Presidência da CDHM pede rigor na apuração de atentado contra covereadora paulistana Samara Sosthenes

É o terceiro caso de atentado, em uma semana, à covereadoras e vereadoras eleitas na capital paulista, todas ligadas ao movimento LGBTQIA+.
02/02/2021 20h05

Foto: Arquivo pessoal - reprodução instagram

Presidência da CDHM pede rigor na apuração de atentado contra covereadora paulistana Samara Sosthenes

Covereadora Samara Sosthenes

Na noite do último sábado um homem armado fez um disparo em frente à casa da covereadora Samara Sosthenes, integrante do Quilombo Periférico do PSOL. De acordo com uma testemunha, um homem em uma moto, usando capacete e máscara, atirou com arma de fogo para o alto e fugiu em alta velocidade. A parlamentar registrou boletim de ocorrência no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no domingo.


Samara é travesti e líder de movimentos sociais. Em entrevista à imprensa, ela afirmou que “não é um caso isolado, é um recado. Tem requinte de transfobia, mas também um viés político muito forte".


Nesta terça (2/2), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES) pediu ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB/SP) “providências para garantir proteção da integridade física e imediata apuração do atentado contra a covereadora Samara Sosthenes, bem como informações sobre as medidas adotadas”.


Documento com o mesmo teor foi enviado ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (DEM) e ao procurador-geral de Justiça do estado, Mário Sarrubbo.


Desde o ano passado a presidência da CDHM tem atuado em casos similares, pedindo providência às autoridades para prevenção e investigação desses tipos de ameaças.


Já na quarta-feira (27/1), Helder Salomão pediu rigor na apuração de atentado contra a covereadora Carolina Iara (PSOL/SP). A residência dela foi alvo de tiros que teriam sido disparados de dentro de um carro branco, na noite anterior.


Carolina é intersexo (quando uma pessoa nasce com características sexuais de ambos os gêneros), negra, travesti, feminista e além de ser abertamente HIV+.


No mesmo dia, a vereadora Erika Hilton (PSOL/SP) registrou boletim de ocorrência por ameaça, depois de ser perseguida por um homem dentro da Câmara Municipal de São Paulo. Hilton é a primeira mulher trans a ocupar uma cadeira no legislativo municipal. A vereadora também pediu o apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM), e passou a ter um segurança particular.


Os dois casos aconteceram na semana do "Dia da Visibilidade Trans", comemorado em 29 de janeiro.


O presidente da CDHM lembra que o Brasil “é o país com a maior número de registros de crimes letais contra LGBTs do mundo, segundo o Grupo Gay da Bahia. Só em 2018, 420 pessoas tiveram mortes violentas no Brasil. Ou seja, a cada 20 horas é assassinado um indivíduo LGBT”. O parlamentar destaca ainda que “esses crimes atentam contra o direito político de votar e de ser eleito e ferem a base dos valores democráticos e da não discriminação”.

Pedro Calvi / CDHM