Projeto se destaca ao combater a violência doméstica em MT

Mulheres vítimas de violência doméstica que procuram a Comarca de Mirassol D´Oeste (MT) em busca de medida protetiva têm conseguido muito mais que uma decisão judicial. Elas, assim como os agressores, são inseridas no Projeto Flor de Lótus, que por meio de ciclos de reflexão, com psicóloga e assistente social, ajudam a resgatar a autoestima, restaurar a dignidade e restabelecer o diálogo entre as partes.
15/04/2013 18h58

Divulgação

Projeto se destaca ao combater a violência doméstica em MT

Tribunal de Justiça de Mato Grosso

Implantado em 2012, o projeto a partir deste ano passou a contar com os ciclos de palestras onde participam, em média, 50 pessoas entre homens e mulheres. Vítimas e agressores ficam em ciclos separados. Participar das palestras não é uma opção, mas uma determinação judicial.

"Por meio dos atendimentos psicológicos e visitas da assistente social, tem sido possível descortinar as causas e os efeitos da violência, o que permite oferecer tratamento adequado às vítimas e também ao agressor, haja vista que o simples fato de afastá-lo da vítima não impede que este vitime outras mulheres com quem venha a ter futuros relacionamentos", acredita o juiz Anderson Candiotto, da 1ª Vara Mista de Mirassol D´Oeste.

Acompanhamento - Conforme o magistrado, com os ciclos de reflexão, que acontecem uma vez por mês, tem-se buscado a compreensão pelas mulheres da importância de elas se submeterem ao tratamento e ao acompanhamento psicológico, a fim de que seja restabelecida a autoestima e restaurada a dignidade. As vítimas também são incentivadas a se capacitarem e a alcançarem a independência emocional e financeira, tudo, segundo o juiz, "para que não aceitem se submeter a nenhum tipo de violência".

Com os homens, o trabalho realizado nos ciclos tem o objetivo de fazê-los entender o prejuízo que a violência acarreta a toda família e também à sociedade, e que problemas de qualquer natureza devem ser resolvidos por meio do diálogo e não pela violência, seja ela de qualquer natureza. Além disso, tanto homens quanto mulheres estão sendo instruídos acerca da Lei Maria da Penha.

Resultados - O magistrado destaca que o projeto já tem resultados positivos. Ele cita como exemplo o caso de um agressor que teve a prisão preventiva decretada e que durante o tempo em que ficou foragido procurava a esposa para reatar o relacionamento. A vítima disse ao esposo que só o aceitaria de volta se ele se entregasse à Justiça e se submetesse ao tratamento que está sendo desenvolvido pelo projeto.

"O agressor, confiando no trabalho do projeto e no intuito de se recuperar para ter um relacionamento saudável com sua esposa, entregou-se para que fosse efetuada sua prisão e atualmente ambos estão inseridos no Projeto Flor de Lótus, a fim de retomarem o relacionamento amoroso de forma saudável e harmoniosa para toda a família", comenta o magistrado.

A psicóloga que acompanha os ciclos de palestras, Izaura Martinho, ressalta que, no começo do Flor de Lótus, a maior dificuldade em relação as vítimas foi fazê-las acreditar no projeto. "Elas vêm de relacionamentos traumáticos, onde sofreram agressão física e psicológica, estão magoadas e sem forças para recomeçar. No segundo módulo das palestras, já sentimos a mudança neste tipo de comportamento. A aceitação foi maior, a procura aumentou e os resultados começaram a aparecer".

Fonte: TJMT