Comissão Externa que acompanha as investigações dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes se reúne com Ministério Público e Polícia Civil
A Comissão Externa instalada pela Câmara dos Deputados a fim de acompanhar a investigação do assassinato de Marielle e Anderson, ocorrida há 161 dias no Rio de Janeiro, esteve reunida hoje com o Ministério Público do Estado e com a Polícia Civil a fim de discutir o andamento das apurações, a possibilidade de federalização do caso, os vazamentos de informações sensíveis à imprensa e seus riscos ao andamento dos trabalhos.
Até então, o MPE não havia se pronunciado em relação ao papel que desempenharia durante os trabalhos, sendo esta a primeira vez em que foi possível reunir os órgãos do estado em uma mesma reunião.
Questionados sobre as declarações do ministro da Segurança Pública, Raul Jungamnn, tanto o MPE quanto a Polícia Civil foram categóricos em afirmar que a Polícia Federal já participa das investigações através de apoio técnico, que o fato de haver uma intervenção na segurança do estado já funciona como uma forma de federalização, e que acham estranhas as falas de Jungmann. Giniton, delegado à frente das investigações, afirmou que a Polícia Civil dará as respostas ao caso, apontando os responsáveis, mandantes e suas motivações, mas sem especificar um prazo dada a complexidade. Afirmou também que nenhuma das cerca de vinte pessoas trabalhando diretamente no caso foi responsável por vazamentos, e que estes partiram de terceiros, a partir de meras e irresponsáveis especulações. Nenhuma das linhas de investigação teria sido, portanto, descartada, como alegou a imprensa até o momento, embora algumas dessas linhas já tenham sido exauridas.
Uma das constantes reclamações da Comissão Externa, relativa à extrema dificuldade em obter informações, foi alvo de um compromisso do MPE e da Polícia Civil em realizar mais reuniões e aumentar a transparência dos trabalhos, na medida em que a confidencialidade necessária não seja ameaçada.
Ao término da reunião, o coordenador da Comissão Externa, deputado Jean Wyllys, declarou que o requerimento que solicita a transferência da competência das investigações para a Polícia Federal será deliberado na próxima reunião do colegiado a partir das novas informações coletadas durante o encontro de hoje. "O MPE e a Polícia Civil são contra a federalização e acreditam que obterão respostas sobre quem mandou matar, quem matou e por que matou, mas eu não posso dizer que estou convicto, com base nesta reunião, de que não tenha que haver a transferência de competência", afirmou o deputado. "A novidade do caso é que o MPE, através de sua nova promotora, vai pedir que o GAECO, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, participe também das investigações, no entanto, os demais membros ainda terão que deliberar em relação ao pedido dirigido ao STJ para que transfira à Polícia Federal a competência sobre as investigações", concluiu.
Estiveram presentes, além do coordenador, Jean Wyllys, a vice coordenadora, Jandira Feghali, e os deputados Glauber Braga (relator) e Chico Alencar.