Câmara suspende irrigação do jardim do Anexo IV

A Câmara dos Deputados inicia, este ano, um tratamento diferente do jardim da frente do Anexo IV, suspendendo a irrigação artificial durante o período de seca. As plantas do espaço, nativas do cerrado ou adaptadas ao clima deste bioma, não sofrerão com o projeto, que respeita o ciclo natural de chuvas e estiagem. A economia de água resultante da mudança também será significativa: 1.620.000 litros de água seriam utilizados apenas nos seis meses mais secos do ano para regar a área, o que representa cerca de 10% do gasto total do edifício. Tomando por base o consumo médio do brasileiro, isso equivale à água usada por 10.728 pessoas em um dia, ou por uma pessoa adulta durante 29 anos.
30/06/2010 18h45

Câmara suspende irrigação do jardim do Anexo IV

Jardins do Anexo IV 1

 Além dos enormes benefícios ambientais relativos à redução do uso de água, especialmente importantes no Distrito Federal devido à escassez natural de recursos hídricos, serão poupados anualmente R$130 mil em recursos públicos, apenas com essa medida simples, autorizada pela Diretoria Geral com apoio do Departamento Técnico da Câmara (Detec).

O jardim em frente ao Anexo IV é formado, atualmente, por grama batatais (Paspalum notatum), ipês amarelos (Tabebuia serratifolia) e palmeiras gariroba (Syagrus oleraceae) – todas espécies originais do cerrado –, além de bouganviles (Bouganvilea spectabilis), planta nativa da mata atlântica, mas resistente ao período de seca.

 A grama ressecará, os ipês perderão as folhas e florirão, os bouganviles continuarão sua  florada e nada acontecerá com as palmeiras.  A vegetação rasteira, quJardins do Anexo IVe  aparentará estar morta, entrará em um período de dormência natural, semelhante à hibernação dos ursos. Inclusive, a rega extemporânea (como era feita) pode enfraquecê-la, fazendo que as plantas consumam de modo rápido os nutrientes que deveriam ser gastos lentamente até o seu “despertar”, no início das chuvas.

 É importante  lembrar que  mudas que foram transplantadas em função dos novos estacionamentos serão molhadas manualmente, pois não tiveram tempo de estabelecerem sua raízes para resistirem aos meses de seca. 
 
 O período sem regas será aproveitado para algumas medidas de manutenção que são mais bem realizadas com a terra seca, como furar o solo para melhorar a aeração e a irrigação posterior, ação que poderia aumentar a compactação se fosse realizada com o solo úmido.

 

Testes indicam viabilidade da medida

 

 Há cerca de quatro anos, a Seção de Manutenção de Jardins da Câmara vem testando a iniciativa de suspender a rega de gramados e árvores em outras áreas de menor visibilidade, como o Complexo Avançado, o Centro de Transmissão do Colorado  e os depósitos do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), com grande sucesso. Apenas os locais ajardinados por plantas que necessitam de irrigação permanente continuam recebendo água durante a seca, para evitar a perda de exemplares. Estas espécies, por sua vez, vêm sendo gradualmente substituídas por outras, mais bem  adaptadas ao clima de Brasília. Faltava o jardim localizado em frente ao Anexo IV, que, devido ao destaque do local, esperou o amadurecimento do projeto.

 Segundo Rachel Osório, chefe da Seção de Manutenção de Jardins da Câmara, coordenadora da área temática Áreas Verdes e Vida Animal do EcoCâmara e autora da proposta de interrupção da irrigação, um dos objetivos da iniciativa é repensar os conceitos de paisagem e jardinagem adotadas na  cidade, adaptando-os às condições Jardins do Anexo IVlocais. “Quando vamos a Paris no inverno, vemos tudo nevado, as plantas desfolhadas e achamos lindo. Muitos viajam para conhecer desertos em outros países. Precisamos reeducar a nossa maneira de olhar a natureza e ver a beleza no bioma em que escolhemos viver”, diz Rachel.

Vale lembrar que esta é apenas uma das práticas, entre muitas, que a Câmara dos Deputados vem adotando para tornar suas atividades ambientalmente sustentáveis, de um modo geral, e preservar os recursos hídricos, em particular.

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