Câmara dos Deputados terá espaços com nomes de mulheres
Hoje (16) foram descerradas as placas que nomearão diversos espaços na Casa, que levarão o nome de mulheres históricas, de diversas áreas. Aprovado no último dia 10 de dezembro, no encerramento das atividades alusivas aos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, os espaços passarão a se chamar:
PRC 54/2020, dá ao corredor de acesso ao Plenário da Câmara dos Deputados a denominação Tereza de Benguela.
Tereza de Benguela é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial, no século XVIII, quando viveu na Vila Bela da Santíssima Trindade, que era a primeira capital de Mato Grosso. Foi casada com José Piolho, fundador e chefe de um Quilombo situado na atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia e após o seu assassinato (1750), assumiu o Quilombo, o maior de Mato Grosso, com cerca de 3 mil pessoas. Conduziu a comunidade de forma hábil, trazendo prosperidade ao Quilombo. Construiu um forte aparato de defesa e utilizou os objetos de ferro empregados para acorrentar as pessoas negras como instrumentos de trabalho, pois no Quilombo dominaram a forja do ferro. Tereza também articulou no Quilombo uma espécie de parlamento para decidir as ações da comunidade. Mas a força econômica e militar do Quilombo Quaritetê governado por Tereza incomodou o governo escravagista e após anos de ataques e de resistência, ele foi conquistado em 1770. Em homenagem a Tereza de Benguela, o dia 25 de julho é oficialmente no Brasil o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
O PRC 71/2020, nomeia o Plenário 2 do Anexo II da Câmara de Ceci Cunha.
Ceci Cunha foi uma médica e professora, vereadora eleita em 1988 e 1998. Também foi deputada federal eleita por Alagoas em 1995, renunciando ao seu mandato de vereadora. No Parlamento, atuou em diversas frentes em prol da saúde, tendo ainda se dedicado a outras pautas, como o transporte. Ceci foi assassinada a mando de seu primeiro suplente, em 16 de dezembro de 1998, na mesma noite em que havia sido diplomada deputada federal reeleita. A violência a qual foi vítima reflete, em certo grau, as inúmeras estratégias adotadas no curso da história visando negar ou minimizar a participação feminina na vida política do país.
O PRC 59/2020, dá ao Plenário 13 do Anexo II da Câmara dos Deputados a denominação Marília Chaves Peixoto.
Marília Chaves Peixoto foi uma notável pesquisadora, matemática, engenheira e Doutora em Ciências, sendo a primeira brasileira eleita para a Academia Brasileira de Ciências (1951). Ela quebrou paradigmas ao estudar Matemática numa época em que as Ciências Exatas e a Tecnologia eram áreas dominadas pelos homens. Marília dirigiu o Gabinete de Mecânica daquela instituição acadêmica, desenvolvendo esplendidamente uma série de pesquisas, em particular sobre funções convexas, que teve grande repercussão internacional. Marília também lecionou cálculo e mecânica na Escola Nacional de Engenharia.
O PRC 55/2020 dá ao Plenário 11 do Anexo II da Câmara dos Deputados a denominação Anésia Pinheiro Machado.
Anésia Pinheiro Machado foi uma aviadora, jornalista e exploradora brasileira. Foi a segunda mulher a conseguir um brevê de aviadora no país e a primeira a realizar um voo solo em céu nacional, além de ter sido a primeira mulher a realizar um voo com passageiro; foi a primeira brasileira a completar um voo acrobático. Foi também a primeira brasileira a realizar um voo interestadual entre o Rio e São Paulo, nas comemorações do centenário da Independência, em 1922. E em 1951, conquistou um feito histórico a bordo de um monomotor, onde voou de Nova York para o Rio de Janeiro. Em seguida, atravessou a Cordilheira dos Andes, indo de Santiago, no Chile, até a cidade de Mendoza, no interior da Argentina. Anésia conquistou o recorde feminino de voo em altitude até então alcançado. Participou da Revolta Paulista de 1924, sobrevoando as tropas legalistas e jogando flores e panfletos com a frase "E se fosse uma bomba?". Por conta disso, foi detida e proibida de voar durante algum tempo. Anésia lutava pela equidade de gênero na aviação, que era considera uma profissão masculina. Em 1954 foi nomeada Decana Mundial da Aviação Feminina pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI).
Além dos Projetos de Resolução aprovados no último dia 10, hoje também foi descerrada a placa que dará nome ao espaço onde está afixada a Galeria Histórica das Deputadas Federais, é o PRC 79/2019, que dá o nome de “Ala Celina Guimarães Viana – Patrona do Voto Feminino no Brasil”, ao espaço, que fica no Anexo II da Câmara dos Deputados.
A Professora Celina Guimarães Vianna foi a primeira eleitora do Brasil, alistando-se aos 29 anos de idade. Com o advento da Lei nº 660, de 25 de outubro de 1927, o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado que estabeleceu que não haveria distinção de sexo para o exercício do sufrágio do voto. Dessa forma, em 25 de novembro do mesmo ano, na cidade de Mossoró, o nome de Celina foi incluído na lista de eleitores do Estado. Com isso, Celina foi também a primeira eleitora da América Latina