Projeto se destaca ao combater a violência doméstica em MT
Implantado em 2012, o projeto a partir deste ano passou a contar com os ciclos de palestras onde participam, em média, 50 pessoas entre homens e mulheres. Vítimas e agressores ficam em ciclos separados. Participar das palestras não é uma opção, mas uma determinação judicial.
"Por meio dos atendimentos psicológicos e visitas da assistente social, tem sido possível descortinar as causas e os efeitos da violência, o que permite oferecer tratamento adequado às vítimas e também ao agressor, haja vista que o simples fato de afastá-lo da vítima não impede que este vitime outras mulheres com quem venha a ter futuros relacionamentos", acredita o juiz Anderson Candiotto, da 1ª Vara Mista de Mirassol D´Oeste.
Acompanhamento - Conforme o magistrado, com os ciclos de reflexão, que acontecem uma vez por mês, tem-se buscado a compreensão pelas mulheres da importância de elas se submeterem ao tratamento e ao acompanhamento psicológico, a fim de que seja restabelecida a autoestima e restaurada a dignidade. As vítimas também são incentivadas a se capacitarem e a alcançarem a independência emocional e financeira, tudo, segundo o juiz, "para que não aceitem se submeter a nenhum tipo de violência".
Com os homens, o trabalho realizado nos ciclos tem o objetivo de fazê-los entender o prejuízo que a violência acarreta a toda família e também à sociedade, e que problemas de qualquer natureza devem ser resolvidos por meio do diálogo e não pela violência, seja ela de qualquer natureza. Além disso, tanto homens quanto mulheres estão sendo instruídos acerca da Lei Maria da Penha.
Resultados - O magistrado destaca que o projeto já tem resultados positivos. Ele cita como exemplo o caso de um agressor que teve a prisão preventiva decretada e que durante o tempo em que ficou foragido procurava a esposa para reatar o relacionamento. A vítima disse ao esposo que só o aceitaria de volta se ele se entregasse à Justiça e se submetesse ao tratamento que está sendo desenvolvido pelo projeto.
"O agressor, confiando no trabalho do projeto e no intuito de se recuperar para ter um relacionamento saudável com sua esposa, entregou-se para que fosse efetuada sua prisão e atualmente ambos estão inseridos no Projeto Flor de Lótus, a fim de retomarem o relacionamento amoroso de forma saudável e harmoniosa para toda a família", comenta o magistrado.
A psicóloga que acompanha os ciclos de palestras, Izaura Martinho, ressalta que, no começo do Flor de Lótus, a maior dificuldade em relação as vítimas foi fazê-las acreditar no projeto. "Elas vêm de relacionamentos traumáticos, onde sofreram agressão física e psicológica, estão magoadas e sem forças para recomeçar. No segundo módulo das palestras, já sentimos a mudança neste tipo de comportamento. A aceitação foi maior, a procura aumentou e os resultados começaram a aparecer".
Fonte: TJMT