Processo que economiza água será implantado até julho; resistência a mudança é natural, concluem participantes de curso para lavadores.

A Câmara dos Deputados continua se preparando para a adoção da Ecolavagem. Ela será obrigatória em todos os estacionamentos públicos do DF a partir o dia 1º de julho, de acordo com o Decreto Distrital nº. 30.522/2009. O primeiro grupo de lavadores de automóveis dos estacionamentos do entorno da Câmara recebeu sábado, 1º de maio, seu kits de Ecolavagem, fornecidos pelo Governo do Distrito Federal (GDF).  Além disso, todos os lavadores cadastrados para aderirem à novidade estão passando por treinamento, uma campanha interna de esclarecimento dos usuários está sendo preparada e a Câmara está adquirindo os produtos, que passarão a ser utilizados também na frota da Casa.

A Ecolavagem é um processo de limpeza de veículos que praticamente elimina o uso da água e não libera produtos nocivos, que contaminariam os mananciais. Enquanto o processo tradicional utiliza pelo menos de 80 litros de água por automóvel, a lavagem desenvolvida de maneira ecologicamente correta gasta apenas a quantidade equivalente a um copo americano, de 200 mililitros.

Lavadores recebem capacitação

O Núcleo de Gestão Ambiental da Câmara dos Deputados, o EcoCâmara, ofereceu curso de capacitação profissional, no dia 4 de março, a 72 guardadores e lavadores de carros, 40 deles atuantes nos estacionamentos da Casa, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) do GDF. Realizado no Auditório Freitas Nobre, o treinamento tratou de questões legais relativas ao exercício da profissão, relacionamento com o cliente, cidadania e meio ambiente, com a apresentação de diversas palestras seguidas por debates, além de habilitação específica para a ecolavagem de automóveis.

O evento foi bem recebido pelos participantes, que mostraram-se empolgados com a oportunidade de terem seu trabalho regularizado. André Francisco Cruz de Lima, 30, lavador na Câmara há sete anos, ressaltou a importância da carteira assinada para que se tenha acesso à aposentadoria e para casos de licença por motivos de doença ou acidente de trabalho. Já Wesley Francisco da Cruz, 25, conhecido com “Fofão” nos estacionamentos da Casa, onde atua há dois anos e meio, disse que a carteira trará mais dignidade à categoria e demonstrou preocupação ecológica, declarando: “Água tem muita hoje, mas pode faltar para nossos filhos e netos.”

O evento foi aberto pelo palavra de Valdivino  Diego da Silva, presidente do Sindicato dos Guardadores e Lavadores de Veículos do Distrito Federal (Sindglav-DF), que contou sobre a luta pela legalização da profissão e chamou a atenção para a importância da sindicalização dos profissionais. O policial legislativo Célio Faria, que está envolvido no projeto da Ecolavagem da Câmara, ressaltou a necessidade de adaptação às mudanças inevitáveis e do cumprimento das regras estabelecidas. A professora Altina Miranda Cabral Moreira, diretora de Educação de Trânsito do Detran/DF,  fez palestra sobre “Noções Básicas sobre o Trânsito”.

Já Andréa Brandão, especialista em Assistência Social e educadora de Meio Ambiente do Centro de Orientação Socioeducativa do Núcleo Bandeirante (Cose Divinéia), falou sobre “Noções Básicas de Responsabilidade Social”. Também apresentou o documentário “Ilha da Flores”, de Jorge Furtado, e debateu questões relativas à ética e ao meio ambiente,

Após o almoço, oferecido aos presentes, os lavadores assistiram a uma apresentação teatral dos próprios colegas, retratando situações vividas por aqueles que atuam de maneira irregular. Em seguida, o palestrante Ilzo Domingues Corrêa, psicólogo, discorreu sobre “As Relações Humanas no Trabalho” e o advogado Carlos  Augusto de Miranda explicou  a legislação específica relativa à regularização das atividades de guardadores e lavadores de veículos.

O  acontecimento recebeu ainda a visita da deputada distrital Eliana Pedrosa, responsável pelo Decreto 30.522, que regulamenta a lei 577 e trata do cadastramento dos  lavadores e guardadores de automóveis. A deputada, em breve pronunciamento, disse que os guardadores são muitas vezes mal vistos e traçou um paralelo com a situação dos políticos. “São duas classes de que se fala muito. Mas, como em qualquer outra, há os bons e os maus. Cabe aos bons trabalhar bem para melhorar a imagem da categoria”.

Resistência inicial é superada

Após a parte teórica, o grupo seguiu para o estacionamento do Anexo IV, onde os profissionais receberam treinamento em ecolavagem de automóveis, ministrado por Alisson Ribeiro Vitorino, da empresa Green Cars. Num primeiro momento, os lavadores mostraram-se um pouco resistentes à adoção do novo processo, preocupados com os custos e o tempo gasto na limpeza, entre outros fatores. Mas o processo teve a adesão imediata de alguns participantes.

 De volta ao auditório, todos receberam os certificados do curso e os coletes de lavadores, cujo uso será obrigatório a partir de julho. Tânia Maria Fonseca Pinto, coordenadora da área temática Coleta Seletiva e Responsabilidade Social do Núcleo de Gestão Ambiental da Câmara dos Deputados, o EcoCâmara, fechou o evento falando da natural resistência a mudanças. Tânia esclareceu ainda que os lavadores receberão, em breve, novo treinamento, a ser oferecido a pequenos grupos, no próprio local de trabalho, que deve dirimir dúvidas e levar a uma maior aceitação do novo processo de lavagem de automóveis.

Andréa  Brandão declarou que esse tipo de treinamento é importante para estimular a autoestima dos lavadores, servindo como incentivo para que lutem por sua categoria, acrescentando: “Gostaria de ver tais esclarecimentos sendo oferecidos a toda a população”.

Tire suas dúvidas e conheça mais sobre o processo da ecolavagem