Presidente do BC diz que estratégia para conter a inflação é manter a alta de juros

O presidente do Banco Central do Brasil (BACEN), Alexandre Antonio Tombini, falou sobre as diretrizes e perspectivas das políticas monetárias, sobre o cambio e apresentou balanço do primeiro semestre de 2013. O presidente do BC reconhece que a inflação ainda está em níveis desconfortáveis, mas já apresenta tendência de declínio. Para Tombini, o BACEN deve continuar utilizando o rol de instrumentos para reduzir os riscos à estabilidade econômico-financeira do País. Ele afirmou ainda, que o governo manterá as ações para conter a alta do dólar após decisão do Federal Reserve (Fed), o BC dos Estados Unidos, que anunciou nessa quarta-feira (18) que vai continuar com o programa de estímulos à economia que prevê gastos de 85 bilhões de dólares mensais em compra de títulos.
25/03/2011 16h10

No entanto, ressaltou que a estratégia da autoridade monetária brasileira para conter a alta dos preços e segurar a disparada do dólar mostrou resultado e afirmou que o impacto do câmbio na inflação será limitado. O IPCA acumulado em 12 meses fechados em agosto desde ano chegou a 6,09%.
— A inflação, embora ainda se mostre num patamar desconfortável, já mostra declínio. O câmbio tem impacto sobre os preços relativos. No médio e longo prazo, esse movimento beneficiará a economia. Mas a condução adequada da política monetária vai limitar o efeito do câmbio para a inflação. O BC entende que o combate à inflação vai contribuir.

Ele lembrou que a taxa básica de juros (Selic), hoje em 9% ao ano, já foi bem mais alta em momentos de crise, chegando a 45% ao ano. Destacou que nos últimos anos o Brasil mudou e foram criadas condições para que a taxa fosse menor e isso tem a ver com a responsabilidade fiscal, a redução da vulnerabilidade do país e o crescimento da bancarização.

Diante da explanação de Tombini, o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara, deputado Edinho Bez (PMDB-SC), indagou sobre a política de uso da taxa básica de juros para controlar a inflação. “Quais as possibilidades do BC de intervir nas administradoras de cartões, favorecendo o alto índice de endividamento dos consumidores”. Tombini respondeu que a elevação ou redução da taxa Selic é “um dos instrumentos” à disposição da instituição para controlar os índices inflacionários.

Edinho Bez quis saber também, se o banco tem os números o montante de cheques sem fundos emitidos no país, o presidente do BACEN de pronto disse, que é de R$ 360 milhões.

O presidente do BC também ressaltou aos congressistas que, ainda que outros segmentos como o de serviços, tenham apresentado elevação de preços recentemente, a inflação dos alimentos é a que está no “imaginário” da população.
No mercado de câmbio, o BC passou a atuar mais vezes nos últimos tempos oferecendo dólares por meio do mecanismo conhecido como swap (troca) cambial. O objetivo é conter aumentos excessivos do dólar devido ao crescimento da demanda pela moeda norte-americana, que chegou a ser cotada a R$ 2,45 em agosto.

Tombini admitiu que a inflação ainda opera num patamar desconfortável, mas afirmou que a autoridade monetária está comprometida com o combate à alta dos preços para que o crescimento da economia ocorra de maneira sustentada. Ele destacou que os índices estão operando acima do teto da meta fixada pelo governo, de 4,5%, porque foram impactados por um choque nos preços de commodities e também pelo câmbio.

Críticas

O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) afirmou que as críticas ao desempenho da economia está baseada na percepção dos cidadãos. Ele citou a balança comercial negativa e a redução da participação da indústria na formação do PIB, como indicativos da falta de sustentabilidade das finanças nacionais.

Conforme Tombini, a política econômica brasileira está pautada na sustentabilidade e na prudência. “De nada adianta política com efeito fugaz que crie a semente de problemas no futuro”, declarou.

Inflação

O chefe da autoridade monetária brasileira reconheceu que a inflação ainda está em níveis “desconfortáveis”, mas já apresenta tendência de declínio após o pico de junho, quando chegou a 6,7% em 12 meses, ultrapassando o teto da meta do governo federal, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Imposição constitucional

A audiência pública semestral com o presidente do Banco Central é uma obrigação prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000). A audiência pública foi promovida em conjunto pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Finanças e Tributação da Câmara; e pelas comissões de Assuntos Econômicos e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado; e pela Comissão Mista de Orçamento.