Documentário da TV Câmara sobre Chico Mendes é duplamente premiado
Dirigido pela jornalista Dulce Queiroz, o documentário concorreu com trabalhos do mundo todo e recebeu o Troféu Alcantarea Imperialis, que leva o nome científico de uma espécie de bromélia de grande importância para a biodiversidade da Mata Atlântica. O objetivo do Festival de Friburgo é premiar filmes e vídeos que abordem problemas sociais e ambientais com profundidade de conteúdo e originalidade formal.
Dulce Queiroz já havia produzido várias reportagens abordando temas ligados ao meio ambiente e, depois de “Cartas da Floresta”, dirigiu um segundo documentário - “Geração de Energia” - sobre a produção de energia a partir de fontes limpas e sustentáveis, como o biodiesel, a energia eólica e a solar.
A diretora conta que a idéia era produzir um documentário que mostrasse não apenas a história de Chico Mendes, já bem conhecida, mas também o resultado de toda a sua luta contra o desmatamento da região: “Queríamos saber, vinte anos depois, até que ponto as reservas extrativistas - idealizadas por Chico - tinham se desenvolvido e de que forma o assassinato dele havia produzido efeitos na vida dos seringueiros da Amazônia”.
Uma equipe pequena, com apenas seis pessoas - a diretora e roteirista, dois produtores, um editor de imagens um cinegrafista e seu auxiliar - dedicou-se durante quatro meses à realização do documentário, entre a produção, gravação, edição e a finalização, incluindo oito dias de gravações no Acre.
A TV Câmara, como uma TV pública, tem como missão levar aos telespectadores temas relacionados à cidadania e ao interesse público, conforme ressalta Dulce Queiroz. “Nesse sentido, falar da luta de Chico Mendes é falar de uma das mais belas lutas do povo brasileiro, que é a defesa da biodiversidade. Chico Mendes já provou, há mais de 20 anos, que é possível preservar a Amazônia e, ao mesmo tempo, produzir atividades economicamente rentáveis”, diz a diretora.
Com narrativa em primeira pessoa, baseada nas cartas e entrevistas concedidas por Chico Mendes, o filme conta a história do líder sindical, seus confrontos com o setor ruralista e sua defesa da criação de reservas extrativistas, motivo de seu assassinato. Ao final, faz um balanço da situação atual por meio do depoimento de pessoas que conviveram com Chico, dos atuais moradores das reservas, de ambientalistas e ruralistas, investigando os resultados da luta do seringueiro.
Poucos dias após o documentário ser premiado pela segunda vez, a equipe recebeu com tristeza a notícia da tragédia causada pelas chuvas na região serrana do Rio, que devastou a cidade de Nova Friburgo, onde o festival foi realizado. Dulce lembra que a natureza tem muito para nos oferecer, mas também reage à agressões que sofre: “Infelizmente, mais uma tragédia ocorre em função da relação conflituosa entre o homem e a natureza. Precisamos aprender a buscar a harmonia entre o ser humano e o meio ambiente. Esperamos que documentários como ‘Chico Mendes, Cartas da Floresta’ ajudem as pessoas a refletir sobre essa questão”.
Ficha técnica
Documentário "Chico Mendes, Cartas da Floresta"
Roteiro e Direção: Dulce Queiroz
Imagens: Marcos Feijó
Edição de Imagens: Joelson Maia e Ranivaldo Torres
Videografismo: Ernani Pelúcio
Produção: Pedro Henrique Sassi e Rita Andrade
Trilha Original: Alberto Valério
Coordenação de Longos Formatos - TV Câmara: Dulcídio Siqueira
Duração: 43 minutos
Clique aqui para assistir ao documentário "Chico Mendes, Cartas da Floresta"