Itabira: "Cidade do Ferro" vive futuro incerto com a possibilidade do fim do minério
Conhecida como “Cidade do Ferro”, Itabira é o berço da Companhia Vale do Rio Doce, chamada atualmente de Vale. A empresa foi criada, há mais de meio século, para extrair do local a hematita, minério com altíssimo teor de ferro. A exportação do ferro para vários países é a base da economia do município. "Aproximadamente 60% da renda da cidade vêm da atividade minerária", informa o prefeito, João Izael.
No entanto, projeções indicam que em no máximo 50 anos as reservas de ferro encontradas em Itabira estarão esgotadas. Dessa forma, os dirigentes necessitam pensar em alternativas para a economia local. Uma das apostas é investir na transformação da cidade em polo de formação de mão de obra para a área tecnológica. "A criação de uma universidade voltada para esse segmento será uma das formas de enfrentar a situação do fim das minas", avalia Izael.
Impacto ambiental
As marcas da retirada do minério em Itabira são visíveis de qualquer ponto da cidade. Um sobrevoo de helicóptero, contudo, é capaz de revelar o que há por trás das montanhas de aparência cinzenta da região: enormes e profundas crateras escavadas ao longo de décadas de exploração do ferro no município.
A grandiosidade dos buracos é tanta que imensas máquinas quase se perdem dentro deles enquanto trabalham. Com o passar do tempo, a Serra da Ferrugem, em Conceição do Mato Dentro, nova "menina dos olhos" da mineração no estado, provavelmente dará lugar a um cenário semelhante ao de Itabira.
História recriada
Uma curiosa história envolve os dois maiores símbolos de Itabira: o ferro e Carlos Drummond de Andrade. A casa branca conhecida como Fazenda do Pontal, onde o poeta passou parte da infância, foi desmontada pela Vale em 1973. O local foi ocupado por uma barragem construída para lavar o minério. Três décadas depois, a companhia remontou a casa em um lugar próximo do original, em homenagem ao artista.
Atualmente, a Fazenda do Pontal é um ponto turístico e cultural, mas, das janelas, a paisagem não é nada poética: o lago de rejeitos da extração do ferro.
* Reportagem produzida em parceria entre a TV, a Rádio e a Agência Câmara.
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