Árvore do Mês – Palmeira Imperial
A partir desta edição, o “Boletim do EcoCâmara” lança uma nova seção: a “Árvore do Mês”. Surgida de uma sugestão do leitor Jairo Luis Brod, a coluna vai trazer informações e curiosidades sobre as árvores que ajudam a tornar agradável e embelezar o ambiente das áreas sob a responsabilidade da Câmara dos Deputados, pelas quais muitas vezes passamos diariamente, sem nada saber de sua história, características e utilidades. Para inaugurar a coluna, a escolhida foi a Palmeira Imperial – espécie encontrada na área entre a Câmara e a Praça dos Três poderes.
Antes mesmo da publicação de sua primeira edição, a coluna já rendeu frutos: ao fazer a pesquisa para a matéria, nossa equipe descobriu que o conjunto de palmeiras que ornamenta a Câmara era previsto desde os primeiros esboços do urbanista Lúcio Costa para a nova Capital. Assim, surgiu a idéia de chamar atenção para o fato com uma placa, descerrada pelo presidente da Casa, deputado Michel Temer, durante as comemorações dos 50 anos da transferência do Poder Legislativo para Brasília (clique aqui para ver a matéria).
Sobre as palmeiras imperiais
A Palmeira Imperial, de nome científico Roystonea oleracea (Jacq.) O.F. Cook, é uma árvore cuja história em nosso território se confunde com o próprio surgimento da nação, ainda no período conhecido como Brasil Colônia, e cuja presença próxima ao Congresso Nacional foi prevista desde os primeiros esboços da nova capital.
Os desenhos iniciais feitos para Brasília por Lúcio Costa já incluíam a aléia hoje existente, identificada como “Fórum de Palmeiras Imperiais”, seguindo uma sugestão que lhe havia sido feita muitos anos antes, em 1936, pelo arquiteto francês Le Corbusier. Plantado em 1960, o conjunto de 60 árvores foi replantado em 1974 e, em 2004, recebeu iluminação especial, em projeto realizado pela Companhia Energética de Brasília (CEB).
Uma das palmeiras, a maior e mais vistosa do conjunto, é considerada a palmeira matriz, utilizada pelo Departamento de Parques e Jardins (DPJ) do GDF para a coleta de sementes. Medido recentemente, o exemplar tem 17,10 metros de altura, tronco de 80 centímetros de diâmetro e copa com quatro metros de raio.
A espécie é natural da região que engloba o Caribe, o norte da Venezuela e o nordeste da Colômbia, e o primeiro exemplar a chegar ao Brasil teve no acaso um forte aliado. Em 1809, o comerciante português e capitão de fragata Luis de Abreu Vieira e Silva teve o navio naufragado durante uma batalha com as tropas de francesas de Napoleão Bonaparte, em Goa, na Índia. Feito prisioneiro, no que então era conhecido como “Ilha de França”, atualmente Ilhas Maurício, aproveitou-se da relativa liberdade que era concedida aos oficiais portugueses para visitar o jardim botânico local, o Jardim La Pamplemousse, onde utilizou seus dotes de comerciante para negociar mudas de plantas que julgava que poderiam ter valor comercial.
Entre elas, encontrava-se um exemplar da nossa palmeira. Ainda no mesmo ano, ao ter sua liberdade negociada e refugiar-se no Brasil da guerra que devastava a Europa, presenteou a pequena árvore ao príncipe regente D. João, que diz-se tê-la plantado pessoalmente no Real Horto, hoje Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A espécie passou então a ser conhecida como Palmeira Real ou, com maior frequencia, Palmeira Imperial.
Em 1829, a palmeira plantada pelo regente, que já despertava atenção por sua exuberância, floresceu e frutificou pela primeira vez. O então diretor do jardim, Bernardo de Serpa Brandão, buscando ter o monopólio da espécie, ordenou que todas as sementes fossem queimadas. No entanto, os escravos levantavam-se à noite, escalavam o enorme tronco da árvore, colhiam-nas e as vendiam por bom preço, dada a identificação da espécie com ideais de nobreza e distinção, na intenção de juntar dinheiro suficiente para a compra de suas respectivas cartas de alforria. Além das sementes vendidas clandestinamente, colaborou também para a difusão da palmeira o hábito de a realeza oferecê-la aos súditos mais fiéis, como símbolo de lealdade.
Deste modo, o exemplar plantado por D. João VI foi responsável pela disseminação da Palmeira Imperial por todo o país, razão pela qual ficou conhecido como “Palma Mater”. A árvore resistiu até 1972, quando foi fulminada por um raio, aos 163 anos de idade. Seu tronco, que já alcançava 38,70 metros, foi preservado e encontra-se em exposição no Museu Botânico, no Rio de Janeiro. Das sementes da Palma Mater foi produzido um novo exemplar, a Palma Filia, hoje plantada no mesmo lugar.
Ficha da árvore
Nome científico: Roystonea oleracea (Jacq.) O.F. Cook
Nomes populares: Palmeira Imperial, Palmeira Real
Presença na Câmara dos Deputados: entre a Câmara e a Praça dos Três Poderes
Domínio: Eukaryota
Reino: Plantae
Superdivisão: Spermatophyta
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Arecaceae
Gênero: Roystonea
Distribuição: Caribe, norte da Venezuela e nordeste da Colômbia
Características: palmeira solitária, robusta, provida de palmito de mais de dois metros de comprimento, atingindo entre 18 a 40 metros de altura, com estipe colunar liso, de cor esbranquiçada. Folhas pinadas, atingindo de 2 a 4 metros de comprimento, com pinas dísticas. Inflorescências dispostas abaixo do palmito, bráctea peduncular de cerca de um metro e meio de comprimento. Frutos cilíndrico-alongados, arroxeados.