Pesquisa revela que violência política contra mulheres aumentou entre 2020 e 2024
Levantamento feito a partir de notícias publicadas no País pela equipe do projeto De Olho nas Urnas revelou aumento no número casos noticiados de violência política de gênero no período eleitoral de 2024, em comparação ao mesmo período do ano de 2020.
O relatório publicado na página do projeto no último dia 10 faz parte da segunda etapa da pesquisa, dedicada a analisar as eleições municipais de 2024. O estudo foi realizado em parceria com o Observatório Nacional da Mulher na Política e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, sob a liderança de Giovana Perlin, pesquisadora do Mestrado Profissional em Poder Legislativo da Câmara.
Redução no mês eleitoral
Entre agosto e outubro de 2024, as pesquisadoras e pesquisadores do De Olho nas Urnas analisaram notícias veiculadas sobre violência política de gênero. O exato mês da eleição de 2024 mostrou – se comparado ao exato mês da eleição de 2020 – uma redução nas notícias de violência política contra candidatas. Em 2020, o mês eleitoral registrou 52 notícias de violência política contra mulheres no pleito; enquanto em 2024 foram 26 ocorrências.
No entanto, a despeito desta redução pontual no mês do pleito, quando analisadas as matérias jornalísticas dos três meses que antecedem a disputa, houve um aumento de casos noticiados em 2024, se comparado com 2020, conforme mostra o Gráfico 1.
Gráfico 1 - Total de notícias X mês
No mês das convenções partidárias, foram 13 notícias de violência política em 2020 contra 28 em 2024. Já no mês imediatamente anterior às eleições municipais, foram 50 ocorrências noticiadas de violência política contra as candidatas em 2024, enquanto em 2020 haviam sido apenas 29 casos. A pesquisa sugere que o aumento pode estar relacionado ao maior número de denúncias, por parte da imprensa e no que se refere à aplicação da Lei 14.192/2021, que tornou crime a violência política de gênero.
Uma hipótese, de acordo com as pesquisadoras, é que as campanhas de denúncia e conscientização, promovidas por candidatas e partidos, são eficazes para tornar a violência política de gênero mais visível como um problema coletivo para a democracia brasileira. E, portanto, uma situação que merece ser noticiada pelos veículos de mídia.
Principais vítimas e tipos de violência
As notícias mostram candidatas à prefeitura como as principais vítimas de violência, seguidas das vereadoras. O tipo de violência mais comum foi a psicológica e/ou simbólica.
No mês de outubro de 2024, por exemplo, ameaças, fraudes e violências contra apoiadores ou familiares figuraram como os subtipos mais frequentes. Nesse período, foram noticiadas duas tentativas de feminicídio, um estupro e uma agressão física.
Gráfico 2: Tipos de violência
A equipe de pesquisa também observou que candidatas de diferentes espectros políticos foram igualmente atingidas, o que reforça que a violência política de gênero transcende divisões partidárias e ideológicas.
Ainda que o período eleitoral seja um momento decisivo para a democracia e, para as mulheres que ingressam na política, é também o período em que os desafios e as desigualdades na política se tornam ainda mais evidentes e agudas.
Quer saber mais? Acesse a página completa com os dados da segunda etapa da pesquisa De Olho nas Urnas aqui.