Parque Bosque dos Constituintes é visita verde à história brasileira

O Parque Bosque dos Constituintes é um grande espaço verde localizado a 50 metros da árida Praça dos Três Poderes, bem no centro da Capital da República. Tem cerca de 620 árvores, em sua maioria nativas do Centro-Oeste, frequentadas por mais de 55 espécies de aves silvestres.
01/11/2011 16h35

O Bosque possui área de 70 mil metros quadrados, boa parte deles com bucólicos caminhos à sombra de árvores nativas do cerrado. Um passeio pelos seus gramados é um bom programa para quem gosta do contato com a natureza e também para quem tem interesse pela história do Brasil. A maioria das árvores foi plantada pelos parlamentares que fizeram a Constituição de 1988, para marcar a inclusão, na nova Carta Magna, de um artigo inteiramente dedicado à preservação do meio ambiente.
O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a tratar de questões de ambientais na sua Constituição. Daí a importância histórica do Bosque dos Constituintes, por manter vivo na memória nacional um capítulo crucial de sua história política recente. Ao mesmo tempo, o espaço verde bem próximo do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do prédio do Congresso Nacional serve como  referência para a sustentabilidade, por meio dos inúmeros projetos de conservação e revitalização que atualmente funcionam no local.
A Câmara dos Deputados assumiu a manutenção e a conservação do Bosque dos Constituintes a pouco mais de dois anos, intensificando o plantio de mudas, o combate às pragas sem agrotóxicos e os tratos culturais às árvores plantadas há mais tempo. A julgar pela grande quantidade de aves que frequentam o Bosque, os cuidados da Câmara vêm agradando os principais usuários daquela área: são pelo menos 55 espécies de pássaros, como o urutau, o bacurau-do-telhado, o gavião-de-coleira, a saíra-azul-turquesa e a ariramba-de-calda-ruiva, entre muitos outros - uma variedade que só é possível existir em um ambiente ecologicamente equilibrado.


História viva


No dia 4 de outubro de 1988, véspera da promulgação da Constituição Cidadã, os membros ilustres da Assembleia Nacional Constituinte foram convidados a plantar uma muda cada um na área próxima onde já estava erguida a enorme estrutura metálica do maior mastro do país para hasteamento da bandeira nacional e o Panteão da Pátria, dedicado aos heróis da nacionalidade brasileira.
Ulysses Guimarães, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Bernardo Cabral, entre outros ilustres deputados e senadores da época, por algumas horas trocaram a articulação política pela atividade braçal, saíram dos gabinetes para o gramado, deixaram a caneta pela pá e a enxada, e plantaram suas mudas de acácias, pau ferro, aroeiras, ipês, gonçalos e outros exemplares da flora brasileira.
Esses parlamentares foram pioneiros ao incluir, na Constituição Federal, um artigo inteiramente dedicado à proteção do meio ambiente, o de número 225, que estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 
Os constituintes de 88 escreveram, ainda, no artigo 225 que “a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”. Mas eles foram originais também na forma de marcar sua opção pela ecologia: não plantaram uma única árvore, mas um bosque inteiro.
A área passou 20 anos sem receber nenhum cuidado especial das autoridades. Algumas árvores morreram, mas a maioria sobreviveu. Até que, por iniciativa da Câmara dos Deputados, a área onde foram plantadas as mudas tornou-se Parque Bosque dos Constituintes, com a publicação do Decreto Distrital nº 29.641, de 24 de outubro de 2008. Em 4 de novembro do mesmo ano, o local foi formalmente adotado pela Câmara, dentro do programa “Abrace um Parque”, do Instituto Brasília Ambiental, do Governo do Distrito Federal (GDF).


Revitalização


Desde que assumiu a gestão do Parque Bosque dos Constituintes, a Câmara iniciou um intenso programa de revitalização da área, com o apoio de diversos parceiros: o Governo do Distrito Federal – por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e o Departamento de Parques e Jardins (DPJ) – além da Rede de Sementes do Cerrado, da Escola de Paisagismo de Brasília, da Agência Reguladora de Águas, Esgoto e Saneamento Básico do DF (Adasa) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
As ações em prol do Bosque têm sido conduzidas com três focos: sustentabilidade, mobilidade e acessibilidade. Diversas melhorias estão previstas, como a instalação de jardins temáticos, centro de visitantes, ciclovia, parque de esculturas e uma calçada colorida por figuras geométricas, projetada por Athos Bulcão – além da reconstituição, em seu entorno, da vegetação original de cerrado. Busca-se também a integração do espaço com outros pontos de interesse próximos, como o Panteão da Pátria, a Praça dos Três Poderes e o Congresso Nacional.
A meta para 2013 – quando a Constituição Cidadã completará 25 anos de existência – é alçar o Bosque à condição de Monumento Vivo e Histórico de Brasília.
A visitação ao local é livre e gratuita, 24 horas por dia, nos sete dias da semana.