Óleo de cozinha usado pode contaminar água, solo e atmosfera

31 de Maio de 2006

Fonte: Instituto Akatu
Reportagem: Liciane Mamede/Instituto Akatu
Edição: Gustavo Magaldi/Instituto Akatu
Foto: Getty Images


Óleo usado pode ser reaproveitado

Batata frita, coxinha, pastel. São muitas as frituras gostosas que vão à mesa do brasileiro. Muita gente não sabe, porém, o que fazer com o óleo usado para preparar essas delícias. O resultado é que, na maioria das vezes, esse óleo é jogado na pia, no ralo ou mesmo no lixo comum. O despejo indevido de óleo na rede de esgoto ou nos lixões contamina água, solo e facilita a ocorrência de enchentes. O consumidor consciente pode evitar que isso aconteça reutilizando o óleo para fazer sabão - ou procurando alguma empresa ou entidade que reaproveite o produto.

A reportagem do Instituto Akatu ouviu cientistas, ambientalistas e técnicos das companhias de tratamento de lixo e de esgoto da cidade de São Paulo. Uma conclusão é consensual: hoje não existe um modo de descarte ideal para o óleo usado. Seja misturado ao lixo orgânico, seja jogado no ralo, na pia ou na privada, o produto vai custar caro ao meio ambiente.

Um retrato do que pode acontecer no caso de ir parar no esgoto está na cidade de São Paulo. O óleo que não fica retido no encanamento - fato que pode atrair pragas - é tratado e separado da água em uma das cinco Estações de Tratamento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo). O problema é que apenas 68% do esgoto coletado na capital paulista é efetivamente tratado.

O óleo que chega intacto aos rios e às represas da cidade fica na superfície da água e pode impedir a entrada da luz que alimentaria os fitoplânctons, organismos essenciais para a cadeia alimentar aquática. Além disso, quando atinge o solo, o óleo tem a capacidade impermeabilizá-lo, dificultando o escoamento de água das chuvas, por exemplo. Tal quadro é propício para as enchentes.

Segundo a assessoria de imprensa da Sabesp, a melhor forma de descartar o óleo seria colocá-lo em um recipiente vedado, para que não haja riscos de vazar, e jogá-lo junto com o lixo comum. Mas essa opinião não encontra eco entre especialistas.

Lirany Guaraldo Gonçalves, professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos e do Laboratório de Óleos e Gorduras da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), contesta essa forma de descarte. "O óleo dificilmente se decompõe, ele pode contaminar o solo e, conseqüentemente,os lençóis freáticos", diz. Para ela, o ideal é procurar um posto de coleta próximo e fazer a doação dos resíduos. "A solução para esse assunto não existe, o que existem são alguns caminhos", ressalta.

A opinião é compartilhada por Alexandre D’Avignon, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. Ele ressalta que a decomposição do óleo, assim como de todo material orgânico, emite metano na atmosfera - esse gás de efeito estufa (GEE) contribui para o superaquecimento terrestre. Portanto, quanto menos o cidadão evitar o descarte do óleo no lixo comum, mais estará contribuindo para a preservação da atmosfera do planeta.

 

Confira abaixo a receita para transformar o óleo usado em sabão:

por Maria Bassi Massulini


Material utilizado
  • 5 litros de óleo comestível usado
  • 2 litros de água
  • 200 ml de amaciante
  • 1 Kg de soda cáustica (NaOH)

 

Passo-a-passo
  1. Misture o óleo e a soda
  2. Coloque cuidadosamente a água fervente. Mexa.
  3. Adicione o amaciante. Mexa novamente.
  4. Mexa até formar uma mistura homogênea.
  5. Jogue a mistura em uma forma e espere secar bastante.
  6. Corte as barras e pronto!

 

Dica
Quanto mais o sabão curtir, melhor ele fica.

 

Onde entregar o óleo de fritura

ABC Paulista
Ação Triângulo, OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) com sede na cidade paulista de Santo André.

Ribeirão Preto-SP

Em Ribeirão Preto e região, no interior paulista, o óleo de cozinha também pode ser doado. O Projeto "Biodiesel em casa e nas escolas", desenvolvido pelo Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas do Departamento de Química da USP de Ribeirão Preto

Rio de Janeiro - RJ
No Rio de Janeiro há outro projeto de pesquisa sobre o uso do óleo como combustível. O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Estudos de Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), também conhecido como COPPE, desde de 2002 realiza um trabalho, sob coordenação do professor Alexandre D’Avignon