Crachás funcionais inutilizados serão reciclados


O Departamento de Polícia Legislativa (Depol) vai doar crachás antigos para serem reciclados pela Cooperativa de Catadores. A iniciativa do servidor Waldomiro Bastos do Depol demonstra que, pouco a pouco, uma consciência ecológica coletiva surge na Casa, o que é o objetivo principal do Ecocâmara.


Os crachás são confeccionados em PVC, material que gera poluentes orgânicos ao serem queimados e poluem o ambiente ao serem abandonados na natureza, por sua enorme persistência.

 

PVC – duas visões

A reciclagem do PVC não é uma novidade. Historicamente, ela acontece desde o começo da sua produção. No entanto, só tomou impulso de forma mais organizada com os movimentos ecológicos nos países desenvolvidos.


O PVC é mais utilizado em produtos de longa duração, como tubos e conexões, fios e cabos para a construção civil. O longo ciclo de vida útil dos produtos de PVC termina por ampliar o tempo necessário para que se tornem resíduos.


No Brasil, a taxa de reciclagem do PVC tem crescido ano após ano. O Brasil numa posição de vanguarda em termos de reciclagem de plástico, atrás apenas da Alemanha e da Áustria. Nesses países a reciclagem termina por ser uma atividade fortemente ligada à existência de leis e políticas de gerenciamento de resíduos sólidos.


Aplicações do PVC reciclado

O PVC reciclado tem diversas aplicações como tubos de esgoto e eletrodutos, em reforços para calçados, juntas de dilatação para concreto, perfis, cones de sinalização, solados, laminados flexíveis, mangueiras para jardim, estrados, etc. Entretanto, as legislações e normas técnicas no mundo todo, proíbem o uso de plástico e outros materiais reciclados em embalagens que fiquem em contato com alimentos e remédios, transporte de água potável e artigos médico-hospitalares, porque nem sempre se conhecem a origem dos resíduos e seus processos não garantem completa descontaminação.

 

Tipos de Reciclagem

Existem três tipos de reciclagem e o PVC pode ser utilizado em cada uma delas, que tem sempre uma finalidade específica. A reciclagem mecânica que transforma o material em grânulos para a fabricação de outros produtos; a energética que com o uso de incinerador de altíssimas temperaturas e severos controles de emissões, garantindo perfeita harmonia com o meio ambiente e; a reciclagem química, processo tecnológico que converte os resíduos plásticos em matérias-primas petroquímicas básicas (retorno à origem).

 

Reciclando o perigo

Porém, há um outro lado da questão. Muitos especialistas afirmam que a fabricação e a utilização de PVC apresentam perigos substanciais e únicos tanto à saúde humana como ambiental, incluindo a reutilização. Em praticamente todas as nações européias, determinados empregos de PVC foram totalmente eliminados por razões ambientais. Firmas industriais e comerciais anunciam medidas para reduzir o consumo de PVC e estão usando ou produzindo materiais alternativos numa ampla variedade de setores produtivos.


O PVC consome em torno de 40% de toda a produção de cloro, ou aproximadamente 16 milhões de toneladas de cloro/ano em todo o planeta, representando o maior produtor, em volume, de organoclorados.


A formação de subprodutos organoclorados perigosos começa com a produção do gás cloro. E mais subprodutos são criados e liberados no ambiente durante a incineração de resíduos perigosos. Subprodutos da produção de PVC são altamente persistentes, bioacumulativos e tóxicos.


Persistência é o tempo que a substância resiste à degradação natural. Bioacumulação significa que a substância é lipossolúvel e conseqüentemente imiscui-se nos tecidos dos seres vivos podendo provocar câncer, disfunção do sistema endócrino, lesões no aparelho reprodutivo, lesões no desenvolvimento infantil e defeitos de nascimento, lesões ao cérebro ou em suas funções e supressão do sistema imunológico, sendo portanto, altamente tóxicos.


Em suma: os precursores, os aditivos e os subprodutos presentes no ciclo-de-vida do PVC já estão presentes nos ambientes de produção, local e globalmente, em níveis inaceitavelmente altos. Esforços para reduzir a produção e liberação destas substâncias deveriam ser prioridades para as saúdes pública e ambiental.


A verdade é que, até que se chegue a um entendimento, o que podemos fazer é utilizar de forma racional o PVC e fazer a nossa parte reciclando tudo o que pode poluir nosso planeta.

 

Texto produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados - dia 04/03/07