A herança de Joaquim Nabuco
Abolicionista de berço, desde que fora batizado no Engenho Massangana, Joaquim Nabuco teve sua formação permeada por ideais libertários, chegados a ele ainda enquanto descobria as brincadeiras de menino no canavial pernambucano.
Uma rápida leitura dos diversos autores e estudiosos sobre a vida de tão ilustre personalidade nos mostra que a veia política daquele menino, senhor de engenho, instigou aventuras e ideologias sociais e humanitárias que, embora com século e meio de história, continuam atuais na organização social do Brasil de hoje.
Ainda quando criança, o que lhe aparecia como súplica humana de libertação escravista serviu-lhe também como retrato da própria dicotomia em que vivia: entre o fardo trazido pela dura realidade dos escravos a seu serviço e suas brincadeiras de pés descalços no chão coberto pelos feixes de cana. Ali foi eleita a sua formação e seu primeiro mandato de consciência política.
Distinguir, portanto, o caráter humano de Nabuco de seu trabalho como historiador e escritor, de seu perfil na diplomacia e de sua atuação como estadista é tarefa extremamente difícil, pois o roteiro quase cinematográfico de sua vida nos leva exatamente aos ensejos daquele que é cidadão do mundo, possuidor dos mesmos desejos de cada um de nós brasileiros do século XXI.
À história da Política Nacional, portanto, faltaria capítulo fundamental sem o nome e a trajetória de luta de Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo: fidalgo com paixão e trabalho atento às necessidades da sociedade brasileira, embora amante do esplendor estrangeiro que tomava como exemplo incansável.
Eleito literalmente pelo povo – em sua maioria estudantes de Pernambuco – o também jovem deputado Joaquim Nabuco externava na tribuna daquela sede da Câmara Federal, ainda no Rio de Janeiro, seu pensamento político e social com discursos e atuações que se chocavam com sua própria classe aristocrata, sem o comodismo de um lugar a ele reservado. Aprendeu a andar com suas próprias pernas e permitiu que toda uma sociedade e muitas outras gerações alçassem vôos ou, ao menos, traçassem os primeiros passos de uma liberdade histórica.
Joaquim Nabuco é, portanto, um modelo a quem devemos seguir em nossa vida pública, como cidadãos conscientes na busca constante pelo que já escrevemos por obrigação constitucional: a dignidade humana.
Dep. André de Paula DEM/PE
Dep. Maurício Rands PT/PE
Dep. Marcelo Almeida PMDB/PR
Dep. José Fernando Aparecido de Oliveira PV/MG
(Comissão organizadora das comemorações na Câmara)