Especialistas ressaltam eficácia da navegação de pacientes nos casos de câncer de mama

Seminário debateu desafios para o enfrentamento do câncer de mama no Brasil, como parte da programação da campanha Outubro Rosa.
12/10/2022 09h20

Foto: Felipe Couto - Câmara dos Deputados

Especialistas ressaltam eficácia da navegação de pacientes nos casos de câncer de mama

Deputada Tereza Nelma e deputado Weliton Prado, durante seminário

Para implementar a nova lei que estabeleceu o Programa Nacional de Navegação de Pacientes com Câncer de Mama (Lei 14.450/2022) é preciso garantir na sua regulamentação a melhoraria da coordenação dos atendimentos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). O alerta foi dado pela representante do Instituto Avon, Renata Rodovalho, durante seminário realizado pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (11/10). 

Ela destacou a experiência realizada no Hospital de São João de Meriti (RJ), entre janeiro e julho de 2020, que resultou na melhoria do atendimento dos pacientes. Segundo ela, houve uma "pequena intervenção de reorganização do fluxo de atendimento" na atenção ao câncer de mama.  "Passamos de 24% para 86% de sucesso no cumprimento da lei dos 60 dias. Esse resultado não é trivial, é muito impactante. A partir disso, o Instituto Avon passou a destinar boa parte do seu investimento para promover e levar a navegação de pacientes como uma bandeira, uma prioridade nos nossos investimentos na causa do câncer de mama”, disse.

Billy Boss/Câmara dos Deputados
Seminário - Desafios e possibilidades para o câncer de mama no Brasil. Renata Rodovalho - COORDENADORA DE PARCERIAS DO INSTITUTO AVON
Renata Rodovalho destacou experiência realizada no RJ

 

A navegação é o acompanhamento do paciente desde a sua entrada no serviço de saúde, e para que funcione corretamente em todo o País, a representante do Instituto do Câncer, Liz Maria de Almeida, afirmou que é preciso investir na capacitação dos profissionais que vão acompanhar o paciente dentro do SUS. “Investimento na saúde tem sim que ser muito grande, então a gente vai ter que ter recursos para treinar o pessoal; mas a gente tem que, acima de tudo, tentar fazer com que a proposta de navegação alavanque a organização”.

A procuradora da Mulher da Câmara, deputada Tereza Nelma (PSD-AL) destacou que o câncer de mama é a principal causa de morte entre mulheres antes dos 70 anos. Ela reforça que, como não existe prevenção, os exames são fundamentais para o diagnóstico da doença e para o cumprimento da legislação é preciso o esforço dos gestores nas três esferas de governo.

“Na grande maioria dos casos, a realização dos exames de rastreamento é essencial para a descoberta do câncer de mama em seu estágio inicial, o que favorece o tratamento e as chances de cura”. A nova lei da navegação de pacientes é resultado de projeto de lei (Projeto de Lei 4171/2021), apresentado pela deputada Tereza Nelma.

Dados da Pesquisa realizada pelo Observatório de Oncologia em parceria com o Instituto Avon mostram que o Brasil ainda está longe da cobertura ideal dos exames de mamografia, que deve ser de 70%, mas que atualmente varia de 9% a 21% nas diversas regiões. Ainda segundo a pesquisa, 42% dos procedimentos foram realizados em pacientes com a doença já em estado avançado, prejudicando as chances de sobrevivência.

Infográficos - Com apoio da Secretaria da Mulher e do Observatório de Oncologia, o Instituto Avon apresentou indicadores do câncer entre as mulheres no Brasil. Os infográficos foram projetados no hall de entrada do Anexo II da Câmara dos Deputados. Comparando ao período da pandemia, os slides mostram que o número de mamografias caiu 40% em 2020 e 18% em 2021. Antes da pandemia, a taxa de cobertura mamográfica no País era de 23% e, nos anos de 2020 e 2021 diminuiu para 17%. As regiões com menor cobertura do exame são o Norte e o Centro Oeste.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cobertura deste tipo de exame, para ser eficaz na detecção precoce da doença, deve alcançar pelo menos 70% das mulheres na faixa etária entre 40 e 69 anos. Se aplicado, este número pode reduzir em até 35% o número de mortes por câncer de mama.  No Brasil, em média 42% dos diagnósticos acontecem em estágio avançado da doença, sendo que os dois anos mais críticos da pandemia alcançaram o maior percentual (43% a 45% dos casos identificados tardiamente). A taxa de identificação tardia da doença alcança mais mulheres negras (47%) do que brancas (39%), o que aponta para a desigualdade no acesso aos exames e tratamentos.

 

Confira estes e outros dados no infográfico abaixo, produzido pelo Instituto Avon.

 

 

Reveja a íntegra do seminário aqui!

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias