Representante do governo britânico conhece estrutura da Secretaria da Mulher
A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados recebeu nesta quarta-feira (16/08) a visita de James Dauris, vice-diretor para as Américas e chefe do Departamento da América Latina do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. Ele esteve acompanhado da vice-embaixadora britânica no Brasil, Melany Hopkins, e do assessor da Embaixada Britânica, André Spigariol.
O objetivo foi conhecer o funcionamento da bancada feminina da Câmara e abordar pautas como as consequências da guerra para os direitos humanos, especialmente os direitos das mulheres e meninas; e as medidas que estão sendo tomadas para aumentar a representação feminina e negra no Congresso brasileiro.
Receberam a autoridade britânica as deputadas Iza Arruda (MDB-PE), coordenadora em exercício da bancada feminina da Câmara; Maria Rosas (Republicanos-SP), procuradora-adjunta da Mulher; e Yandra Moura (União-SE), coordenadora de pesquisa do Observatório Nacional da Mulher na Política. Também participou a chefe de gabinete da Secretaria da Mulher, Ana Cláudia Lustosa.
Representatividade - Além de explicar o funcionamento da Secretaria, a procuradora-adjunta Maria Rosas destacou aos convidados a atuação plural e suprapartidária nos temas relacionados às pautas voltadas às mulheres e apontou que mesmo tendo eleito o maior número de deputadas (91) para esta legislatura, a representação feminina representa, ainda, apenas 18% do total de cadeiras da Câmara, enquanto a média mundial de participação de mulheres nos parlamentos mundiais é de 26%. Ela também informou sobre o papel da Procuradoria da Mulher e ressaltou que hoje, no Brasil, existem 590 Procuradorias funcionando nos legislativos municipais. Outro ponto observado pela deputada foi a instalação, em países como Estados Unidos e Itália, de espaços nas embaixadas para atendimento à brasileiras em situação de violência que vivem no exterior.
Representando a liderança da bancada feminina, Iza Arruda informou que, no Brasil, as mulheres conquistaram o direito ao voto há pouco mais de 90 anos. Ela enfatizou que ainda que o Parlamento brasileiro tenha uma baixa representatividade feminina, as mulheres apresentam altos índices de produtividade legislativa. "Somente no primeiro semestre deste ano, dos 46 projetos de lei aprovados em Plenário, 14 tinham autoria e coautoria de deputadas, número ampliado para 19 proposições com as aprovações da semana passada", destacou. A coordenadora em exercício também ressaltou que as aprovações são resultado de construção coletiva da bancada feminina: "Juntas, aprovamos tanto aqueles temas que são específicos para mulheres, como o combate à violência, como outras pautas de interesse das deputadas. E sempre buscamos o consenso", assinalou.
Pesquisas - Yandra Moura, pelo Observatório Nacional da Mulher na Política, deu seu depoimento pessoal como primeira deputada federal eleita por seu Estado, Sergipe. Pontuou a importância do Observatório como órgão de pesquisa, vinculado à Secretaria da Mulher, e as parcerias desenvolvidas com universidades do Brasil e do exterior. Também ressaltou a importância de se investir na formação das mulheres para a política: "Hoje temos a lei de cotas para mulheres, mas vários partidos não conseguem cumprir. Muitas mulheres também deixam de participar dos processos eleitorais por conta da violência política. No próximo ano, o Brasil terá novas eleições municipais. Desde já é importante incentivar para que haja maior número de candidatas mulheres", afirmou.
Intercâmbio internacional - James Dauris, do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, informou que o governo britânico prioriza assuntos ligados aos direitos humanos e destacou a visita como parte do intercâmbio de experiências sobre políticas públicas voltadas às mulheres. "Temos interesse na pauta dos direitos humanos, dos povos indígenas, mulheres e crianças. Há uma preocupação com o impacto da guerra na Ucrânia sobre essas populações. Nosso interesse comum com o Brasil é avaliar experiências exitosas de atendimento a esses públicos e, por isso, este diálogo com as representantes da bancada feminina da Câmara", assinalou.
A vice-embaixadora britânica no Brasil, Melany Hopkins, esclareceu que o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido escolheu o Brasil como prioridade para debates e financiamento de políticas estratégicas voltadas ao enfrentamento à violência contra mulheres e meninas, o que inclui trabalho escravo e tráfico humano, e também o combate ao crime organizado.
Ascom - Secretaria da Mulher