Caso Manuela D´Ávila: Secretaria da Mulher se reúne com governador do Rio Grande do Sul
A pedido da Secretaria da Mulher da Câmara, deputadas estiveram reunidas na tarde desta segunda-feira (28/6) com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o vice-governador, delegado Ranolfo Vieira Júnior, para tratar das ameaças que a ex-deputada Manuela D´Ávila (PCdoB) e sua filha vem sofrendo. No final do mês de maio, sua filha de cinco anos recebeu ameaças de estupro em redes sociais. Em junho, a própria Manuela também foi alvo de ameaças de morte, após o pai de um aluno da escola da filha vazar uma foto em grupos de WhatsApp. As denúncias estão sendo investigadas pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Polícia Civil e Ministério Público.
A coordenadora da bancada feminina da Câmara, deputada Celina Leão (PP-DF), explicou que o pedido do encontro se deu pelo fato das deputadas da bancada federal estarem solidárias com a ex-deputada Manuela D´Ávila e contra todas as formas de violência política contra as mulheres, que é diária e independe de partido. “Acatamos este pedido de socorro da Manuela, com que a bancada feminina se solidariza, ainda mais pelo fato absurdo de envolver sua filha numa situação de total insegurança. Nenhuma mulher merece passar por isso. Temos certeza de que a trajetória e a sensibilidade do governador em abraçar a pauta das mulheres não nos deixará sem respostas”, declarou.
A procuradora da Mulher, deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), reforçou o apoio da Procuradoria da Mulher e informou que esta semana a Secretaria e a Procuradoria da Mulher lançam o Observatório Nacional da Mulher na Política, justamente para debater, monitorar casos e analisar indicadores deste tipo de violência.
Para a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), 3ª coordenadora adjunta da bancada feminina, o que ocorre com Manuela e com tantas outras candidatas e eleitas “não é um crime contra uma mulher, mas sim contra o estado democrático de direito”. Por sua vez, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), 2ª procuradora da Mulher, reforçou a solidariedade e a participação da Procuradoria da Mulher no apoio à Manuela.
Ações do governo estadual - O governador Eduardo Leite informou que a questão recebe toda a atenção do Estado do Rio Grande do Sul, “não apenas pelo fator de segurança pública, mas pela defesa do interesse de uma cidadã e pela própria pauta política do livre exercício da atividade e da manifestação de convicções, que não podem ser constrangidas numa democracia”. Ela destacou que é preciso garantir a integridade de quem se manifesta ou de um familiar e que o caso é especialmente chocante por envolver uma criança. “Por isso mesmo, imediatamente após a denúncia a secretária de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Regina Becker, emitiu nota de repúdio em nome da Secretaria e do Governo e determinei à nossa chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, que cuidasse do assunto com dedicada atenção”, declarou Leite.
O vice-governador Ranolfo e a delegada Nadine frisaram que os indicadores de violência no Estado estão diminuindo e que o caso de Manuela está sendo acompanhado com toda a atenção. Nadine, inclusive, lembrou que é “simbólico uma mulher estar como primeira chefe de Polícia no Estado, e que tem total liberdade e apoio para conduzir seus trabalhos”, ressaltando a figura dos homens do governo do Rio Grande do Sul que reconhecem o papel das mulheres nas instituições. A delegada também informou que já foram solicitadas quebras de sigilos telemáticos junto aos provedores das redes sociais para as investigações e que está sendo oferecido suporte à família de Manuela desde a primeira ocorrência, no final de maio.
Manuela D´Avila foi deputada federal pelo Rio Grande do Sul entre 2007 até 2015, deputada estadual de 2015 a 2019 e candidata a vice-presidente da República na eleição de 2018. Ela agradeceu o apoio da bancada feminina e disse que como ex-deputada sabe da importância do combate à violência contra a mulher em todos os sentidos, que não apenas a afeta, mas a todas as mulheres brasileiras: “Esta pauta não é só minha. É influenciada pela escolha de quem sofre a violência política e a bancada feminina da Câmara participando desta reunião se mostra mais forte”, afirmou.
Apoio da bancada feminina - Também participaram do encontro virtual as deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Margarete Coelho (PP-PI) e Rose Modesto (PSDB-MS). A deputada Margarete Coelho reforçou a importância das investigações e citou que há projetos em tramitação no Congresso Nacional que tratam da violência política contra mulheres.
Jandira Feghali disse esperar uma resposta do governador e das autoridades, à altura do que está acontecendo no Brasil. “A subnotificação da violência doméstica é grande, mas a violência política é praticamente invisível. Parece que esta violência não existe, mas ela é crescente, e mais absurda quando impede que uma criança de cinco anos exerça sua atividade regular na escola. Não queremos virar nome de rua”, alertou a deputada.
28/06/2021- Ascom - Secretaria da Mulher