Graça Foster reafirma que Pasadena para a atualidade foi um mau negócio, mas que na época era “potencialmente bom”

As comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Minas e Energia (CME) ouviram, na quarta-feira (30), a presidente da Petrobras, Graça Foster, que prestou esclarecimentos sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA) que teria ocasionado perdas contábeis superiores a 500 milhões de dólares à estatal brasileira.
25/03/2011 16h10

Milena Feitosa

Graça Foster reafirma que Pasadena para a atualidade foi um mau negócio, mas que na época era “potencialmente bom”

A reunião foi conduzida pelo presidente da CFFC, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) que de comum acordo com o colegiado fixou o tempo de audiência em quatro horas.

Graça Foster voltou a afirmar que nem na documentação apreciada pelo Conselho de Administração nem na apresentação feita pela área internacional, não mencionaram as cláusulas “Put Option” e “Marlim”, como também não citaram a intenção de compra dos 50% remanescentes de Pasadena. Ela disse ainda que, na época o negócio se apresentava como “potencialmente bom”, mas para o atual cenário econômico de fato se caracteriza como um mau negócio.

Deputados da oposição afirmaram que o discurso da presidente foi contraditório, uma vez que, quando esteve no Senado deixou bem claro que a compra de Pasadena foi um mau negócio e agora na Câmara já parece que foi um bom negócio.

Vanderlei Macris (PSDB-SP), deputado autor do requerimento de convite à Graça Foster, chegou a afirmar que a presidente e o governo federal estão tentando afinar o discurso com medo do que o ex-presidente da Estatal, Sérgio Gabrielli, poderá dizer.

O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), afirmou que o governo está manipulando os números e “está contaminado pela contabilidade criativa”. Ele voltou a afirmar que a própria presidente Dilma Rousseff disse que se soubesse das duas cláusulas do contrato não teria assinado.

Em relação ao desconhecimento das cláusulas “Put Option” e “Marlim”, o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) ressaltou ser obrigação da diretoria, assim como da presidente Dilma, que na época presidente do conselho administrativo da Petrobras, o conhecimento das cláusulas e que o fato de desconhecer não a exime da responsabilidade.

Já o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) indagou a presidente se a mesma é a favor da CPI. Foster se reservou a não responder a indagação por achar incompatível com seu cargo tais afirmações ou negações, mas que a Petrobras está à disposição para quaisquer esclarecimentos e comparecer ao Congresso sempre que for solicitado.

 Deputados do PT defenderam as explicações da presidente da Petrobras e disseram que os questionamentos da oposição tem objetivos eleitorais. Segundo o deputado Renato Simões (PT-SP) há um terrorismo político, econômico e midiático sobre a aquisição da refinaria de Pasadena (EUA). “É evidente que a CPI da Petrobras está a serviço de enfraquecimento de nosso projeto político e econômico”, afirmou. Ele disse que a oposição apenas repete notícias de jornais e não ouve as respostas e análises trazidas por Graça Foster. “Estamos fazendo interpretação de texto e não análises de dados”.

O presidente da CFFC, Hugo Motta, agradeceu a presença da Graça Foster e a compreensão dos pares para o bom andamento dos trabalhos e parabenizou a convidada por seu excelente preparo técnico e finalizou afirmando torcer pelo sucesso da Petrobras, uma vez que, “é uma empresa de grande representatividade para a economia do nosso país”.