ONMP publica mais uma nota técnica com resultados de pesquisa em parceria com a UnB

A nota técnica intitulada “Trajetórias eleitorais e chances de eleição: somos todos iguais?” é a terceira a ser publicada na página do Observatório como resultado de parceria para pesquisa com o IPOL/UnB
26/12/2022 08h15

O Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), órgão vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, disponibiliza ao público mais uma nota técnica como resultado de parceria desenvolvida com o Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (IPOL/UnB) para projeto de pesquisa que conta com o trabalho de pesquisadoras/es associadas/os a diferentes instituições de ensino e pesquisa do país. A nota técnica intitulada “Trajetórias eleitorais e chances de eleição: somos todos iguais?” é a terceira a ser publicada no âmbito da  Pesquisa Gênero e Raça nas Eleições de 2022. A autoria do estudo é de Clara Araújo (UERJ), Lucas Okado (UFPa), Marcus Chevitarese (Câmara dos Deputados) e Karolyne Romero (UERJ).

A nota, elaborada com dados extraídos na última semana antes do primeiro turno das eleições de 2022, tem como objetivo apresentar os possíveis impactos da legislação eleitoral aprovada nos últimos anos sobre as candidaturas de mulheres e de pessoas negras. Para tanto, foi feita uma análise comparativa entre as candidaturas para cargos legislativos nas três últimas eleições gerais (2014, 2018 e 2022), mais especificamente para o cargo de deputado federal, demonstrando como o “capital político eleitoral” se distribuiu nessas candidaturas.

Além disso, o estudo também analisa a distribuição segundo o perfil ideológico dos partidos, classificados nas três vertentes básicas: Direita, Centro e Esquerda; bem como as chances de sucesso para o cargo de deputado federal nas eleições de 2014 e de 2018, segundo esses perfis eleitorais. 

Na pesquisa, é possível notar que, quando os números são analisados sob a ótica dos grandes perfis ideológicos, não há uma uniformidade no tipo de investimento via trajetórias eleitorais entre os partidos, ao menos no âmbito das candidaturas. Por exemplo, os dados mostram que a Esquerda apresenta uma média global maior de candidaturas para a Câmara dos Deputados que os outros espectros ideológicos, se considerados os pleitos entre 2014 e 2022. No entanto, se analisada somente a eleição de 2022, o percentual de candidatas à Direita pleiteando uma vaga na Câmara dos Deputados aparece significativamente maior que o da Esquerda e mais que o dobro que o total de candidaturas apresentadas pelo Centro.

O estudo aponta também que o tipo de capital político (considerado aqui o capital político eleitoral que o candidato detém na forma de cargo eletivo) faz diferença nas suas chances de eleição. Mantendo-se tudo igual, possuir ou não possuir cargo eletivo faz diferença. E quanto mais elevado for esse cargo, maior a chance de sucesso. Por outro lado, esse fator pode operar como reforço à inércia de poder, no sentido da tendência de os partidos manterem aqueles indivíduos já testados eleitoralmente de fora da elite. Como as mulheres historicamente tiveram menos acesso, tenderão a ter essas chances menores do que os homens.

A análise conclui, com base nos dados disponíveis até o momento da sua elaboração, pela existência de impactos decorrentes da legislação eleitoral para os objetivos e demandas apresentados há décadas por setores que estão fora da elite política e lutam para ter acesso a esse espaço. Embora os resultados ainda sejam tímidos, mais mulheres e negros, assim como indígenas, estão entrando na arena política para disputar representação.

Para acessar a íntegra da Nota Técnica e todo o restante do material relativo à pesquisa realizada em parceria com a UnB clique aqui.