Mulheres negras são maioria das vítimas de feminicídio e as que mais sofrem com desigualdade social

A Câmara dos Deputados realizou comissão geral nesta terça-feira (30/11) para discutir a desigualdade e a violência contra a mulher negra no Brasil. A deputada Tia Eron (Republicanos-BA), que presidiu a sessão, disse que o importante é fazer o combate ao racismo todos os dias.
01/12/2021 15h50

Foto: Paulo Sérgio - Câmara dos Deputados

Mulheres negras são maioria das vítimas de feminicídio e as que mais sofrem com desigualdade social

Mesa principal da Comissão Geral

O secretário nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Paulo Roberto, destacou que, das 1.350 mortes por feminicídio em 2020, a maioria foi de mulheres negras: “Ninguém nasce racista, isso é uma construção social. E, se foi construído, podemos destruir. É isso que nos alenta. Podemos destruir com atitudes para afastar essa questão cultural, e investir nas novas gerações para que seja risível em pouco tempo falar em racismo", disse. 

A secretária de Segurança Pública da Bahia, Denice Santiago, afirmou que, durante a pandemia, a cada oito minutos uma mulher sofre violência e mais da metade são negras. Anielle Franco – irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 – destacou a morte por balas perdidas de mais de 15 gestantes durante a pandemia no Rio de Janeiro.

Aborto inseguro - Para a jurista Soraya Mendes, muitas grávidas negras também morrem por causa de abortamentos inseguros. Ela destacou, além disso, o caso de Luciana Barbosa, lésbica negra que foi assassinada em 2016 por policiais militares. E explicou que o caso foi considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um exemplo de racismo estrutural. 

A deputada Vivi Reis (Psol-PA) apontou a desigualdade de condições das mulheres negras no país: “Precisamos analisar hoje o quanto as mulheres negras ainda estão trabalhando nas casas das pessoas brancas. Ainda estão nos trabalhos de baixa remuneração, ainda estão fora dos espaços da universidade.” 

A ativista cultural Beth de Oxum criticou o conteúdo de programas da TV aberta que, segundo ela, tratam as religiões de origem africana de maneira discriminatória.

Assista aqui a íntegra da Comissão Geral.

Fonte: Agência Câmara Notícias