Cartas
"Por ora dou asas à minha imaginação, mas um dia virá, e este dia talvez esteja perto, no qual me desligue completamente dêsse mundo de visionários, para ir tomar parte no grêmio daqueles que, mais chegados às realidades da vida, consideram êste mundo como êle realmente é".
A Machado de Assis, 1865
A André Rebouças, 1882
A Oliveira Lima, 1882
Ao senador José Antônio Saraiva, 1882
A José Maria da Silva Paranhos, futuro Barão do Rio Branco, 1886
A José do Patrocínio, 1886
Ao jornalista Quintino Bocaiúva, 1888
A José Mariano Carneiro da Cunha, 1888
A Afonso Pena, 1890
A D. Pedro II, 1891
Fonte: Nabuco, Joaquim. Cartas a amigos. Coligidas e anotadas por Carolina Nabuco, vol. 1. São Paulo: Instituto Progresso Editorial S. A, 1949. Acervo da Câmara dos Deputados.
"Adeus, meu caro amigo. Estou sentindo falta de cartas suas e desejo de ver-me de novo perto de você. Mande-me sempre notícias. Nada me é indiferente neste desterro a que me vejo condenado, eu que podia ter a ambição de servir ao meu país, se não fôra a escravidão que o fecha, não só aos imigrantes como aos seus próprios filhos necessitados."
"Em 1878, eu estava na diplomacia, e hoje estaria muito adiantado nela se tivesse ficado fora da política. Mas a política me arrastou, e uma vez no Parlamento, irresistivelmente, o abolicionismo me atirou fora dessa outra carreira, a política, fazendo de mim um como que semeador de idéias. Nada mais."
"Eu acredito que o Imperador não cometeu o erro de julgar possível que eu, depois de ter combatido sob a bandeira abolicionista, aceitasse um emprego qualquer da escravidão que ele representa, e trocasse o meu desterro de Londres por alguma sinecura do orçamento."
"A monarquia caiu no Brasil sem haver uma queixa contra ela dos próprios republicanos, tanto que a procuraram recompensar. Nenhum dos nossos males veio dela, mas da anarquia em que ela tinha caído como instituição,isto é, pelos partidos, não pela dinastia."
"A linguagem dos jornais mostra que o descontentamento cresce sem parar, na razão da corrupção republicana. O Brasil, ou melhor, o Rio de Janeiro, está como a Califórnia, quando se descobriu o ouro, ou a África Austral com a descoberta dos diamantes. É uma grande feira a que afluem os aventureiros do mundo inteiro para enriquecer de repente."