Delegado: desvio de verbas no PR não teve atuação de políticos

O delegado da Polícia Federal (PF) Fabiano Bordignon afirmou nesta terça-feira, na Câmara, que não houve atuação de políticos no esquema de desvio de verbas do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) no Paraná. Ele participou de audiência pública para discutir denúncias de envolvimento, no episódio, da Agência de Desenvolvimento Educacional e Social Brasileira (Adesobrás) e do Instituto Brasileiro de Integração de Desenvolvimento Pró-Cidadão (Ibidec), organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips) com sede em Curitiba.
25/03/2011 16h10

- Agência Câmara

Segundo o delegado, essas Oscips criaram consultorias como um estratagema para desviar R$ 18,95 milhões do Pronasci de 2004 a 2010, por meio de contratos fictícios e notas fiscais falsas. Ele não citou os nomes dos envolvidos, pois a ação sobre o caso corre em segredo de Justiça.

Autor do pedido de realização da audiência, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) informou que, apesar das declarações do delegado, vai pedir a lista dos funcionários da Adesobrás e do Ibidec para verificar se existe alguma relação com políticos, principalmente locais.

Investigação em parceria


Bordignon destacou que uma parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), que mandou para a PF cópias das denúncias sobre o caso, foi fundamental para aprimorar as investigações. Ele informou que a apuração começou em fevereiro de 2010 e terminou em abril deste ano.

De acordo com o secretário de Controle Interno da CGU, Valdir Agapito Teixeira, as Oscips serão descredenciadas para entrar em parcerias com o Poder Público. Ele disse que a Controladoria registrou “uma confusão” entre o Ibidec e a Adesobrás. “Eram as mesmas pessoas e o mesmo modo de operação”, contou. Segundo a imprensa do Paraná, há suspeitas de que a Adesobrás teria sido criada como alternativa ao Ibidec, acusado de irregularidades em convênios com prefeituras entre 2003 e 2005.

Cátia Gonçalves, representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública, informou que os esclarecimentos apresentados pelas entidades ainda estão sob análise. Ela disse ter visitado as sedes das Oscips e questionado a aquisição, por elas, de bens permanentes com recursos públicos, o que não é permitido.

A audiência foi promovida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.