Pacientes com câncer foram prejudicados pela pandemia de Covid-19

Realização de mamografias diminuiu 40% em 2020, e 18% em 2021, dificultada pela pandemia de Covid-19.
19/10/2022 09h55

Foto: Billy Boss - Câmara dos Deputados

Pacientes com câncer foram prejudicados pela pandemia de Covid-19

Participantes do debate sobre os impactos da pandemia no enfrentamento ao câncer de mama

A pandemia teve impacto direto na realização de exames de rastreamento do câncer de mama. Em 2020, o número de mamografias realizadas caiu 40%; e, em 2021, a queda foi de 18%. O alerta foi dado pela representante da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) Luciana Landeiro, durante audiência pública realizada na terça-feira (18/10) pela Secretaria da Mulher e Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados, em conjunto com Procuradoria Especial da Mulher do Senado Federal, como parte das atividades da campanha Outubro Rosa de 2022. 

Luciana Landeiro acrescentou que o fato de as mulheres com menos de 50 anos não estarem na recomendação do Ministério da Saúde para a realização da mamografias deixa de fora casos de câncer de mama diagnosticados em pacientes entre 40 e 50 anos (25%) e em mulheres com menos de 40 anos (17%).

A representante do Instituto do Câncer, Liz Maria de Almeida, afirmou que a recomendação da mamografia acima dos 50 anos prevista na Política Nacional de Prevenção ao Câncer se deve ao fato de que nessa faixa etária o exame é mais eficaz na prevenção da mortalidade. 

Liz Maria também disse que o Brasil precisa adotar o rastreamento organizado, ao invés do rastreamento oportunista, que é quando alguém procura o serviço de saúde para então realizar seus exames. Ela explica que, no rastreamento organizado, existe um cadastro da população na clínica da família, mesmo se a pessoa tiver acesso a plano de saúde. "Todas as pessoas têm que estar cadastradas. Esse cadastro tem que ser sempre atualizado e essas pessoas têm que receber uma comunicação: está na época de fazer seu exame. Ela recebe a comunicação para, então, se dirigir a um determinado posto ou unidade de saúde próxima da sua residência e realizar o exame”, explicou. 

O representante da Femama – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, Ricardo Caponero, destacou que, após o represamento de exames e do tratamento de pacientes durante a pandemia, é preciso investir mais recursos para que os atendimentos sejam realizados dentro do prazo determinado pela legislação. 

Cortes - A deputada Vivi Reis (Psol-PA), 2ª procuradora-adjunta da Procuradoria da Mulher, que coordenou o debate, alertou para o fato de que o atendimento às pacientes está sendo prejudicado pelos sucessivos cortes realizados pelo atual governo na área de saúde. “É muito importante falar sobre o financiamento do SUS, num contexto de um teto de gastos que atinge diretamente a questão do financiamento do SUS e do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Muitas mulheres necessitam das políticas de assistência para poder cuidar da sua saúde e sustentar suas famílias. É um conjunto de políticas prejudicados pelo teto de gastos", declarou.

Já a representante do Instituto Oncoguia, Helena Esteves, pediu ao Ministério da Saúde que agilize a compra dos inibidores de ciclina (usados na saúde suplementar para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático), aprovados há mais de seis meses pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), órgão que aprova novos medicamentos para o SUS. O governo tem prazo de seis meses para adquirir e disponibilizar esses medicamentos para a população.

 

Assista à íntegra do debate pela TV Câmara.

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias