Planalto retomará negociações para indenizar desalojados de Sobradinho
Após mais de 30 anos de espera, 230 famílias que foram desalojadas com a construção da Barragem de Sobradinho, na Bahia, ganharam uma nova esperança de enfim serem indenizados. Em audiência pública realizada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), nesta quinta-feira (10), a Secretaria Geral da Presidência da República comprometeu-se a dar uma resposta até o final do mês sobre quais alternativas de acordo extrajudicial poderão ser negociadas.
"Ainda neste mês vamos chamar os órgãos envolvidos, a Chesf, AGU, ministérios do Planejamento e Integração, fazer uma reunião em nível de governo, e depois com representações da comunidade apresentando as possibilidades efetivas, soluções possíveis. Vamos nos empenhar para que os órgãos falem a mesma língua para minimizar esse ônus social", disse José Tadeu Almeida, secretário-adjunto de Diálogos Sociais da Secretaria-Geral da Presidência da República.
O deputado federal Jorge Solla (PT-BA), autor do requerimento de convocação da audiência, destacou a importância da vontade política para acabar com o "jogo de empurra" que vem se alongando nos últimos anos sobre a responsabilidade de negociar a dívida.
"Se do ponto de vista jurídico o réu é a Chesf, empresa de economia mista, quem indica a direção da Chesf é o governo federal: é seu acionista majoritário, escolhe seus dirigentes. A capacidade de mediação e decisão é muito forte por parte da Presidência da República", cobrou Solla.
O deputado recorda que seu primeiro emprego na saúde pública foi na região de Sobradinho, em 1987. "Havia situações extremamente graves do ponto de vista de como foram relocadas essas populações, com grandes prejuízos não só do ponto de vista econômico, mas de condições de vida", recorda.
O presidente da Associação dos Moradores dos Povoados Atingidos pela Barragem de Sobradinho (AMOPOABS), José Gomes de Souza, destacou que a Chesf, responsável pela construção da barragem de Sobradinho, se nega a firmar um acordo, mesmo com propostas de parcelamento e redução de juros.
"Eles dizem que só vão pagar quando sair decisão judicial, que a gente aguarda há mais de 30 anos e não tem perspectiva de quando vai sair. Eles acham mais fácil não pagar ninguém e esperar que todos morram. Estão quase lá, 60% já morreram", lamenta.