Campanha Sustentabilidade na Mudança de Legislatura supera meta

A campanha Sustentabilidade na Mudança de Legislatura (Sumuleg), realizada na Câmara dos Deputados entre outubro de 2010 e fevereiro de 2011, teve adesão de 92% dos gabinetes parlamentares, contra os 30% estabelecidos em meta. O objetivo da iniciativa era fornecer informações sobre o descarte adequado de material de gabinete, combatendo o desperdício e contribuindo para a conscientização ambiental do secretariado parlamentar.
08/02/2011 19h20

Durante o período da campanha, integrantes do Programa de Voluntariado Ambiental da Câmara (Ecocamaradas) visitaram os gabinetes para conversar com os secretários parlamentares e entregar folhetos explicativos sobre os procedimentos para a correta destinação do material de expediente descartado ou o reaproveitamento do que já foi utilizado e das sobras de produtos novos. Os voluntários deram ênfase às medidas queSumuleg 2 devem ser adotadas durante a reorganização, ocupação e desocupação dos gabinetes, fornecendo dicas de como ser ambientalmente sustentável nos gabinetes parlamentares.

As visitas foram realizadas pelos Ecocamaradas em parceria com a Coordenação de Administração de Edifícios (Caedi), o Departamento de Apoio Parlamentar (Deapa) e a Coordenação de Almoxarifados (Coalm), do Departamento de Material e Patrimônio (Demap).

Repensando processos

Após as visitas, os responsáveis pelos gabinetes entraram em contato em número recorde com o Escritório Verde, do Comitê de Gestão Socioambiental da Câmara (EcoCâmara), para recolhimento do material, realizado com apoio dos funcionários da limpeza e de encarregados. A equipe do Escritório e os Ecocamaradas procederam, então, uma triagem detalhada, com contagem dos objetos doados, classificação e separação, para encaminhamento a destinos diversos.

A campanha já havia sido realizada na mudança de legislatura anterior, há quatro anos. Mas esta edição contou com preparação, mobilização, estrutura e divulgação aperfeiçoadas, o que, junto a uma maior consciência ambiental dos servidores, explica os números alcançados. Foram recolhidos objetos diversos, com destaque para livros e revistas (40.138 exemplares) e para envelopes (219.086).
Sumuleg 2A assessora técnica do EcoCâmara, Jacimara Machado, diz que os números alcançados pelo Sumuleg, no entanto, devem  ser reduzidos nas próximas campanhas, pelo aprimoramento nos procedimentos de solicitação e uso de material. “O objetivo do projeto não é só recolher objetos, mas, principalmente, conscientizar as pessoas sobre desperdício, levá-las a repensar processos, usar as cotas de material com parcimônia e criar consciência ambiental”, afirmou Jacimara.

Ela ressalta, ainda, que os dados obtidos na campanha permitirão a otimização de rotinas de divulgação de informações, visando a economia de papel. “Vamos fornecer para a Casa subsídios para tornar ambientalmente correta a sua gestão de conhecimento, além de fazer com que os gabinetes tenham uma postura cada vez mais sustentável na requisição e utilização do material”, explicou.

Destinação

Depois da triagem, os objetos recolhidos receberam diferentes destinos, de acordo com sua utilidade e com o benefício socioambiental que seriam capazes de gerar.  Envelopes e etiquetas novos, assim como algumas publicações, foram encaminhados ao almoxarifado da própria Câmara, para redistribuição interna. Papéis impressos de apenas um lado passaram por limpeza e separação para confecção de blocos de rascunho. Materiais recicláveis que não podiam ser reutilizados diretamente foram doados à Cortrap, cooperativa de catadores que mantém convênio com a Casa.

 Livros em bom estado foram doados a servidores e visitantes, em uma iniciativa Sumuleg 3denominada “Pegue seu livro”, realizada nas dependências do Escritório Verde e em um estande montado na entrada do Auditório Nereu Ramos, no Anexo II da Casa, durante a 11ª Conferência das Cidades, evento organizado pela Comissão de Desenvolvimento Urbano.

Segundo Adsan Jacqueline, servidora lotada no Escritório Verde e responsável pelo projeto Sumuleg, a ação de Sumuleg 3distribuição de livros usados foi um grande sucesso, pois ajudou a divulgar as iniciativas socioambientais da Câmara junto a um público tomador de decisões de todo o País. “Muitos dos presentes não só pegaram seus livros, mas também pediram para visitar o Escritório Verde, a fim de conhecer melhor o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo EcoCâmara. Alguns pediram informações detalhadas, de modo a  implantar projetos semelhantes nas assembleias legislativas e câmaras de vereadores de seus estados e cidades de origem”, conta Jacqueline.

Várias prefeituras, instituições de ensino e projetos sociais também receberam livros descartados, que, de outro modo, poderiam ter acabado em depósitos de lixo. Um dos beneficiados foi o projeto “Padarias Espirituais”, que há 15 anos monta bibliotecas  comunitárias de acervo público no interior do Brasil.

A iniciativa, que começou na região do Cariri (CE), já conseguiu formar 15 bibliotecas e Sumuleg 4está montando mais 25 em vários estados brasileiros, além de repassar publicações doadas para outras cem bibliotecas. Eumano Rodrigues, responsável pelo projeto, agradece os mais de 2 mil livros que recebeu da Câmara e conta que todos os resultados já alcançados devem-se a doações e voluntariado, o que os torna ainda mais gratificantes. “Se deixarmos, passamos pela terra sem deixar nada”, lembra ele.

Intercâmbio e voluntariado

A servidora Jacqueline também chama a atenção para o caráter de intercâmbio e aprendizado do projeto: “Tivemos a oportunidade não só de esclarecer várias dúvidas Sumuleg 5quanto ao uso racional dos recursos à disposição do secretariado, mas também de  trocar experiências e coletar sugestões de boas práticas para a Casa, pois vários parlamentares prezam pela economia de materiais e já doam livros e revistas excedentes para instituições em seus estados de origem”.

Paulo Henrique Silva, coordenador do programa de voluntariado EcoCamaradas e da área temática Educação Ambiental, do Ecocâmara, lembrou a importância do trabalho dos voluntários. “Foi uma oportunidade de todos ‘colocarmos a mão na massa’, em um projeto que surgiu em uma oficina oferecida pelo EcoCâmara aos ecocamaradas, e de mostrarmos que estamos realmente engajados nas causas ambientais”, afirmou, enquanto ajudava a desmontar publicações que não podiam ser reaproveitadas diretamente, para encaminhamento de suas partes (capa dura, espirais, papel de diferentes gramaturas, entre outras) a destinos diversos, de acordo com as possibilidades de reutilização e reciclagem.