Para Tombini, 2015 é um ano de transição, com vistas à recuperação da credibilidade do País
Na avaliação do presidente do BC, os estímulos fiscais adotados pelo governo a partir de 2011 não conseguiram manter o crescimento econômico, tendo, ao contrário, afetado a situação fiscal do País, obrigando o governo, agora, a fazer o ajuste fiscal.
Apesar de ter destacado que a economia mundial enfrentou, a partir de 2008, a pior crise de sua história nos últimos 80 anos, e que, ainda assim, o Brasil conseguiu crescer 20% entre 2008 e 2014, ele reconheceu que a política macroeconômica usada no governo Dilma Rousseff ficou abaixo dos resultados esperados.
“As mesmas políticas que funcionaram em 2008, os estímulos, não produziram o crescimento nos últimos dois anos, mas acabaram por afetar os fundamentos macroeconômicos, em particular os colchões de proteção que tínhamos na área fiscal”, disse.
Entre as políticas adotadas pelo governo estavam o uso dos bancos públicos para concessão de empréstimos à iniciativa privada, a redução da taxa básica de juros da economia (Selic) e a desoneração da folha de pagamento das empresas, este último fator responsável pela redução da arrecadação federal.
Para Tombini, esse é um ano de transição, de um modelo de estímulos fiscais para a economia, ao ajuste das contas públicas para a recuperação da credibilidade do País.
Mostrando otimismo, o presidente do BC disse que o Brasil está sendo preparado para um novo ciclo de crescimento econômico sustentável. “É imperativo fazer esse ajuste agora senão vamos patinar quatro anos ou mais”, afirmou.
Inflação
Durante a audiência pública, o presidente do BC afirmou que em dezembro de 2016 a inflação, medida pelo IPCA vai convergir para a meta oficial, que é de 4,5% ao ano. Pelo último dado divulgado pelo IBGE, a inflação anualizada em abril estava em 8,17%. O mercado avalia, segundo levantamento do próprio BC, que o centro da meta só será alcançado em 2018.
Tombini disse aos deputados e senadores que o aumento da inflação é provocado por dois fatores independentes: a alta do dólar no mercado internacional, que acaba sendo repassada aos preços internos, principalmente dos importados; e os reajustes de preços administrados, como de luz e combustíveis, que vêm ocorrendo desde o ano passado.
Efeitos da Operação Lava Jana na economia - O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Vicente Cândido, ressaltou a boa expectativa de crescimento econômico ainda para o fim de 2015 e uma retomada “mais robusta no ano que vem”. E lembrou que, em 2008, os créditos disponíveis nos bancos públicos foram fundamentais para garantir o crescimento econômico e distribuição de renda.
O deputado fez um paralelo entre o ano de 2008 e este ano. Ele disse que estamos vivendo um período muito parecido, com a Operação Lava Jato no epicentro da crise - sobretudo para o setor de óleo e gás -, defendendo a adoção de acordos de leniência entre o governo e as empresas envolvidas no caso. “Acho difícil retomar o crescimento sem que se resolva o problema das empresas que foram atingidas pela Operação. A retomada do crescimento no setor de óleo e gás, que representa 15% da economia brasileira, é relevante para o Brasil. Um olhar diferenciado do governo e das autoridades monetárias, nesse caso, ajudaria muito”, defendeu.