Coordenadora da bancada feminina defende deputada Luisa Canziani contra violência política e institucional

A coordenadora da bancada feminina, deputada Celina Leão (PP-DF), defendeu em Plenário nesta quarta-feira (23/6) a deputada federal Luisa Canziani (PTB-PR), acusada por parlamentares de utilizar um microfone durante a gravação de um programa de televisão para gravar conversas não autorizadas. As deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alice Portugal (PCdoB-BA) e Joice Hasselmann (PSL-SP) também se solidarizaram.
23/06/2021 21h35

Foto - Pablo Valadares - Câmara dos Deputados

Coordenadora da bancada feminina defende deputada Luisa Canziani contra violência política e institucional

Celina Leão, coordenadora da Bancada Feminina

A Coordenadora da Bancada Feminina, deputada Celina Leão (PP-DF), defendeu em Plenário nesta quarta-feira (23/6) a deputada federal Luisa Canziani (PTB-PR). Ela foi acusada por parlamentares de utilizar um microfone durante a gravação de um programa de televisão para gravar conversas não autorizadas. Celina Leão afirmou que o que ocorreu com a deputada paranaense foi “uma afronta” e que, em nome da bancada feminina, se posiciona e o fará todas as vezes que for necessário, em favor das mulheres que estão legitimamente atuando dentro dos seus direitos.

A coordenadora esclareceu que a deputada Luisa Canziani estava sendo (foto) monitorada por uma emissora de televisão, o que foi feito em acordo para a gravação de um programa que iria acompanhar a rotina de atividades da parlamentar durante a semana. “Ela entrava em todas as reuniões com o microfone, previamente autorizado e desligado. Inclusive a deputada teve reunião com a bancada feminina e com o Procurador-Geral da República, portando o equipamento, autorizado pela segurança, estava desligado. Ela teve várias reuniões com deputados. E nos momentos em que ia gravar, ela ligava o microfone e avisava os colegas. E assim a deputada Luisa Canziani foi acompanhada a semana toda, bem como o deputado Israel”, explicou.

Foto - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Para a deputada Celina, “o que choca muito é que a deputada Luisa Canziani fazia a defesa do home schooling, que é um texto da base do governo, e foi brutalmente - e isso é violência política - achincalhada pelos colegas que, quando perguntaram a ela, começaram a filmar a deputada sem sua autorização”, alertou em Plenário a Coordenadora da Bancada Feminina.

Ao destacar o fato como um episódio de violência política, Celina Leão disse que é preciso respeitar e acreditar na palavra da deputada, “independentemente da emissora”, quando ela disse que o microfone estava desligado. Celina denunciou ainda que parlamentares colocaram a informação nas redes sociais e julgaram e condenaram a deputada, que é a mais nova parlamentar da Bancada Feminina. “Eu peço aos homens, aos nossos deputados, que gostam tanto de falar que protegem as mulheres, que tomem cuidado quando julgam uma colega no Parlamento sem verificar o que ela fez. Ela não gravou ninguém. Ela esteve comigo, com a deputada Margarete Coelho e com o Procurador-Geral da República com o microfone autorizado. Ela esteve com a Bancada Feminina sem que o microfone estivesse ligado e em reunião num Ministério”, informou.

Repercussão - Logo após a fala da coordenadora, o deputado Marcelo Freixo (RJ), líder da Minoria na Câmara, lembrou ao presidente da sessão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que a fala da deputada Celina Leão representava uma denúncia e que, independentemente do local onde ocorreu, não é menos grave e precisa ser apurada porque partiu de um deputado. “Esta Casa sabe quem cometeu esse ato de machismo criminoso”, afirmou Freixo. O presidente Marcelo Ramos disse que os acontecimentos mencionados não ocorreram na Câmara.

As deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Joice Hasselmann (PSL-SP) também se manifestaram. “Quero parabenizar a deputada Celina Leão pela coragem e determinação como coordenadora da bancada feminina. E quero dizer que a Luisa Canziani é a mais jovem deputada desta Casa. Sou membro da Comissão de Educação, com a Luisa, e acompanho seu crescimento no dia a dia. Além de uma Casa Legislativa, nós somos, independentemente da opinião política e ideológica, uma escola de formação dos quadros que dirigirão este País. Então, é preciso aplacar qualquer tentativa de manutenção de um clima negativo e de agressões entre parlamentares desta Casa. A deputada Luisa Canziani merece nosso desagravo. Se ela puder e se sentir-se forte, como foi a deputada Joice Hasselmann, faça a denúncia nominal. Estaremos de pé para defendê-la”, disse Alice Portugal.

A deputada Jandira Feghali também se associou à deputada Celina Leão em suas palavras, e pediu que a deputada Luisa Canziani solicite formalmente o apoio, para que seja levada a questão ao Conselho de Ética. “Não é a primeira vez e, se não agirmos, não será a última. A violência política de gênero, com este nome, é um conceito novo, mas essas violências são antigas, e precisamos dar um paradeiro a isso. A solidariedade aqui sempre existiu da nossa parte. Esperamos que ela se amplie para os homens da Casa. A deputada Celina Leão disse que muitos deputados acompanharam essa violência, mas ela começou por um parlamentar que, segundo sabemos, foi o deputado Eduardo Bolsonaro. Então, é preciso que a deputada Luisa Canziani se manifeste e nós a acompanharemos em sua denúncia no Conselho de Ética”, disse Jandira Feghali.

Por sua vez, a deputada Joice Hasselmann lembrou que durante um ano e meio foi vítima dessa covardia: “São machões de quartel que me agrediram com todos os nomes, de todas as formas, com todo tipo de fake news. Eu representei no Conselho de Ética, mas, infelizmente, houve um corporativismo”. Ela espera que não se chegue a uma agressão física contra uma mulher para que seja tomada uma providência.

 

Ascom - Secretaria da Mulher