EcoCâmara promove mesa redonda para debater gestão da água além da crise
Para comemorar o Dia Mundial da Água, o Comitê Gestor de Sustentabilidade da Câmara dos Deputados - EcoCâmara promoveu a Mesa-Redonda: Água, Sustentabilidade e Pensamento Sistêmico: A Gestão Além da Crise, no dia 24 de março. Estiveram presentes parlamentares, diretores, representantes de órgãos públicos, líderes de ONG’s, e especialistas.
A mesa de abertura contou com a participação do primeiro secretário, deputado Beto Mansur (PRB-SP), do presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Rodrigo Martins (PSB-PI), do presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano, deputado Julio Lopes (PP-RJ), do representante da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Evair de Melo (PV-ES), da Diretora-Geral Adjunta da Câmara dos Deputados, Cássia Ossipe, e do Coordenador-Geral do Comitê Gestor de Sustentabilidade da Câmara dos Deputados, Gilson Dobbin.
O deputado Beto Mansur citou as ações realizadas que ajudam a diminuir o gasto energético e hídrico dentro da Casa. “É muito importante que a gente faça esse trabalho de conscientização e procurar métodos”, disse.
Para Cássia Ossipe, o debate é importante porque valoriza o trabalho dos servidores da Câmara. “A gente tem um grande desafio. Acho que, hoje, estamos aqui para refletir sobre aquilo que fizemos. São muitas ações, mas que essa reflexão nos traga motivação para continuar”, completou.
Gilson Dobbin considera que é imprescindível maior participação nos debates, pois se trata de um assunto que abrange a todos. “Tem que envolver a sociedade civil, as organizações, o poder público, a administração pública que também é responsável por isso, e os nossos representantes do parlamento”, afirmou.
Presença parlamentar
Também estiveram presentes os deputados Diego Garcia (PHS-PR), deputado Raimundo Angelin (PR-AC) e o deputado Wherles Rocha (PSDB-AC).
“É um trabalho intenso, é um policiamento diário que nós temos que ter, não só em relação a água, mas em relação à energia elétrica. De estar se observando em pequenos detalhes, mas que sabemos fazer a diferença”, comentou o deputado Diego Garcia, que procurou o Comitê interessado em orientações de como ter uma gestão mais sustentável durante seu mandato.
O deputado Angelin (PT-AC) acredita que é preciso haver o diálogo entre os ministérios e as populações tradicionais de cada local para se construir uma política pública para gerir os recursos hídricos. “Eu acho que não só o governo federal, mas os municípios também têm que ter autonomia, tem que ter recursos pra gerir a questão hídrica do seu território, e também que as políticas publicas dialoguem”, afirmou.
O deputado também abordou a necessidade de mais atenção para as mudanças climáticas, que por muitos anos, não foram vistas com a relevância primordial.
Mesa Redonda
Mediada pela jornalista Maristela Sant’Ana, a mesa redonda trouxe os especialistas Jean François Timmers, superintendente de políticas públicas da WWF no Brasil, e o professor Oscar Cordeiro Netto, doutor em ciências e técnicas ambientais.
Para Jean François Timmers, a vegetação do centro oeste e sudeste é fundamental para captar a água da chuva e ajudar na crise.. Para ele, a economia também é afetada pela crise, já que os agricultores, que antes conseguiam colher duas safras, agora estão sendo diretamente prejudicados e enfrentando problemas em várias regiões.
Além disso, de acordo com ele, ainda é necessário restaurar 30 milhões de hectares, e isso seria capaz de encorajar positivamente a economia. “Imagina o tanto de empregos que não vamos gerar? Estamos perdendo uma oportunidade econômica, não só de impactos econômicos positivos, mas também nos impactos diretos de empregos gerados por essa postura”, completou.
Segundo Oscar Cordeiro, nos últimos dois anos a crise hídrica se intensificou, e agora é necessário pensar além da crise. Apesar de o país ser capaz de abrigar estados com dois extremos, como é o caso do norte e sudeste, onde os impactos estão sendo opostos, é a América do Sul que abriga grande parte da quantidade de água do planeta. Assim, para ele, isso é sinônimo de mais responsabilidade ao fazer uma boa gestão dos recursos.
Apesar da atual preocupação, essa crise não é nova, ela apenas vem se intensificando ao longo dos últimos dois anos. “Para quem trabalha na área não é surpresa o que está acontecendo no nordeste ou em São Paulo, em particular, é algo possível em função da própria disponibilidade de água, do clima e da intensa exploração”, alegou. Oscar também comenta que os moradores do DF já estão próximos de praticar o reuso indireto da água, pois, o próximo grande sistema de captação de agua será o Lago Paranoá. “E não deixa de ser um processo de sustentabilidade. De levar aos habitantes do DF uma responsabilidade maior porque vamos ter que ter consciência de que o que usarmos vai ter impacto na água que a gente vai beber”, completou.
Sobre o evento
Paulo Antônio Lima, diretor do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados (CEFOR), ressaltou a relevância da participação de políticos e administradores da Casa em eventos como esse.
Também estava presente Rômulo de Souza Mesquita, diretor da Diretoria Administrativa (DIRAD), “A expectativa é de que seja um grande evento para a Câmara dos Deputados e para os parlamentares que são os agentes dessa transformação que nós precisamos viver aqui no Brasil”, afirmou.
Para Afrísio Vieira Lima Filho, diretor da Diretoria Legislativa (DILEG), por causa dos recentes acontecimentos ambientais no país, é fundamental trazer discussões sobre a carência de água, fontes alternativas, preservação e aproveitamento hidrelétrico.
De acordo com a professora da UnB, Rosângela Correa, quando o assunto é água, também é preciso comentar sobre o cerrado. Ela garante que é nesse bioma que nascem seis de oito bacias hidrográficas do país. Para ela, é necessário haver uma reeducação ambiental tanto da Casa, quanto dos cidadãos, para que eles possam efetivamente mudar atitudes, valores, crenças e comportamentos.
Público debate
A representante do Jardineiros do Planeta, Elisene Amorim, acredita que tem que haver a aplicação de políticas públicas na questão de preservação e coibição da destruição das nascentes. “Acho que está na hora de o poder público parar de fazer jogo e aprovar leis que são tão importantes para a preservação dos mananciais desses recursos”, afirmou.