Secretaria da Mulher repudia violência política sofrida pela vereadora Camila Rosa, de Aparecida de Goiânia

A vereadora teve o microfone e seu direito à fala cortados a pedido do presidente da Casa
04/02/2022 18h25

Divulgação

Secretaria da Mulher repudia violência política sofrida pela vereadora Camila Rosa, de Aparecida de Goiânia

Nota de Repúdio

NOTA DE REPÚDIO

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, formada pela Coordenadoria dos Direitos da Mulher e pela Procuradoria da Mulher, como órgãos políticos e institucionais que atuam em benefício e defesa da população feminina brasileira, vem a público registrar esta NOTA DE REPUDIO por violência política sofrida pela vereadora Camila Rosa (PSD), única vereadora da Câmara de Aparecida de Goiânia que, conforme divulgado pela imprensa, teve o microfone e seu direito à fala cortado a pedido do presidente da Casa, André Fortaleza (MDB), durante discussão sobre a participação feminina na política no último dia 2 de fevereiro. A deputada chegou a chorar em Plenário e registrou queixa em uma delegacia local.

Conforme vídeos divulgados na imprensa e por plataformas e redes sociais, o presidente da Câmara citou publicação feita pela vereadora nas redes sociais, nas quais ela defende mais mulheres e minorias na política.

Uma seguidora dela comentou a publicação e seguidores da parlamentaram acusam a Câmara de Aparecida de Goiânia de ser machista. Fortaleza negou preconceito e chegou a afirmar: “Não sou contra a classe feminina, sou contra cota, oportunismo, ilusionismo. Pode ser mulher, homem ou homossexual. “Quero deixar bem claro para a senhora e sua amiga, eu não sou machista, eu sou contra fake news”.

Rosa respondeu, então, que não afirmou que o vereador era contra cotas de gênero. “Não disse que o senhor era contra cota. Se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre fala de caráter, de transparência, parece que o senhor tem algum problema com isso”.

Fortaleza, então, a interrompeu. A vereadora pediu respeito enquanto estava falando e, em seguida, o presidente da Casa pediu que o microfone dela fosse cortado. “Eu sou presidente, é a senhora que vai me respeitar. Corta o microfone dessa vereadora para mim, agora. Quer fazer circo, aqui você não vai fazer não”, disse. E prosseguiu declarando: “Vá à delegacia e registra um B.O. Fique à vontade se a senhora achar que estou cometendo um delito”, declarou.

Chorando, a vereadora disse: “É isso que fazem com as mulheres na política. É por isso que temos que procurar nossos direitos. Agora o senhor querer me desmoralizar, por um motivo que a gente sabe qual é [...] Não venha o senhor querer me desmoralizar aqui. Não vou aceitar isso”.

Desta forma, a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados manifesta sua solidariedade para com a vereadora de Aparecida de Goiânia, como tem feito em todas as situações de violência enfrentadas por mulheres e parlamentares do País. Também repudia o descumprimento do Art. 3º da Lei nº 14.192/2021 que “considera violência política contra a mulher toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher”.

A Secretaria da Mulher reforça sua posição em defesa dos avanços alcançados por meio de políticas públicas de proteção para as mulheres e reafirma que continuará não poupando esforços para combater quaisquer ações de violência, seja por palavras ou ações, de crimes de ódio e torpeza que busquem ofuscar os recentes anos de conquistas sociais alcançados pelas mulheres.

 

Brasília, 4 de fevereiro de 2022.


Secretaria da Mulher – Câmara dos Deputados