Presidente da CFFC cobra respostas da Petrobras para os problemas socioeconômicos gerados pela Operação Lava Jato

Em debate realizado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, no último dia 11 de junho, sobre os impactos da Operação Lava Jato na economia e no índice de empregos, o deputado Vicente Cândido, presidente da Comissão, cobrou da direção da Petrobras mais responsabilidade quanto ao seu papel social. O deputado mostrou grande preocupação com a falta de repostas concretas da empresa para os problemas socioeconômicos gerados pela Operação Lava.
25/03/2011 16h10

O deputado disse que a Petrobras precisa abrir espaço para o contraditório e que por trás da crise existem seres humanos perdendo emprego. “O mundo que diretores do Petrobras nos mostra no power point é muito diferente [do mundo real]. A conta não fecha, não está tão tranquilo assim”, disse ao rebater afirmações do gerente-executivo da empresa, Ivalnido de Almeida e Silva, que afirmou que “nenhum contrato com empresas foi rescindido por fatos decorrentes da Operação Lava Jato, mas pelo desempenho delas.” E que “muitos trabalhadores perderam emprego porque a obra acabou. Com Operação Lava Jato ou não, isso aconteceria.”

O deputado Vicente Cândido falou da importância da Petrobras para a economia brasileira, lembrando que só o setor de óleo e gás representa cerca de 15% do PIB. Ele lembrou que desde que a Comissão que debate o tema da Lava Jato foi instalada “está procurando alertar o Congresso e a nossa Bancada, o governo, de que a Operação Lava Jato poderia levar o Brasil à recessão. "E aqui vai a crítica ao governo do meu partido de que não tivemos a 'sala de crise' para tratar a crise, de um lado, e a vida real, do outro lado, em relação ao crescimento econômico, aos programas sociais e aos investimentos. Parece que o Brasil se resumiu só na questão da Lava Jato, mas há outra agenda", disse, dando como exemplo o programa de concessões, lançado recentemente.

O deputado falou também que está sendo proposta alterações no texto da Lei Anticorrupção para, segundo ele, “dar mais segurança jurídica para que as empresas façam os acordos de leniência, na linha de preservar os empregos”.

O presidente da Subcomissão da Lava Jato, deputado Jorge Solla – que presidiu boa parte da  sessão – manifestou preocupação com possíveis perdas de oportunidades na exploração do pré-sal.

De acordo com o parlamentar, a falta de respostas da Petrobras e dos agentes financiadores, como o BNDES, geram rumores de retrocesso, como de fim do contrato de partilha e a substituição do privilégio do comércio pela contratação internacional, sobretudo de empresas da China.

Participaram do debate: Ariovaldo Santana da Rocha, presidente do Sinaval; Carlos Henrique Passos, presidente do Sindicato da Indústria da Construção da Bahia;  Humberto Rangel, do Estaleiro Enseada; e Deyvid Bacelar, presidente do Sindipetro/BA.

Visita técnica à Petrobras – Após a ausência do presidente da Petrobras, Ademir Bendine na audiência, os deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle decidiram fazer uma visita técnica à empresa para cobrar o resgate dos compromissos socioeconômicos da estatal. Os parlamentares estão preocupados com a redução dos investimentos da Petrobras e a consequente crise gerada em empresas com as quais a estatal mantém contratos. Aldemir Bendine enviou representante para a reunião o gerente-executivo da empresa, Ivalnido de Almeida e Silva.

A visita técnica à Petrobras deve ocorrer no dia 19, no Rio de Janeiro. Além dos deputados e da cúpula da estatal, a mesa redonda deverá contar com representantes dos trabalhadores e das indústrias naval e da construção civil.