Seminário de Licitações confirma protagonismo do Estado no Desenvolvimento Sustentável do País
“Quem não atender aos custos da sustentabilidade, pagará um custo mais caro". Palavras do Desembargar Jessé Torres na palestra magna do evento; o pensamento é o resumo de um dia em que se percebeu que preço não é valor e que a qualidade da vida é investimento.
A Lei de Licitações de (8.666/93), sofreu mudança substancial em 2010, ao consagrar o a promoção do desenvolvimento nacional sustentável dentre os princípios a serem observados nas compras públicas. A Administração deve comprar, de modo a garantir a isonomia entre os participantes, optando pela proposta mais vantajosa e ainda assegurar que o desenvolvimento econômico seja promovido de forma sustentável. Para tanto, deve-se realizar um bom planejamento da compra, evitar repetição de quantitativos de anos anteriores, mesmo com variações das necessidades; privilegiar produtos com quesitos ambientais, considerando a avaliação do ciclo de vida dos produtos desde a extração da matéria prima ao retorno à linha de produção.
Painel: Licitação Sustentável no âmbito dos 3 poderes.
A cerimônia de abertura do evento contou com a participação do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), 1º suplente da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que leu a mensagem do Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, que afirmou que a licitação sustentável ainda constitui um desafio socioeconômico para a maior parte dos gestores públicos. “A Câmara tenta superar esse desafio e utilizar a licitação sustentável nas suas contratações e serviços.” Alves lembrou que em 2011, a Câmara recebeu o Prêmio de Melhores Práticas da Administração Pública Federal, conferida pelo Ministério do Meio Ambiente, com o trabalho “Regulamentando as Licitações Sustentáveis na Câmara dos Deputados – Esverdeando as aquisições”.
Representando o Diretor-Geral da Câmara dos Deputados, o diretor administrativo Rômulo Souza Mesquita; responsável pelo órgão de compras e contratações da Casa, inciou sua fala destacando que o seminário marca um novo inicio, que é buscar a sustentabilidade através das aquisições contratações que a Câmara faz, servindo de regramento para nossos editais. Os órgãos públicos devem ser exemplos, incutindo a importância da preservação do meio ambiente, para o futuro das novas gerações, representadas pelas crianças do coral da escola Adventista Milton Afonso de Brasília que abriram esse seminário”, disse o diretor.
Luis Fernando Bandeira diretor-geral e Secretário da Mesa Diretora do Senado Federal, Eduardo Monteiro de Rezende, secretário-geral de Administração do Tribunal de Contas da União (TCU), e ainda Ana Maria V. dos Santos Neto, Diretora do Departamento de Logística do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Eduardo Teixeira, Conselheiro Nacional de Justiça (CNJ) e Euller que encerraram o painel o cenário atual das licitações no âmbito de cada poder.
Ana Maria dos Santos representando o poder executivo abriu o painel com a constatação que atualmente o poder de compra do Estado é de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e que dessa forma o Estado poderia utilizar todo seu poder de compra para promover o desenvolvimento sustentável, assim barateando o preço dos produtos e aquecendo esse segmento do mercado.
Paulo Eduardo Teixeira, Conselheiro Nacional da Justiça (CNJ), explicou que o modelo sustentável defendendo por todas, se baseia em três pilares fundamentais: social, ambiental territorial e econômico e político. “Para se convencer o administrador á implantar uma política sustentável nada mais harmonioso que tocar o bolso desse administrador”, ressaltou o conselheiro.
O secretário-geral da Administração do Tribunal de Contas da União (TCU) encerrou as palestras matutinas, desmistificando a atuação da Corte de Contas quanto ao assunto. Ressaltou ainda o papel indutor daquela Corte, ratificado por seu assessor da SELOG do Tribunal de Contas da União, Euler Kleber Nunes dos Reis que trouxe acórdãos com recomendações e determinações para adoção da sustentabilidade.
Mesa Redonda:O exercício da Licitação sustentável
O período da tarde foi aberto com a mesa redonda “O exercício da Licitação sustentável”, conduzida pelo diretor da Coordenação de Compras da Câmara dos Deputados, Renato Fenilli; Participaram Ana Carla Almeida, Coordenadora da Agenda Ambiental da Administração Pública da A3P do Ministério do Meio Ambiente que abordou a importância do planejamento das compras e Marcos Weiss Bliacheris, advogado da União (AGU), que falou sobre as ordenamento jurídico das licitações sustentáveis.
Em seguida foi a vez do participante Fabiano Sobreira, Chefe Da Seção De Acessibilidade E Sustentabilidade da Casa que apresentou a experiência da Câmara dos Deputados, esmiuçando os requisitos constantes da Portaria nº 227/2014, normativo interno que dispõe dos requisitos ambientais a serem observados nas contratações de produtos e serviços da Casa.
Palestra Magna
O ilustre desembargador e doutrinador Jessé Torres Pereira Júnior, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro; em uma de suas lições, brindou ao público presente com a afirmação de que identificado o melhor caminho de compra, a partir das diversas contribuições técnicas ao processo, não cabe ao gestor a discricionariedade e sim o dever jurídico de escolher a melhor proposta. Que é aquela que guarde a isonomia, identifique a proposta mais vantajosa e acolha os requisitos da sustentabilidade. Não pode haver outro tipo de compra, categoricamente dispôs. E continuou dizendo “Não se pode mais contratar coisas que ponham em risco o futuro do homem no planeta, o que corresponde ao descumprimento do que há de mais ético, mais essencial entre as pessoas. É renegar o compromisso intergeracional entre as gerações”.
Servidores da Casa como Mauro Barreto, Diretor do Departamento de Material e Patrimônio (DEMAP); Patrícia Brandão, Chefe da Seção de Administração de Refeitórios e Orientação Nutricional (SENUT); Marcia Araujo Pontes, também da Seção de Administração de Refeitórios e Orientação Nutricional (SENUT); Andrea Bakaj, Coordenadora do Núcleo de Ações Socioambientais do Senado Verde; Márcia Ayres Tanno, Assessora Técnica da DG (ATEC) e Mauricio Matta, Diretor Do Departamento Técnico (DETEC) também mencionaram que eventos como esse são muito importantes para auxiliar sobre o assunto e para facilitar sua aplicação de forma correta.
Esse seminário serviu para inaugurar as ações planejadas para a consolidação do tema e futuramente terá desdobramentos importantes na casa. Anunciado para o próximo cursos ministrados por meio do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (CEFOR), com o intuito de fornecer subsídios e ferramentas necessárias à atuação plena no exercício desse novo padrão.