Presidência da CDHM pede rigor na apuração de atentado contra covereadora paulistana Samara Sosthenes
Na noite do último sábado um homem armado fez um disparo em frente à casa da covereadora Samara Sosthenes, integrante do Quilombo Periférico do PSOL. De acordo com uma testemunha, um homem em uma moto, usando capacete e máscara, atirou com arma de fogo para o alto e fugiu em alta velocidade. A parlamentar registrou boletim de ocorrência no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no domingo.
Samara é travesti e líder de movimentos sociais. Em entrevista à imprensa, ela afirmou que “não é um caso isolado, é um recado. Tem requinte de transfobia, mas também um viés político muito forte".
Nesta terça (2/2), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES) pediu ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB/SP) “providências para garantir proteção da integridade física e imediata apuração do atentado contra a covereadora Samara Sosthenes, bem como informações sobre as medidas adotadas”.
Documento com o mesmo teor foi enviado ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (DEM) e ao procurador-geral de Justiça do estado, Mário Sarrubbo.
Desde o ano passado a presidência da CDHM tem atuado em casos similares, pedindo providência às autoridades para prevenção e investigação desses tipos de ameaças.
Já na quarta-feira (27/1), Helder Salomão pediu rigor na apuração de atentado contra a covereadora Carolina Iara (PSOL/SP). A residência dela foi alvo de tiros que teriam sido disparados de dentro de um carro branco, na noite anterior.
Carolina é intersexo (quando uma pessoa nasce com características sexuais de ambos os gêneros), negra, travesti, feminista e além de ser abertamente HIV+.
No mesmo dia, a vereadora Erika Hilton (PSOL/SP) registrou boletim de ocorrência por ameaça, depois de ser perseguida por um homem dentro da Câmara Municipal de São Paulo. Hilton é a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira no legislativo municipal. A vereadora também pediu o apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM), e passou a ter um segurança particular.
Os dois casos aconteceram na semana do "Dia da Visibilidade Trans", comemorado em 29 de janeiro.
O presidente da CDHM lembra que o Brasil “é o país com a maior número de registros de crimes letais contra LGBTs do mundo, segundo o Grupo Gay da Bahia. Só em 2018, 420 pessoas tiveram mortes violentas no Brasil. Ou seja, a cada 20 horas é assassinado um indivíduo LGBT”. O parlamentar destaca ainda que “esses crimes atentam contra o direito político de votar e de ser eleito e ferem a base dos valores democráticos e da não discriminação”.
Pedro Calvi / CDHM