Bancada feminina defende ratificação de convenção internacional que combate assédio no trabalho

11/02/2022 10h59
Acordo deve ser assinado pelo governo federal e depois encaminhado ao Congresso Nacional

Reprodução da internet (Divulgação)

Bancada feminina defende ratificação de convenção internacional que combate assédio no trabalho

Reunião preparatória para mobilização pela ratificação da Convenção 190 da OIT

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados está mobilizando parlamentares para a ratificação da Convenção 190, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que combate a violência e o assédio no mundo do trabalho. O texto defende o direito das pessoas a um mundo de trabalho livre de violência e assédio, e define, pela primeira vez, em âmbito internacional, o que se entende por esses termos.

A procuradora da Mulher na Câmara, deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), afirma que é preciso fazer uma campanha global. "A OIT está fazendo essa campanha em todo o mundo para mobilizar governos, organizações de empregadores e trabalhadores, sociedade civil e empresas do setor privado, bem como formuladores de políticas, empresas e parceiros", informa a parlamentar.

"A violência e o assédio no trabalho podem assumir diversas formas e causar danos físicos, psicológicos, sexuais e econômicos”, alerta Tereza Nelma.

Iniciativa de empresários - No Brasil, já existe uma campanha de conscientização de empresários em torno desse tema. Em novembro, surgiu a Coalizão Empresarial pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, que deu sinais de esforços para a ratificação da Convenção 190.

Atualmente, a Coalizão conta com 127 assinaturas, sendo 67 empresas de serviços, 30 da indústria, 24 do comércio e 6 organizações do terceiro setor.

Quase 2 milhões de trabalhadores são beneficiados pelas ações da Coalizão, com a conscientização ou ajuda na solução de algum caso ou criação de canais de denúncias para violências de gênero e formulação de políticas internas.

Adesão do Brasil - O Poder Executivo deve assinar a convenção e encaminhar ao Congresso Nacional uma mensagem para ratificação. Em março, a Secretaria da Mulher promove ato pela ratificação, como parte da programação da campanha Março Mulher

A Constituição determina que acordos internacionais assinados pelo governo brasileiro devem ser chancelados pelo Congresso Nacional antes de entrar em vigor. Por isso, Tereza Nelma explica que é importante sensibilizar os parlamentares.

A Secretaria da Mulher vai apresentar à bancada feminina o conteúdo da Convenção sobre Violência e Assédio no Trabalho, que entrou em vigor em junho de 2021. Até o momento, 10 países aderiram à Convenção: Argentina, Equador, Fiji, Namíbia, Somália, Uruguai, Grécia, Ilhas Maurício, Itália e África do Sul, mas em apenas três países a Convenção 190 está em vigor. 

Reunião preparatória - Na quinta-feira (10/02), a Secretaria da Mulher promoveu reunião preparatória ao ato que será realizado em março.  

Pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), a vice-presidente Luciana Paula Conforti, juíza do Trabalho, apresentou indicadores dos diversos tipos de violência no trabalho, pontuou que a Convenção da OIT não é um acordo isolado, mas decorre de outras ações, programas e tratados internacionais de defesa dos direitos humanos, e destacou a importância da ratificação como instrumento que conceitue e defina as práticas de violência no trabalho para melhor ação do Judiciário. 

Pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Adriane Reis de Araújo, coordenadora nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho, destacou pesquisas que comprovam a gravidade dos indicadores de assédio e violência no mundo do trabalho e exemplificou medidas que podem ser desenvolvidas para combater essas práticas nocivas.   

Pela Consultoria Legislativa da Câmara, o consultor Nilton Paixão explicou como se dá o processo de tramitação de uma Convenção ou Tratado: “são três fases, sendo que a primeira e a última cabem ao Poder Executivo; e, o momento intermediário, ao Legislativo. Primeiro, o governo assume o compromisso e envia sua proposta ao Legislativo. Então, a Câmara elabora Projeto de Decreto Legislativo que passa por Comissões e Plenário, tanto na Câmara como no Senado. Após aprovação do Decreto Legislativo, o presidente do Congresso Nacional promulga e encaminha autógrafos documentados ao Executivo, que aí, sim,  ratifica mediante publicação no Diário Oficial da União para, depois, encaminhar a documentação formal à OIT“, esclareceu o consultor.

Da reunião, participaram parlamentares, assessorias, representantes da Anamatra e do MPT e de empresas e institutos como a Natura CO e o Instituto Avon, parceiros da campanha pela Coalizão Empresarial. 

Confira a íntegra da reunião no canal Youtube da Secretaria da Mulher.

 

11/02/2022 - Ascom - Secretaria da Mulher, com Agência Câmara de Notícias