Seminário aborda desafio das mulheres empreendedoras

Seminário proposto pela deputada Adriana Ventura contou com a presença de convidadas e deputadas, que debateram os desafios da mulher empreendedora no Brasil e no mundo
16/03/2022 12h45

Foto: Billy Boss - Câmara dos Deputados

Seminário aborda desafio das mulheres empreendedoras

Seminário sobre empreendedorismo feminino

Dos 52 milhões de empreendedores no Brasil, 30 milhões (48%) são mulheres e a maioria se constitui em arrimos de família, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor de 2020 (GEM). O Sebrae registra, ainda, que o País é o sétimo com o maior número de mulheres empreendedoras em todo o mundo. Com estes indicadores, a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) explicou a importância da participação feminina no mercado empreendedor, durante seminário sobre o tema “Empreendedorismo e Protagonismo Feminino”, realizado nesta quarta-feira (16/3) por solicitada da deputada.

A iniciativa integra as atividades da campanha Março Mulher, promovida pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, e contou com a presença das deputadas Carmen Zanotto (Cidadania-SC), Tereza Nelma (PSDB-AL), Paula Belmonte (Cidadania-DF) e Aline Gurgel (Republicanos-AP), além do 1º vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

Renata Malheiros, coordenadora Nacional de Empreendedorismo Feminino do Sebrae (Sebrae Delas, programa que capacita e oferece soluções para empreendedoras), apontou que são maiores as dificuldades para a mulher empreendedora. Ela lembrou que até 1962 existia uma lei no Brasil que impedia a mulher de trabalhar sem autorização do marido, que caiu após a aprovação do Estatuto da Mulher Casada, naquele ano. Renata citou o quanto é importante as mulheres desenvolverem competências técnicas e socioemocionais para serem boas empreendedoras.

A presidente executiva da Associação de Empresas de Venda Direta (ABEVD), Adriana Colloca, explicou como a venda direta é um dos setores que mais registra empreendedoras em atuação. “São grandes os desafios e a pandemia potencializou esse mercado, mostrando como a tecnologia digital pode ser um grande aliado para a atividade das vendas diretas”, pontuou. Embora não seja uma atividade somente com a participação feminina, o mercado da venda direta, no Brasil, cresce em média 7% ao ano. Adriana informou que o Brasil é o sexto país em volume de vendas diretas. São cerca de 4,5 milhões de revendedores autônomos atuando, sendo que mais de 90% da força de venda é formada por mulheres e o principal setor em que atuam é o de produtos de beleza, de acordo com dados da ABEVD.

Mayara Rodrigues, gerente de Relações Governamentais da Mary Kay, contou a história da fundadora da empresa que, em 1963, lançou seu próprio negócio transformando um trabalho até então dominado por homens. Ela pontuou que, no mercado, ainda persistem diferenças de tratamento entre homens e mulheres: “Hoje os problemas mudaram e até aumentaram: a mulher precisa cuidar do lar e dos filhos; muitas vezes é demitida quando grávida; ainda há diferenças salariais; e ela sofre assédio moral e sexual. O setor de venda direta se torna, assim, uma solução para que a mulher possa atuar e empreender”, afirmou. Segundo Mayara, a venda direta, na empresa, representa mais de 58% da força de trabalho, em mais de cinco mil municípios brasileiros.

A cofundadora e CEO da Aliança Empreendedora, Lina Maria Useche Kempf, destacou a importância da formação e da capacitação para a mulher empreendedora: “Como organização que há 17 anos apoia microempreendedores em comunidades de vulnerabilidade, com cerca de 80% dos atendimentos voltados às mulheres empreendedoras, desde 2005 já capacitamos mais de 140 mil microempreendedores, a maioria informais e mulheres, que empreendem de suas próprias casas”. Para ela, “quando a gente fala em se empoderar, é muito importante que seja levada em consideração a auto percepção das mulheres em se reconhecerem como empreendedoras”, destacou.

Mariane Carneiro Cunha, fundadora e CEO da Ah!Sim e idealizadora do Movimento Expansão, fundou a primeira start up especializada em reformas, que atua em dois nichos de mercado marcados pela presença masculina: a construção civil e a tecnologia. Ela contou que nessa jornada de quase nove anos, percebeu “que empreender é muito difícil, mas para a mulher é um desafio maior. Ainda há grande dificuldade de acesso ao crédito e, por isso, foi criado o movimento chamado Expansão, que incentiva o empreendedorismo feminino por meio do microcrédito, como ferramenta de transformação”, informou.

Ainda durante o seminário, Aline Lima, coordenadora do Movimento Natura & CO, destacou que a mudança social e o impacto que a atuação das consultoras Natura acarreta: “A venda direta possibilita a prosperidade, o pertencimento, a possibilidade das mulheres criarem independência e autonomia, mas também que elas se tornem líderes comunitárias e impactem a sociedade”.

Já Isa Debora Miamoto, gerente de Comunicação Corporativa da Herbalife Nutrition, citou o protagonismo feminino na empresa que tem 10 mil colaboradores, sendo 51% de mulheres. “Na empresa, temos um comitê de diversidade e inclusão que incentiva o ambiente de trabalho empreendedor e possibilita que todos os colaboradores desenvolvam suas características e potenciais”, informou. A gerente também disponibilizou dados de pesquisa realizada com 9 mil mulheres de 15 países, que mostrou que 72% das entrevistadas desejam abrir seu próprio negócio (73% no Brasil). Entre os desafios, 51% das participantes da pesquisa querem conseguir investir no crescimento do negócio e cobrir seus próprios custos, e 48% querem financiar seu próprio negócio.

Exemplos e oportunidades - Como professora de Empreendedorismo e empreendedora, a deputada Adriana Ventura destacou que, muitas vezes, as mulheres querem empreender, mas, para isso, precisam estar informadas sobre programas de capacitação e valorização da atividade. Ela também pontuou que o empreendedorismo se constitui numa oportunidade de liberdade, autonomia e independência financeira para as mulheres.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) lembrou a participação da deputada Adriana Ventura na Comissão de Seguridade Social e Família, citou projetos da área de saúde que têm sido aprovados na Câmara e saudou as empreendedoras convidadas para o seminário: “As mulheres fazem a diferença. Muitos não entendem a importância de debater temas ligados às mulheres durante o mês de março, nem mesmo o tema do empreendedorismo. E por quê? Porque o empoderamento da mulher ainda incomoda e nossas desigualdades são muito grandes. Existe um abismo entre direitos, legislação e o acesso das mulheres. Temos taxas elevadas de feminicidio e violência que precisamos enfrentar. E enfrentar dizendo que as mulheres podem sair dessa situação, usando de sororidade e das oportunidades que o empreendedorismo proporciona”.

A procurada da Mulher da Câmara, deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), em participação virtual, destacou a importância do tema: “Falar sobre empreendedorismo feminino é também enaltecer o papel que as mulheres estão tomando cada vez mais na nossa sociedade, ainda machista e patriarcal, que é a de chefes e provedoras financeiras dos seus lares. Um estudo recente do Instituto Rede Mulher Empreendedora indicou que três em cada dez mulheres que empreendem no Brasil já foram vítimas de violência doméstica. E de 2.423 mulheres entrevistadas que afirmaram ter sofrido agressões de seus companheiros, 48% disseram que conseguiram se libertar dessa situação quando passaram a empreender”. Para a procuradora, “esses dados evidenciam que a autonomia financeira é uma das ferramentas mais eficazes para o combate à violência doméstica”.

A deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) deu seu depoimento de empreendedorismo quando sua mãe vendia Tupperware, quando ela era criança. “Foi algo importante, que nos ajudou, trouxe felicidade, nos mostrou que ela podia, com aquela venda direta, ser mãe e empreender. O empreendedorismo também permite a experiência da interação social”, comentou.

“A gente não costuma ver tantas mulheres empoderadas discutindo Economia na Câmara e a deputada Adriana nos incentiva a este debate”, afirmou a deputada Aline Gurgel (Republicanos-AP). Aline contou sua experiência para empreender quando ficou grávida aos 19 anos e defendeu que “se a mulher estiver mais forte, a humanidade estará mais protegida”.

 

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Ascom - Secretaria da Mulher