Câmara suspende irrigação do jardim do Anexo IV
Além dos enormes benefícios ambientais relativos à redução do uso de água, especialmente importantes no Distrito Federal devido à escassez natural de recursos hídricos, serão poupados anualmente R$130 mil em recursos públicos, apenas com essa medida simples, autorizada pela Diretoria Geral com apoio do Departamento Técnico da Câmara (Detec).
O jardim em frente ao Anexo IV é formado, atualmente, por grama batatais (Paspalum notatum), ipês amarelos (Tabebuia serratifolia) e palmeiras gariroba (Syagrus oleraceae) – todas espécies originais do cerrado –, além de bouganviles (Bouganvilea spectabilis), planta nativa da mata atlântica, mas resistente ao período de seca.
A grama ressecará, os ipês perderão as folhas e florirão, os bouganviles continuarão sua florada e nada acontecerá com as palmeiras. A vegetação rasteira, que aparentará estar morta, entrará em um período de dormência natural, semelhante à hibernação dos ursos. Inclusive, a rega extemporânea (como era feita) pode enfraquecê-la, fazendo que as plantas consumam de modo rápido os nutrientes que deveriam ser gastos lentamente até o seu “despertar”, no início das chuvas.
É importante lembrar que mudas que foram transplantadas em função dos novos estacionamentos serão molhadas manualmente, pois não tiveram tempo de estabelecerem sua raízes para resistirem aos meses de seca.
O período sem regas será aproveitado para algumas medidas de manutenção que são mais bem realizadas com a terra seca, como furar o solo para melhorar a aeração e a irrigação posterior, ação que poderia aumentar a compactação se fosse realizada com o solo úmido.
Testes indicam viabilidade da medida
Há cerca de quatro anos, a Seção de Manutenção de Jardins da Câmara vem testando a iniciativa de suspender a rega de gramados e árvores em outras áreas de menor visibilidade, como o Complexo Avançado, o Centro de Transmissão do Colorado e os depósitos do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), com grande sucesso. Apenas os locais ajardinados por plantas que necessitam de irrigação permanente continuam recebendo água durante a seca, para evitar a perda de exemplares. Estas espécies, por sua vez, vêm sendo gradualmente substituídas por outras, mais bem adaptadas ao clima de Brasília. Faltava o jardim localizado em frente ao Anexo IV, que, devido ao destaque do local, esperou o amadurecimento do projeto.
Segundo Rachel Osório, chefe da Seção de Manutenção de Jardins da Câmara, coordenadora da área temática Áreas Verdes e Vida Animal do EcoCâmara e autora da proposta de interrupção da irrigação, um dos objetivos da iniciativa é repensar os conceitos de paisagem e jardinagem adotadas na cidade, adaptando-os às condições locais. “Quando vamos a Paris no inverno, vemos tudo nevado, as plantas desfolhadas e achamos lindo. Muitos viajam para conhecer desertos em outros países. Precisamos reeducar a nossa maneira de olhar a natureza e ver a beleza no bioma em que escolhemos viver”, diz Rachel.
Vale lembrar que esta é apenas uma das práticas, entre muitas, que a Câmara dos Deputados vem adotando para tornar suas atividades ambientalmente sustentáveis, de um modo geral, e preservar os recursos hídricos, em particular.
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