Novo viveiro de mudas da Câmara “domesticará” espécies do Noroeste
A nova área de produção, que será toda sustentável, desenvolverá espécies do cerrado para futuro uso comercial; Embrapa Cerrados participa do convênio
A Câmara dos Deputados ganhará um novo viveiro de plantas, que será construído na área não urbanizada localizada em lote atrás do Anexo IV, próxima ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). As novas instalações unificarão os trabalhos que hoje são desenvolvidos nos viveiros do Complexo Avançado (próximo ao Cefor), da Torre de Transmissão de TV (em Sobradinho) e em depósitos sob o Eixo Monumental. A previsão é que as obras de adequação necessárias estejam prontas até o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho.
Maurício da Matta, diretor da Coordenação de Projetos do Departamento Técnico (Detec), da Câmara dos Deputados, explica que as novas instalações proporcionarão um grande aumento da capacidade de produção e lembra a importância do que já vem sendo feito. “A Casa trata de 210.000 m² de áreas ajardinadas – 10 vezes o tamanho de um lote do Park Way – e de mais de 400 vasos ornamentais, de forma sustentável, sem agrotóxicos, servindo de exemplo para todo o país. É preciso dar continuidade e incrementar esse trabalho”, ressalta o arquiteto. Além da preocupação com o meio ambiente, está provado que a convivência com plantas, tanto nas áreas externas como nas internas, melhora a qualidade de vida das pessoas, completa.
Novas espécie virão do Noroeste
Além de simplificar as operações ao concentrá-las em um só local, gerando mais economia e agilidade, o novo viveiro trará uma importante novidade: receberá espécies vindas do setor Noroeste, em uma parceria com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), seguindo seu modelo de gestão ambiental para utilização de plantas nativas provenientes da supressão de vegetação para a implantação do novo setor pelo empreendedor, a Terracap.
O transplantio faz parte de um projeto do Ibram, denominado "Jardineiros do Cerrado", que inclui a preservação da vegetação nativa na área do empreendimento e a transferência das herbáceas e arbustivas, além de formação de mão-de-obra para manutenção de áreas protegidas. O projeto de resgate de vegetação original do setor Noroeste - iniciativa do Ibram, em parceria com a Terracap e a Novacap -, tem como objetivo promover a utilização de espécies nativas do bioma Cerrado em Brasília e divulgar o ano da Biodiversidade (2010).
As espécies doadas à Câmara, que compõe o chamado sub-bosque, ficarão enviveiradas nas nova instalações, para depois serem replantadas no Parque Bosque dos Constituintes. Nessa etapa do projeto, existe a possibilidade de participação da Escola de Paisagismo de Brasília, parceira do bosque.
Segundo Rachel Osório, chefe da seção de Manutenção de Jardins da Câmara do Deputados e coordenadora da área temática Área Verde e Proteção à Fauna do EcoCâmara, os exemplares que virão do Noroeste serão representantes do extrato vegetal intermediário, que se localiza entre a copa das árvores e a camada rasteira. Ela explica que são plantas do cerrado, de grande beleza, mas que nunca passaram pelo "processo de domesticação", e acrescenta: "Em um futuro próximo, essas espécies poderão ser utilizadas em outros projetos de paisagísticos na cidade, contribuindo para a integração entre o Cerrado e o ambiente urbano."
Além disso, um convênio com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) será firmado para aumentar a produção de árvores típicas do Cerrado. Elas deverão ser plantadas na própria Câmara e em áreas degradadas, como forma de atenuar as emissões de carbono da Casa. Existe, ainda, um projeto em estudo para utilizar essas mudas também em escolas públicas do Governo do Distrito Federal.
Projeto sustentável
O projeto do novo viveiro, seguindo princípios de sustentabilidade, será quase todo realizado com materiais reaproveitados e telhados verdes, formados por plantas ou por elas recobertos. Contará com uma pequena sede, vestiário para os jardineiros, sala de reuniões e treinamento, sala de ferramentas, depósito de materiais diversos, ambiente de compostagem, minhocário, enfermaria para exemplares doentes e vários viveiros, para o desenvolvimento plantas que exigem diferentes graus de luminosidade. O uso de energia solar e de poços artesianos também está em estudo.