Observatório Nacional da Mulher na Política aponta necessidade de partidos promoverem candidaturas femininas
Foto: Will Shutter - Câmara dos Deputados
Flávia Birolli, pesquisadora da UnB associada ao Observatório
Um estudo fruto de parceria entre o Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, e o Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) mostra que é importante atuar junto aos partidos para que eles internalizem a necessidade de promover candidaturas femininas.
A legislação já exige um mínimo de 30% de candidaturas femininas desde 1997, mas esse percentual só foi alcançado em 2014. O motivo é que os partidos interpretavam que precisavam apenas reservar os 30% e não preencher, o que foi corrigido depois.
Essa interpretação desfavorável, segundo a professora de Ciência Política da UnB Flávia Biroli, revela a predominância masculina nos partidos políticos. “Historicamente, eles tiveram ampla maioria masculina no controle dos recursos e na ocupação dos espaços, cargos eletivos e não eletivos inclusive", afirmou.
Para ela, partidos políticos são espaços difíceis para as mulheres. Outro exemplo do desprestígio dos partidos em relação às mulheres, segundo a professora, é a baixa indicação delas para as chefias de secretarias municipais e estaduais. Esses postos poderiam alavancar candidaturas mais à frente. Hoje, apenas 13% das prefeituras são ocupadas por mulheres. “Se os partidos não indicam mulheres, isso significa que se subtrai delas a possibilidade de ter esse elo na construção das carreiras políticas”.
Recursos - Apesar da necessidade de avanços, o estudo afirma que as candidaturas femininas à Câmara dos Deputados passaram de 29% em 2014 para 32% em 2018 e 35% em 2022. No caso das mulheres negras, passou de 3% em 2014 para 6% este ano. Mas nas eleições de 2018 para deputado federal, em média, as mulheres receberam R$ 95 mil de financiamento por candidata contra R$ 142 mil para cada homem.
Flávia Biroli informou, portanto, que um dos pontos de estudo neste ano será a observância da destinação de pelo menos 30% dos recursos para as candidaturas femininas, o que foi decidido pela Justiça e ratificado pelo Congresso na Emenda Constitucional 117. A pesquisadora lembra que as mulheres são 45% dos filiados a partidos. Ou seja, elas têm interesse na política.
Estudos em Parcerias - “Perfis de gênero nas eleições: idade, conjugalidade e escolaridade” é o tema do terceiro artigo da série “Estudos em Parcerias”, divulgada pelo Observatório em colaboração com o Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (IPOL-UnB). O artigo tem autoria das pesquisadoras Flávia Biroli, Marlise Matos e Breno Cypriano. Para acessar, clique aqui.
O segundo estudo, divulgado em 29 de agosto, tratou sobre o tema “O que está em jogo nas eleições 2022: gênero e raça”. Teve autoria de Carlos Machado, Danusa Marques e Flávia Biroli (todos da UnB) e pode ser acessado aqui.
Já o primeiro artigo, de autoria dos pesquisadores Carlos Machado (UnB) e Viviane Gonçalves Freitas (UFMG), com o título “Financiamento público para mulheres e negros nas eleições 2022”, foi publicado em 19 de agosto e pode ser conferido neste link. Para ler a íntegra de todos os artigos publicados, acesse a área de Estudos em Parcerias do Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP).
Ouça entrevista pela Rádio Câmara.
Ascom - Com informações da Agência Câmara de Notícias