Debatedores criticam alta informalidade em sessão de homenagem aos empregados domésticos

Solenidade foi solicitada pela deputada Benedita da Silva, que relatou a PEC das Domésticas em 2013. Representante da ONU lembrou que 92% das pessoas que fazem trabalho doméstico são mulheres e 62% são negras.
03/05/2023 17h15

Fotos: Pablo Valadares - Câmara dos Deputados

Debatedores criticam alta informalidade em sessão de homenagem aos empregados domésticos

Lideranças das empregadas domésticas participaram da sessão solene

Participantes de sessão solene em homenagem ao Dia das Trabalhadoras Domésticas, celebrado em 27 de abril, lembraram que a emenda constitucional que deu direitos trabalhistas aos empregados domésticos completou dez anos no mês passado. Eles alertaram, no entanto, para o alto índice de informalidade na profissão.

Para Bob Everson Machado, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, é necessário que o governo invista em melhorar a fiscalização das condições trabalhistas dos domésticos, por meio da contratação de mais auditores fiscais.

Segundo Vanessa Gomes Sampaio, representante da ONU Mulheres no Brasil, é essencial falar sobre gênero e raça, já que 92% das pessoas que fazem trabalho doméstico são mulheres e 62% são negras.

“É uma categoria que ainda sofre bastante com a informalidade, sofre com baixa remuneração, sofre desafios como situações de trabalho análogo à escravidão, que foram intensificados no contexto da pandemia e pós pandemia”.

Resistência - A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que relatou em 2013 a PEC 66/2012, conhecida como PEC das Domésticas, foi quem solicitou a solenidade. Para ela, é uma sessão de reconhecimento da resistência, principalmente das mulheres. Já a ministra Cida Gonçalves disse que o Ministério das Mulheres vai discutir formas de valorização das trabalhadoras domésticas.

Benedita da Silva, autora do pedido de sessão solene e relatora da PEC das Domésticas em 2013

A presidente de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creuza Maria Oliveira, celebrou a PEC e os 80 anos de movimento sindical das domésticas. “A gente chega como escravas e hoje nós dizemos: somos cidadãs, queremos direitos. Estamos tendo avanços, mas demorou. Há 20 anos, a gente não podia pensar numa auditoria no local de trabalho”, disse.

Trabalho escravo - Representante da OAB na sessão solene, Josefina Serra dos Santos deu o seu relato pessoal. A advogada maranhense quis, por meio de sua fala, representar todas as mulheres negras quilombolas, como a sua mãe e sua avó, que trabalharam com atividade doméstica.

“Eu comecei escravizada com 5 anos de idade, passei mais de 16 anos trabalhando na casa de uma família onde eu não recebia nada. E o que me foi imposto quando criança? Falaram para mim: se você receber, você não estuda. E eu preferi estudar”, disse.

Representando a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Luiza Batista Pereira criticou a falta de amparo das pessoas resgatadas do trabalho análogo à escravidão. Segundo ela, o apoio financeiro que elas recebem não é suficiente.

Além disso, outras reivindicações foram feitas pelos participantes da sessão, como o aumento do piso salarial dos trabalhadores domésticos e a garantia de direitos trabalhistas também para as diaristas.

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias