Os servidores na história do EcoCâmara
Com cinco anos de existência, os projetos desenvolvidos pelo Núcleo de Gestão Ambiental EcoCâmara e os resultados por eles alcançados já são bem conhecidos na Casa. O que talvez muitos ainda desconheçam é a origem dessa história, que teve início a partir do olhar de um grupo de servidores voltado para a responsabilidade sócio-ambiental.
O início da história
Em 2002, alguns servidores, que depois viriam a compor um grupo de trabalho, identificaram que várias famílias vinham sendo atraídas pela quantidade de resíduos descartados pela Câmara, fazendo da atividade de separação de lixo sua principal fonte de subsistência. Essas famílias, constituídas pelos conhecidos catadores de lixo, trafegavam com suas carroças desordenadamente pelas ruas da cidade. Além de afetar visivelmente o trânsito, a atividade de separação do lixo trouxe o problema da ocupação irregular de áreas públicas ao redor da Esplanada.
Apesar da desordem, os servidores perceberam também que o trabalho feito pelos catadores preenchia uma lacuna entre o processo de descarte de material usado e o da reciclagem. Ou seja, além de possibilitar a inclusão social dos muitos dos economicamente desfavorecidos, a separação de resíduos exercia papel importante para o reaproveitamento de matérias-primas e para a economia de recursos naturais no processo produtivo.
Feito o diagnóstico da situação, com o apoio e a supervisão da Diretoria-Geral, a primeira providência foi organizar os catadores em uma cooperativa e firmar convênio beneficiando-os com a destinação de papel e plástico, principais resíduos descartados pela Câmara com valor comercial na reciclagem.
Desde a criação da Cooperativa de Reciclagem, Trabalho e Produção (Cotrap) em maio de 2004, as famílias de catadores mudaram-se para a Cidade Estrutural e, diversas parcerias com outros órgãos governamentais começaram a surgir. Essas parcerias levaram à nova sociedade conquistas importantes: o transporte do lixo passou a ser feito por caminhões próprios e a atividade de segregação também foi transferida para um ambiente adequado, na Estrutural.
A Criação do EcoCâmara
Enquanto o Projeto da Coleta Seletiva estava sendo implementado, a Câmara tomava consciência da amplitude do conceito de gestão sócio-ambiental. Em 2003, para organizar o trabalho que viria pela frente, o Diretor-Geral criou o Comitê de Gestão Ambiental que, desde então, vem agregando novos servidores junto àqueles já envolvidos na etapa inicial da Coleta Seletiva.
Coordenando as dez áreas temáticas que formam o Comitê, estão 23 membros que desenvolvem ações sustentáveis nos seus setores, em conjunto com as atividades rotineiras. Gerenciados pela Assessoria de Projetos Especiais e pela Diretoria-Geral, o grupo vem colocando a Câmara como referência em gestão sócio-ambiental, conforme mostram os resultados já alcançados:
- Áreas Verdes e Proteção à Fauna: cultivo de espécies em viveiro próprio para manter as áreas verdes internas e externas da Casa; produção de compostagem com o reaproveitamento de resíduos de jardins e; manutenção de ambiente favorável ao abrigo de 78 espécies de aves.
- Coleta Seletiva e Responsabilidade Social: são doados em média 60% do lixo da Casa, o que corresponde à renda de um salário mínimo para cada uma das 150 famílias associadas.
- Gestão de Resíduos Perigosos: redução em mais de 80% do volume de lixo de saúde submetido à incineração, graças ao plano de resíduos de saúde que organizou a separação do resíduo comum do biológico.
- Gestão Sustentável de Papel: estudo em curso para substituir o papel comum pelo reciclado ou ainda eliminá-lo com a implantação de procedimentos digitais.
- Arquitetura e Construção Sustentável: uso sustentável da madeira; destinação correta dos resíduos de construção e; adoção de soluções de projetos sustentáveis.
- Novas Tecnologias Hídricas e Energéticas: economia em mais de dois milhões de reais por ano nas contas de água e energia, com o melhor aproveitamento no uso desses recursos naturais;
- Transporte Sustentável: modernização do sistema de abastecimento em obediência à legislação vigente.
- Legislação Ambiental e Licitação Sustentável: início de compras sustentáveis.
- Educação Ambiental: treinamento de mais de dois mil servidores e lançamento do programa de voluntariado Ecocamaradas.
- Comunicação Institucional: sensibilização contínua, produção de arquivos de áudio e vídeo sobre o tema ambiental, realização de eventos e manutenção de página eletrônica na Intranet e Internet.
Ecocamaradas: o primeiro programa de voluntariado organizacional
No concurso Setembro Verde edição 2004, o servidor Jairo Luis Brod saiu vencedor com a proposta de estimular a mobilização e o apoio dos servidores às ações ambientais realizadas na Câmara.
A idéia vencedora Ecocamaradas deu início a um programa que está sendo desenvolvido em parceria com a Fundação SOS Pró-Mata Atlântica. A Fundação contribuirá na prática de cooptação e treinamento de voluntariado, bem como no oferecimento de cursos de capacitação sobre temas ambientais.
A expectativa é de que a inclusão de novos servidores no programa de gestão ambiental da Casa seja capaz de dar fôlego para que novos desafios sejam superados e para que a Instituição torne-se um pólo de excelência na esfera governamental.
Enfim, a mobilização nacional dos servidores do Legislativo
O desafio de fazer do EcoCâmara um pólo de excelência é motivado pelo propósito de mobilizar servidores do Poder Legislativo para a implementação de projetos sócio-ambientais. O primeiro passo já está sendo dado. Para integrar as comemorações do Dia do Servidor, no período de 29 a 31 de outubro, o EcoCâmara, em conjunto com o Senado Federal e o Tribunal de Contas da União, realizará o I Seminário de Boas Práticas Ambientais do Poder Legislativo.
Nessa oportunidade, as Casas Legislativas conhecerão os projetos ambientais em andamento na Câmara, no Senado e no TCU e participarão de palestras técnicas sobre os principais aspectos da gestão ambiental. Haverá também espaço para que representantes de Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais divulguem suas iniciativas gerenciais voltadas à preservação do meio ambiente.