Cota para mulheres em conselhos de estatais é aprovada em Comissão do Senado Federal

Projeto de iniciativa da Câmara dos Deputados, que estabelece para as mulheres cotas de 30% dos membros titulares de conselhos estatais, é aprovado em Comissão, mas ainda vai à CCJ do Senado Federal.
19/03/2024 15h12

Pedro França/Agência Senado

Cota para mulheres em conselhos de estatais é aprovada em Comissão do Senado Federal

Debate na Comissão do Senado

Projeto que reserva às mulheres 30% das vagas de membros titulares em conselhos de administração de estatais foi aprovado por Comissão no Senado Federal nessa terça-feira (19). A proposta é de iniciativa da Câmara dos Deputados , da deputada Tabata Amaral (PDT/SP). No Senado, o texto ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O PL 1.246/2021 abrange as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias e controladas. Também são abarcadas outras companhias em que a União, os estados ou os municípios detenham a maioria do capital social com direito a voto. As empresas abertas poderão escolher se adotarão a reserva de postos femininos — o Poder Executivo fica autorizada a criar incentivos para essa adesão.

O projeto prevê a adoção gradual da cota ao logo de três anos. Mulheres deverão ocupar, no mínimo, 10% das vagas no primeiro ano, 20% no segundo e, finalmente, 30% no terceiro. O texto estabelece que, dos postos reservados, 30% serão destinados a trabalhadoras autodeclaradas negras ou com deficiência. A política de cotas deverá ser revisada após 20 anos. O conselho que infringir as regras fica impedido de deliberar sobre qualquer matéria.

A proposta exige ainda que sejam divulgadas anualmente informações sobre a presença feminina nos níveis hierárquicos tanto das estatais quanto das empresas abertas. Deverá ser publicada a proporção de mulheres nos cargos da administração, a remuneração conforme o cargo e o gênero, além da evolução desses indicadores ao longo dos exercícios dos conselhos. 

Segundo o Censo 2022, do IBGE, as mulheres compõem 51,5% da população brasileira. Informações de 2019 mostram que 55% delas estão presentes na população economicamente ativa do país e têm elevado grau de instrução, superando a quantidade de homens com nível superior em quase 30%. Apesar disso, elas ocupam menos cargos gerenciais (37%).

Uma das autoras da proposta, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), afirma que as evidências dos benefícios da diversidade de gênero em empresas são nítidas, sendo a medida certa e justa. Ela informa, também, que diversos países estão engajados em avançar essa agenda e tornar seus mercados corporativos mais iguais e representativos.

Conforme o relator, a ampliação da presença feminina em cargos de liderança ajudará a evidenciar a competência e capacidade de gerência das mulheres, e beneficiará as empresas.

“Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), há diversos benefícios decorrentes da presença de mulheres nos conselhos de administração, como: a melhoria da performance financeira das empresas; maior qualificação do processo decisório pela ampliação das perspectivas e pontos de vista; o aprimoramento da governança corporativa; a formação de bancos de talentos; e a melhoria da reputação das empresas perante os consumidores”, afirmou Alessandro no relatório.

 

Fonte: Agência Senado