Violência contra mulheres na pandemia abre campanha Agosto Lilás na Câmara

Em continuidade à programação do “Agosto Lilás“, mês de conscientização sobre o enfrentamento à violência contra mulheres, a Secretaria da Mulher debateu na sexta-feira (06/08) o tema “O aumento da violência contra a mulher na pandemia“. O debate foi coordenado pela deputada Maria Rosas (Republicanos-SP), 1ª Procuradora Adjunta da Mulher na Câmara.
09/08/2021 11h30

Foto Gustavo Sales -Câmara dos Deputados

Violência contra mulheres na pandemia abre campanha Agosto Lilás na Câmara

Deputada Maria Rosas coordena debate sobre violência contra mulheres na pandemia

Dois painéis de debates promovidos pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados abriram a campanha “Agosto Lilás“ de conscientização sobre o enfrentamento à violência contra mulheres na sexta-feira (06/08). De manhã, juntamente com a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, o tema foi “O Poder Judiciário no enfrentamento da violência contra as mulheres“ e, à tarde, o debate foi centrado no tema O aumento da violência contra a mulher na pandemia“. As atividades marcam, ainda,  a celebração dos 15 anos da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), considerada legislação de referência em todo o mundo no combate a esse tipo de violência.

No painel sobre o aumento da violência contra as mulheres durante a pandemia foi registrado que uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de agressão durante o isolamento social, seja verbal, sexual ou física. Ao todo, são 17 milhões de mulheres agredidas entre junho de 2020 e maio de 2021, ou 24,4% do total. Os dados são de pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A diretora executiva do Fórum, Samira Bueno, destacou, entre outros pontos, que as consequências econômicas da pandemia podem ter agravado a violência contra as mulheres, uma vez que o desemprego e a falta de recursos financeiros podem ter levado muitas a optar por continuarem vivendo com seus agressores.

Samira Bueno também apontou efeitos futuros dessa violência que, acredita, ainda embasarão outros debates. “Desses 17 milhões de mulheres que sofreram violência, 60% tinham filhos. A gente não tem ainda muita clareza de qual é o impacto, qual o efeito da violência doméstica intrafamiliar na vida de crianças, que é algo que a gente ainda não consegue mensurar, em especial com as escolas fechadas por conta da pandemia, com todas as recomendações sanitárias”, afirmou.

Falta de recursos - Segundo a gerente de inovação da organização Think Olga, Amanda Kamanchek, os recursos gastos pelo governo para combater a violência doméstica não são suficientes. “A gente fez um levantamento do Orçamento dos últimos dez anos, para comparar e entender como agora, em 2021, foi trabalhado o financiamento da proteção às mulheres durante a pandemia. O que vimos foi uma disponibilidade de R$ 120 milhões para agir em relação ao que estava acontecendo, isso sem contar os auxílios de emergência que surgiram durante a Covid. E o gasto foi de R$ 35 milhões, ou seja, o que foi realmente gasto foi um valor muito baixo”, alertou.

Saúde mental - Amanda Kamanchek cobrou mais investimentos na saúde mental das vítimas, em medidas preventivas e em políticas para as populações mais vulneráveis à violência doméstica, como mulheres negras.

A deputada Maria Rosas (Republicanos-SP), 1ª procuradora-adjunta da Mulher na Câmara, que coordenou o painel, anunciou um programa para a saúde mental das mulheres em São Paulo. “Tivemos uma reunião com o Hospital das Clínicas de São Paulo, do setor de Psiquiatria, e vamos fazer um programa piloto, por cinco anos, com recursos de emendas parlamentares. Eles vão entrar com a mão de obra, que são os profissionais e nós vamos atender essas mulheres. A previsão é que sejam atendidas 6 mil mulheres no setor de psiquiatria”, disse a deputada. “A violência doméstica e sexual afeta o psicológico dessas mulheres. Tendo essa pesquisa, temos como trabalhar políticas públicas”, explicou.

Canais de denúncias - A secretária nacional de Políticas para Mulheres, Cristiane Britto, ressaltou que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos investiu na ampliação dos canais de denúncias. “Nós lançamos um aplicativo chamado Direitos Humanos Brasil, que passou a receber, on-line, denúncias de violência contra a mulher, contra a pessoa idosa e contra crianças. Nós também lançamos o nosso Ligue 180, que é um canal que funciona 24 horas por dia, através dos aplicativos Telegram e do Whatsapp. E aqui eu gostaria de aproveitar para divulgar o número do nosso Whatsapp, que muita gente não conhece: é o 61 99656-5008.” Segundo Cristiane Britto, a denúncia também pode ser feita por terceiros, com anonimato garantido.

Lei Maria da Penha - No mês de agosto, a Lei Maria da Penha, marco na luta contra a violência doméstica no País, completa 15 anos. A mulher que inspirou a lei, Maria da Penha, fundadora e presidente vitalícia do instituto que leva seu nome, enviou um vídeo ao evento, em que, apesar de celebrar os avanços no combate à violência, cobra novas medidas. Por exemplo, segundo Maria da Penha, “não é possível deixar de mencionar a aplicabilidade desconhecida [da lei] no interior do País”.

Entre as medidas cobradas por ela estão a criação de centros de referência da mulher dentro dos centros de saúde; e a formulação de políticas públicas voltadas aos órfãos da violência doméstica.

 

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 Fonte: Agência Câmara de Notícias