Participação feminina cresceu nas eleições municipais deste ano

Cinquenta cidades brasileiras disputam o 2º turno neste domingo (28). Dezessete são capitais e 33, municípios do interior com mais de 200 mil eleitores. Do total de cem candidatos, apenas oito mulheres continuam na disputa por uma prefeitura. Nas capitais, dos 34 candidatos, há apenas uma mulher: a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que disputa o segundo turno contra Arthur Neto (PSDB), em Manaus (AM). Apesar disso, a participação feminina cresceu nestas eleições, em comparação com as eleições de 2008. Neste ano, na disputa para prefeito, 673 mulheres venceram ou foram para o 2º turno, 12% do total. Em 2008, 506 mulheres, ou 9% do total, foram eleitas prefeitas. Para as câmaras municipais, 7.653 mulheres foram eleitas em 2012, 13,33% do total. Em 2008, 12,53% do total de vereadores eleitos eram mulheres. A diferença nas candidaturas femininas foi expressiva. Neste ano, 31,89% dos candidatos a vereador eram mulheres. Em 2008, apenas 22% dos candidatos eram do sexo feminino.
26/10/2012 17h20

O aumento pode ser explicado porque, em 2009, o Congresso Nacional aprovou a minirreforma eleitoral (Lei 12.034/09). Pela nova lei, os partidos foram obrigados a preencher 30% das vagas em eleições proporcionais com candidatos de um dos sexos. Antes, a lei obrigava apenas a reserva de 30% das vagas, e não o preenchimento efetivo.

A ocupação de 31% das vagas de candidatos, porém, ainda não se refletiu na eleição de mulheres, já que apenas pouco mais de 13% dos eleitos a vereador são mulheres.

Segundo a coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), essas eleições representaram um avanço, mas é preciso fazer mais. "Nós, mulheres, somos 52% da população, e queremos paridade feminina na política."

Para a deputada, é preciso investir numa reforma política profunda, com financiamento público de campanhas, para garantir igualdade de condições na disputa entre homens e mulheres.

Ranking mundial
Um estudo da União Interparlamentar, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), colocou o Brasil na 120ª posição em ranking da proporção de mulheres nos parlamentos, atrás de países islâmicos como Paquistão, Sudão e Emirados Árabes Unidos. Do total de 513 deputados, apenas 42 mulheres (8,18%) foram eleitas para esta legislatura.

Apesar disso, o cientista político Alexandre Horta avalia que, nas próximas décadas, a participação política vai se tornar paritária. "Eu acho que, em no máximo 30 anos, haverá uma igualdade entre os gêneros dentro do Parlamento, das prefeituras, das câmaras estaduais e de vereadores." O cientista político afirma, no entanto, que, para isso, é preciso que os partidos invistam mais na participação feminina.