Câmara inicia Programa Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde

Sob a coordenação do Departamento Médico (Demed) e o apoio do EcoCâmara, a Câmara começa a elaborar o seu Plano de Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS). O objetivo é otimizar a separação do lixo dentro do próprio setor, de forma a reduzir o volume que atualmente é enviado para a incineração (queima). A iniciativa vai adequar a Casa às normas vigentes sobre o tema, que determinam, entre outros, que todo local de atendimento médico tenha um PGRSS. O plano se torna necessário depois da constatação de que nem todo resíduo de saúde está necessariamente contaminado. Como a forma de recolhimento é falha, todo o lixo hospitalar acaba indo para o mesmo coletor (sacos plásticos brancos), embora cerca de 65% dos resíduos não estejam contaminados, conforme os estudos realizados pela equipe técnica nas últimas três semanas.


O Programa de Resíduo de Serviço de Saúde da Câmara se baseia também nos três erres - Reduzir, Reaproveitar e Reciclar o lixo - e na metodologia do PGRSS: primeiro é feito um diagnóstico dos resíduos gerados, ou seja, um levantamento da sua qualidade e da quantidade, obtendo-se, assim, uma "radiografia" detalhada do que se gera em cada sala do Demed.


LIXO LÍQUIDO

A primeira ação do Programa, implantada em fevereiro, diz respeito à destinação da parte líquida do lixo do Demed - os efluentes.


Desde o dia 9, os líquidos do revelador e fixador de radiografia, que contêm metal pesado (prata), deixaram de ir para o ralo e começaram a ser armazenados em containers específicos. Esse lixo, prejudicial à saúde, será levado para uma firma que, por um processo de correção de PH, retirará o metal e pagará à Câmara pelo peso do metal reciclado.


Financeiramente, a novidade não representa muito para a Câmara (cerca de R$160 mensais), mas demonstra a preocupação da Casa em mudar a mentalidade administrativa e de seus funcionários para uma cultura ambiental. "Pela primeira vez a Câmara começa a conhecer com detalhes o lixo do Demed e a otimizar tanto a coleta que é feita pelos terceirizados, como o descarte feito pelas pessoas que trabalham lá, incentivando-as a repensar seus comportamentos", ressalta a química Jacimara Guerra Machado, assessora do EcoCâmara. Ela vem, juntamente com a farmacêutica Silmara, responsável pela elaboração do Plano, realizando este trabalho.


Outro efluente que também vem sendo coletado e separado de forma adequada é o líquido de um dos equipamentos de exames, já que contém cianeto, um composto tóxico.

Esse é apenas o começo. Cada setor da Casa buscará dar o destino adequado ao lixo , para que a preocupação com o Meio Ambiente seja internalizada em todas as atividades. "É responsabilidade de todos pensar nos impactos ambientais negativos que o simples ato de comprar tem sobre o meio ambiente. É preciso pensar o que cada produto deixa de resíduo depois de consumido e como estes estão sendo tratados, para que não prejudiquem as gerações futuras. Ou se compra certo ou tratamos de forma adequada e com responsabilidade os resíduos. A cultura de não saber para onde vai o lixo tem que acabar", defende Jacimara.


ANÁLISE DO LIXO

No último dia 18, o EcoCâmara realizou a terceira e última amostragem do lixo produzido pelo Demed. Os funcionários recolheram 15 sacos e separaram um a um o que é perigoso. Deles, apenas 3 continham resíduos realmente considerados perigosos ou contaminados; os 12 restantes eram apenas administrativos, portanto, resíduos não necessariamente contaminados ou perigosos.


Da forma como é feito o atual recolhimento, todos vão parar no incinerador. A incineração é um processo controverso, que serve para destruir os microorganismos e as bactérias, mas não se sabe, com precisão, como as suas emissões afetam ou poluem o meio ambiente. "A intenção, então, é reduzir essas emissões. E, se não sabemos como elas afetam o meio ambiente e se podemos não gerar esse lixo, melhor ainda", argumenta a assessora.


A implantação do PGRSS possibilitará tanto a segregação e a coleta otimizadas, quanto a queima apenas do lixo considerado perigoso ou contaminado.


Texto produzido pela Secretaria de Comunicação Social da CD em 26/2/04.