dezembro de 1980.
Rui Barbosa o incluiu em um famoso discurso de 1914, quando citou a “figura imperatória do quero-quero, o chantecler dos potreiros. Este pássaro curioso, a que a natureza concedeu o penacho da garça real, o vôo do corvo e a laringe do gato, tem o dom de encher os descampados e sangas das macegas e canhadas com o grito estrídulo, rechinante, profundo, onde o gaúcho descobriu a fidelíssima onomatopéia que o batiza”.
Uma lenda conta que quando a Sagrada família fugiu do Rei Herodes, muitas vezes precisou se esconder no campo. Em uma dessas ocasiões, Nossa Senhora pediu a todos os bichos que fizessem silêncio, para não chamar a atenção dos soldados. Todos acataram o pedido, menos o quero-quero, que queria muito cantar e repetia: “Quero! Quero! Quero!”. Nossa Senhora lançou então sobre ele um encanto e a ave ficou ‘querendo’ para sempre.
Ficha do Bicho
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Ciconiformes
Família: Charadridae
Subfamília: Charadriinae
Nome científico: Vanellus chilensis
Nome popular: quero-quero, te-téu, espanta-boiada, te-téu-da-savana, sentinela-dos-pampas
Na Câmara: na áreas verde do Complexo Principal e da Residência Oficial; no Parque Bosque dos Constituintes