Vida longa à informação

04/02/2009 14h30

Para muitos, o início do ano é tempo de se esvaziarem armários e gavetas passando adiante o desnecessário. Aqui na Câmara isso não é diferente. Os gabinetes parlamentares que, ao longo do ano, recebem grande quantidade de revistas, livros e material de expediente aproveitam o momento para organizar a sala descartando o excedente.

De olho nesse fato e dentro das ações previstas na área temática Gestão Sustentável do Papel do EcoCâmara, o Núcleo Ambiental propõe-se a coletar todas as publicações (livros e periódicos) e material de expediente (como pastas e envelopes) descartados pelos 513 gabinetes de deputados. Esta ação, cujo objetivo é reaproveitar o material que iria para o lixo, é desenvolvida em parceria com o Centro de Documentação e Informação (Cedi), o Departamento de Material e Patrimônio (Demap) e a Coordenação de Administração de Edifícios (Caedi/Detec).

Segundo Jacimara Guerra Machado, assessora ambiental e uma das coordenadoras da área temática, a maior parte do material descartado chega em ótimo estado de conservação e possui grande valor informativo. Revistas científicas e livros sobre economia, meio ambiente, educação e política compõem grande parte do acervo coletado.

O papel do EcoCâmara está em fazer a triagem do descarte separando as publicações para serem, em seguida, encaminhadas ao Cedi. O jornais, impressos publicitários e administrativos são enviados para a reciclagem. Já para reaproveitar as pastas e envelopes, são feitas novas distribuições no âmbito da própria Casa ou doações a instituições carentes. Essa logística é executada pelo próprio EcoCâmara e pelo Demap.

O Cedi, mediante o trabalho desempenhado pela Seção de Recebimento e Controle de Publicações Nacionais, é o setor responsável por destinar os livros e revistas científicas às bibliotecas, museus  e escolas públicas espalhadas por todo o país. A lista de intercâmbio reúne hoje 367 instituições públicas. A chefe da Seção, Regina de Medeiros, afirma que chegam a ser doados mais de 700 títulos em época de grande volume arrecadado, o que ocorre em início de ano e mudança de legislatura. As publicações oficiais da Câmara retornam ao Cedi para serem redistribuídas.

Regina explica que, no primeiro contato, as instituições são consultadas sobre o interesse nos exemplares disponíveis. Após receber as devidas solicitações,  a Câmara arca com os custos de transportar as publicações. Como prova do sucesso desse serviço prestado ao país, “a lista de instituições interessadas só aumenta”, garante a servidora do Cedi.

Prioridade em reduzir e reaproveitar  

De acordo com os princípios dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) que norteiam a gestão socioambiental, devemos estar atentos ao fato de que a reciclagem é o último passo a ser dado, ou seja, recicla-se apenas aquilo que não puder ser reduzido ou reutilizado.

“Em tempos de crise como a que estamos vivendo hoje, com menor oferta de dinheiro e ameaças ao equilíbrio ambiental,  é impensável convivermos com o desperdício”, alerta a assessora do EcoCâmara. Uma de suas sugestões aponta para o risco de se identificar previamente grande quantidade de material de expediente, com carimbos e selos por exemplo. O motivo é que essa atitude dificulta o reproveitamento dos materiais; em muitos casos, invalidando-os para o reuso.

Nesse sentido, ao se planejar o trabalho dos gabinetes, a assessora também orienta que seja considerado o cuidado em se evitar o excesso nos pedidos feitos ao Demap. Pois, conforme informa Jacimara, “não é raro encontrar inúmeros envelopes e pastas sem nunca terem sido utilizados”.

Público-alvo

Apesar de serem os gabinetes parlamentares os maiores interessados no descarte de material de expediente e publicações, a iniciativa não está restrita a eles. Caso outros setores da Casa  ou servidores também tenham doações a serem feitas, basta entrar em contato com o EcoCâmara pelos ramais 62169 e 6217l. Após contactado, o Núcleo encarrega-se de acionar a administração do respectivo edifício, que transportará todo o descarte ao Escritório Verde, localizado no Anexo IV, térreo.

O valor da matéria-prima e da informação na Câmara

Criada em 2007, a área temática Gestão Sustentável de Papel do Núcleo de Gestão Ambiental EcoCâmara propõe alternativas voltadas à redução no consumo de papel e ao seu uso eficiente na Câmara. A iniciativa surgiu da percepção de que o papel é um dos principais recursos naturais que devem ser utilizados com parcimônia e de forma inteligente.

Em sintonia com a proposta de valorizar a matéria-prima e o caráter informativo das publicações que circulam pela Casa, a servidora e jornalista Mônica Montenegro apresentou o Projeto Leitura Solidária, no Prêmio Câmara em Ideias, edição 2008. O projeto ficou classificado em 6º lugar e tem por finalidade ampliar a rotina  institucional ao estender a doação de publicações às bibliotecas informais. Desse modo, a informação seria amplamente democratizada. 

Interessados pelo aspecto social e ambiental que envolve o Projeto Leitura Solidária, o EcoCâmara e a Diretoria-Geral convidaram a autora para avaliar, em conjunto com outros órgãos da Casa, a possibilidade de se implementar a ideia  de reconhecido mérito.

Em Brasília, ganhou ampla publicidade o caso de um açougueiro que, motivado pela interesse em compartilhar cultura, organizou uma biblioteca pública em sua loja. Hoje, à disposição de todos os cidadãos estão mais de 6 mil exemplares, a maioria vindos de doações. Com proposta semelhante, alguns pontos de ônibus da Asa Norte transformaram-se em pontos de leitura para os que estão à espera do transporte.

Para saber mais sobre outros programas conduzidos pelo Núcleo de Gestão Ambiental EcoCâmara, acesse a página eletrônica disponível no endereço: www.camara.gov.br/ecocamara

 

Matéria produzida pelo Núcleo de Gestão Ambiental Ecôcamara em 04/02/2009.