O começo dos trabalhos legislativos na semana que passou trouxe visitantes interessadas em conhecer a estrutura e o funcionamento do Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP) e a trocar experiências de pesquisa e boas práticas de gestão na temática de gênero e política.

As atividades do ONMP foram apresentadas à pesquisadora da Universidade Técnica de Munique, da Alemanha, Luise Koch, que desenvolve estudos sobre o impacto e prevalência da violência e do discurso de ódio online no Brasil, na Alemanha e na Índia. Por sua vez, Luise mostrou à equipe do ONMP dados de pesquisa recente mostrando as limitações das ferramentas de inteligência artificial disponíveis para a detecção do discurso misógino nas mídias sociais.

Segundo a pesquisadora alemã, a equipe da Escola de Ciências Sociais e Tecnologia que realiza a pesquisa com ela precisou desenvolver uma ferramenta própria para conseguir analisar o panorama dos ataques realizados em língua portuguesa. Os dados de 2024 mostram que 70% dos entrevistados para a pesquisa, que incluiu homens e mulheres em cargos eletivos, disseram ter sofrido ataques online no mês anterior à pesquisa, 75% deles relatando impactos negativos em sua saúde mental.

Além disso, a pesquisa "Tecnologia e Violência de Gênero Facilitada Online contra Mulheres Politicamente Ativas", que compara dados do Brasil, Índia e Alemanha, comprovou que as mulheres que sofreram ataques na plataforma X tuítaram menos na semana seguinte, um efeito importante sobre o sistema político e a liberdade de expressão delas, portanto.

Observatório Mineiro

Também visitaram o ONMP na última quinta-feira (06/02) as pesquisadoras Marina Alves Amorim e Maria Clara de Mendonça Maia, do Observatório Interseccional de Gênero de Minas Gerais (Observa Minas). Com objetivo de produzir análises, gerar conhecimento e divulgar informações científicas com foco em gênero, considerando interseccionalidades como raça, classe e sexualidade em todo o estado de Minas Gerais, o Observa Minas é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, por meio da Subsecretaria de Política dos Direitos das Mulheres, e a Fundação João Pinheiro (FJP), por meio do Grupo de Pesquisa Estado, Gênero e Diversidade (Egedi).

 Equipe do ONMP com as representantes do Observa Minas.

Estruturado no ano passado, o observatório mineiro conta com a expertise das pesquisadoras do Egedi e também do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (NEPEM), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além da publicação de análises técnicas sobre políticas públicas (policy brief), o Observa Minas sistematiza os indicadores públicos sobre a violência contra a mulher no Estado.

Durante a reunião com a equipe do ONMP, além da troca de informações sobre as práticas realizadas nos dois observatórios, as pesquisadoras enfatizaram a necessidade de articulação entre as diferentes instituições públicas que produzem dados sobre a temática de gênero para que as pesquisas reverberem no trabalho político de gestores e atores políticos.

Fonte: Ascom SecMulher