Evento comemora o Dia Nacional do Cerrado
Para comemorar o Dia Nacional do Cerrado, no dia 11 de setembro, foi realizado na Câmara dos Deputados o seminário O Berço das Águas do Brasil Pede Socorro, com o objetivo de discutir a preservação desse bioma e a importância das águas do cerrado para o Brasil e para o mundo.
Também reconhecido como a savana mais biodiversa do mundo, o cerrado enfrenta ameaças e desafios para a preservação de suas riquezas naturais e culturais. As principais bacias hidrográficas do Brasil bebem das águas do cerrado e os problemas ambientais que o afetam podem desencadear efeitos negativos por quase todo o país.
Na mesa de abertura, o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Cerrado, Deputado Augusto Carvalho (SD-MG), lembrou Proposta de Emenda à Constituição em tramitação no Congresso Nacional que busca o reconhecimento do Cerrado e da Caatinga como patrimônio nacional. A Constituição de 1988 considera como patrimônios nacionais a Amazônia, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal e a Zona Costeira, deixando de fora o Cerrado, a Caatinga e o Pampa. A Caatinga e o Cerrado juntos englobam 14 estados e 33% do território brasileiro.
O Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, afirmou que “com toda sua riqueza e biodiversidade, o Cerrado é uma das ecorregiões mais ameaçadas do mundo. Isso compromete gravemente o clima e a segurança hídrica do Brasil. É necessário converter com urgência esse processo de degradação e fragmentação”.
A voz de quem vive
A mesa de abertura contou ainda com a participação da representante do Movimento das Quebradeiras de Coco Babaçu e Coordenadora-Geral da Rede Cerrado, Maria do Socorro Teixeira, do município Praia Norte (TO), que pediu atenção para os problemas que sua população enfrenta por conta do desmatamento nas áreas do cerrado. “É uma falta de respeito para com o cerrado e para com a população que vive, conserva e preserva. As secagens dos rios na Bahia e Tocantins, o desrespeito territorial no Maranhão e no Piauí, a pulverização de venenos nas áreas do Mato Grosso e o etnocídio no Mato Grosso do Sul”, afirmou.
“Quero pedir atenção para que todos nós possamos cuidar do que nos resta. O cerrado preservado traz desenvolvimento e vida, e isso sim é desenvolvimento sustentável”, finalizou Maria do Socorro.
Na sequência, foram realizadas três mesas de debates. A primeira, intitulada Cerrado, ‘Um Ser Tão Vivo?’ teve como convidados Mercedes Bustamante e Bráulio Ferreira de Souza Dias, professores de Ecologia da Universidade de Brasília, Isabel Figueiredo, da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, Jorge Enoch Furquim Werneck Lima, da Embrapa Cerrados, e Rosângela Corrêa, do Ecomuseu do Cerrado da UnB.
Segundo a professora Mercedes Bustamante, nos últimos 50 anos o cerrado perdeu 50% de sua cobertura natural, levando a um aumento de temperatura do solo e consequentes secas. “A vegetação tem um papel importante sendo a interface entre a transferência de água do solo para a atmosfera. Se a gente muda a cobertura vegetal, a gente modifica também esses processos de transferência de água na escala local e regional”, afirmou.
A segunda mesa, com o tema Cerrado e as Perspectivas com a Bioeconomia, contou com a participação de Maurício Antônio Lopes, Presidente da Embrapa, Celso Tomita, Alta tecnologia para produção orgânica no bioma Cerrado, e Raul Monteiro Júnior, da Fazenda da Toca Orgânicos.
Na terceira mesa, com o tema Caminhos para a Sustentabilidade no Cerrado, falaram André Lima, Secretário do Meio Ambiente do Distrito Federal, Alexandre Sampaio, do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e André Miccolis, do Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF). André Lima aproveitou o momento e convidou representantes da Fundação Banco do Brasil, do Serviço Florestal e do IBRAM para a assinatura de Acordo de Cooperação Técnica e de Plano de Trabalho para execução do projeto piloto do Programa de Recuperação do Cerrado no Distrito Federal, o Recupera Cerrado, lançado em setembro do ano passado pelo Governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, com o objetivo estabelecer novos métodos de recuperação ambiental do bioma.
O evento foi realizado por meio de parceria entre o Comitê Gestor de Sustentabilidade da Câmara dos Deputados (EcoCâmara), com a Fundação Mais Cerrado, a Aliança Cerrado, a Associação Alternativa Terrazul, o Comitê Estudantil pelo Meio Ambiente (Cema), da Universidade de Brasília (UnB), o Centro de Excelência do Cerrado (Cerratenses), a Agência Brasileira de Meio Ambiente e Tecnologia da Informação (Ecodata), o Movimento Cerrado Vivo e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Assista ao Seminário do Dia Nacional do Cerrado: ‘O Berço das Águas pede Socorro’.
Assine a petição para a defesa do Cerrado e da Caatinga: https://www.change.org/p/junte-se-a-mim-na-defesa-do-cerrado-e-da-caatinga.